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Samylla Veras Teixeira

OFICINAS TERAPÊUTICAS REALIZADAS EM UMA UNIDADE DE ACOLHIMENTO ADULTO

Atualizado: 11 de ago.

THERAPEUTIC WORKSHOPS CONDUCTED IN AN ADULT CARE UNIT

 

Informações Básicas

  • Revista Qualyacademics v.2, n.4

  • ISSN: 2965-9760

  • Tipo de Licença: Creative Commons, com atribuição e direitos não comerciais (BY, NC).

  • Recebido em: 18/07/2024

  • Aceito em: 21/07/2024

  • Revisado em: 26/07/2024

  • Processado em: 29/07/2024

  • Publicado em 30/07/2024

  • Categoria: Relato de Experiência


 




Como referenciar esse artigo Teixeira (2024):


TEIXEIRA, Samylla Veras. Oficinas terapêuticas realizadas em uma unidade de acolhimento adulto. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 4, 2024; p. 84-93. ISSN: 2965-9760 | DOI: doi.org/10.59283/unisv.v2n4.006



Autora:


Samylla Veras Teixeira

Especialista em Saúde da Família e Comunidade (ESP/CE), graduada em Odontologia (UNILEÃO). – Contato: E-mail: samyllaodonto@hotmail.com




RESUMO

 

O artigo relata a experiência de profissionais em uma Unidade de Acolhimento Adulto em Fortaleza, CE, com o objetivo de promover a educação em saúde e proporcionar momentos de escuta e acolhimento por meio de oficinas terapêuticas. A metodologia adotada foi um relato de experiência vivenciado por uma assistente social e uma cirurgiã-dentista, residentes na Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade. As atividades ocorreram entre abril e maio de 2019. A justificativa para a realização das oficinas terapêuticas está na importância de trabalhar com abordagens leves e multidisciplinares dentro das Unidades de Acolhimento. Essas atividades são essenciais para contrabalançar a rigidez da estrutura institucional, proporcionando um espaço de liberdade de expressão que é fundamental para o bem-estar emocional e social dos indivíduos acolhidos. As oficinas visam melhorar a qualidade de vida, promover a autonomia e facilitar a reintegração social dos internos, muitos dos quais enfrentam desafios relacionados ao uso de substâncias psicoativas e situações de vulnerabilidade social e/ou familiar. Os resultados das oficinas foram altamente positivos e impactantes. Observou-se um elevado nível de participação e interesse por parte dos internos, que demonstraram concentração e dedicação na realização das atividades propostas. As oficinas melhoraram significativamente a comunicação e a interação entre os internos e a equipe de saúde, possibilitando um cuidado mais eficaz e personalizado. Além disso, as atividades proporcionaram uma maior capacidade de autoexpressão, resultando em melhorias perceptíveis na paciência, calma e bem-estar emocional dos internos. A abordagem holística das oficinas, integrando aspectos físicos, mentais e sociais da saúde, foi fundamental para criar um ambiente terapêutico completo e inclusivo, promovendo o desenvolvimento pessoal e a recuperação de maneira integrada e sustentável.

 

Palavras-chave: Unidade de Acolhimento; Oficinas Terapêuticas; Educação em Saúde.

 

ABSTRACT

 

The article reports on the experience of professionals in an Adult Care Unit in Fortaleza, CE, aiming to promote health education and provide moments of listening and welcoming through therapeutic workshops. The methodology adopted was an experience report by a social worker and a dentist, residents in the Multidisciplinary Residency in Family and Community Health. The activities took place between April and May 2019. The justification for conducting the therapeutic workshops lies in the importance of working with light and multidisciplinary approaches within the Care Units. These activities are essential to counterbalance the rigidity of the institutional structure, providing a space for freedom of expression, which is fundamental for the emotional and social well-being of the individuals in care. The workshops aim to improve quality of life, promote autonomy, and facilitate the social reintegration of the residents, many of whom face challenges related to substance use and situations of social and/or family vulnerability. The results of the workshops were highly positive and impactful. A high level of participation and interest was observed among the residents, who demonstrated concentration and dedication in the proposed activities. The workshops significantly improved communication and interaction between the residents and the health care team, enabling more effective and personalized care. Additionally, the activities provided a greater capacity for self-expression, resulting in noticeable improvements in the residents' patience, calmness, and emotional well-being. The holistic approach of the workshops, integrating physical, mental, and social aspects of health, was fundamental in creating a comprehensive and inclusive therapeutic environment, promoting personal development and recovery in an integrated and sustainable manner.

 

Keywords: Care Unit; Therapeutic Workshops; Health Education.

 

1. INTRODUÇÃO

 

A Unidade de Acolhimento (UA), estabelecida pela Portaria nº 121 de 2012, oferece suporte a indivíduos enfrentando desafios decorrentes do uso de substâncias como crack, álcool e outras drogas (BRASIL, 2012). Estas unidades desempenham um papel vital no sistema de saúde pública ao abordar a complexa interseção entre dependência química, saúde mental e vulnerabilidade social. O principal foco da UA é na prevenção, promoção da saúde, tratamento e redução de riscos associados ao consumo de substâncias psicoativas. Funcionando como parte integrante da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), a UA é projetada para acolher voluntariamente indivíduos que recebem acompanhamento de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Este acolhimento é especialmente importante para aqueles em situação de vulnerabilidade social e/ou familiar, que necessitam de cuidados terapêuticos e proteção (BRASIL, 2012).


As unidades de acolhimento têm caráter transitório, significando que oferecem um tempo máximo de permanência. Em conjunto com outros pontos da rede de atenção psicossocial, as UAs facilitam não apenas o acolhimento, mas também a continuidade dos cuidados em saúde, garantindo uma rede de suporte robusta e integrada (BRASIL, 2012; ALMEIDA; CUNHA, 2021). A UA que se refere este estudo é destinada a pessoas maiores de 18 anos, de ambos os sexos, que estão em um período de vulnerabilidade social e/ou familiar e precisam de apoio, acompanhamento terapêutico e proteção temporária (BRASIL, 2012).


As oficinas terapêuticas, dentro deste contexto, emergem como um recurso fundamental de cuidado em saúde. Elas se caracterizam como um espaço de criação, ampliação e desenvolvimento de habilidades, proporcionando liberdade de expressão, sentimentos, emoções, produção de autonomia dos usuários e promoção do exercício da cidadania (AZEVEDO; MIRANDA, 2011; FARIAS et al., 2016).


Acredita-se que tais oficinas desempenham um papel multifacetado, não apenas promovendo habilidades práticas e criativas, mas também facilitando processos de autocuidado e resiliência. As oficinas terapêuticas fazem parte das formas de acolhimento, convivência e mediações de diálogo. A presença dessas atividades é crucial para a rede de atenção psicossocial, pois permitem a projeção de conflitos internos e externos, facilitando uma maior aproximação e vínculo com o usuário. São espaços que propõem a produção e manejo da subjetividade e a reconstrução de vínculos previamente fragilizados.


Além disso, os grupos terapêuticos são vistos como momentos e espaços para reflexão e promoção da saúde, facilitando a troca de vivências entre pessoas que antes não encontravam semelhanças em suas histórias. Estes grupos promovem espaços de escuta, reflexão e empatia, considerando a saúde como um direito compartilhado entre o governo e a sociedade (RIBEIRO et. al., 2020; NUNES et. al., 2020). Trabalhar com abordagens leves e multidisciplinares dentro das Unidades de Acolhimento é de suma importância. Este ciclo de atividades teve como objetivo promover a educação em saúde para os usuários, além de realizar oficinas e grupos coletivos para proporcionar momentos de escuta e acolhimento. A abordagem multidisciplinar é essencial para atender às necessidades complexas dos indivíduos, incorporando diferentes perspectivas e habilidades profissionais para oferecer um cuidado holístico e integrado.

 

2. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

 

Este artigo se trata de um relato de experiência vivenciado por profissionais residentes em uma Unidade de Acolhimento Adulto em Fortaleza, CE. As atividades aconteceram durante os percursos de rede da Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade, sendo os profissionais residentes envolvidos nesta atividade uma assistente social e uma cirurgiã-dentista. O período dessa experiência ocorreu nos meses de abril e maio de 2019.


Inicialmente, foi realizada a territorialização do local para familiarização com os espaços da unidade de acolhimento e compreensão de seu funcionamento. A equipe é composta por enfermeiras, técnicas de enfermagem e auxiliares de enfermagem e, neste período, não havia educador físico, assistente social e psicólogo atuando no serviço.


Quando necessitam de atendimento médico, os internos são encaminhados ao hospital que fica ao lado. O tempo de permanência na UA é de seis meses, porém existem casos em que, após seis meses, a situação não é completamente resolvida ou a pessoa é idosa, sozinha e requer vários cuidados em saúde, permanecendo na unidade por um período maior.


A UA funciona 24 horas, 7 dias por semana, e os internos têm garantidos moradia, alimentação (são seis refeições diárias) e tratamento de saúde. A estrutura física da UA é ampla e viabiliza a formação de grupos terapêuticos que acontecem todos os dias. Os quartos são coletivos, mas separados por alas (feminino e masculino). Ao todo, são 30 vagas, sendo 15 masculinas e 15 femininas. A unidade possui refeitório, copa, banheiros masculino e feminino, sala de atendimento individual, biblioteca (com vários jogos, datashow, livros e um computador que os internos podem usar para ouvir música), uma área de lazer com árvores, plantas e alguns bancos.


Após conhecer os espaços e entender o funcionamento do local, fomos apresentadas pela equipe e iniciamos nossa aproximação. Logo, conversamos com os internos da UA de forma leve e descontraída para saber como eles estavam se sentindo, como foi o dia e o que esperavam da nossa presença e participação durante os dias em que estaríamos lá.


Inicialmente, eles começaram a expor de maneira tímida, devido ao contato recente, as atividades que gostavam de fazer para passar o tempo e treinar habilidades. Pediram muito por oficinas de artesanato, que já tinham o hábito de fazer na UA, pois eram momentos onde podiam se concentrar e passar o tempo. Também pediram jogos e atividades de saúde de forma geral.


De acordo com as demandas, fizemos nossas atividades respeitando sempre a vontade dos internos, mas também levando informações de saúde e outras atividades que consideramos importantes, sempre em comum acordo com a equipe de profissionais da unidade.


Foram realizadas diversas oficinas, dentre elas podemos citar: oficina de artesanato alusiva à Páscoa, onde estimulamos o trabalho manual e a concentração na produção da atividade que envolvia pintura e colagem. O resultado da produção geralmente era guardado para presentear filhos, amigos ou familiares durante os momentos de visita. Também realizamos oficinas sobre percepção e autoestima para estimular os internos a se perceberem com mais cuidado e empatia, resgatando a autoestima. Outra oficina de artesanato foi realizada para o Dia das Mães, onde produziram puxa-sacos e porta-guardanapos para presentear seus familiares no dia de visita (esta atividade foi a pedido deles).


Houve oficinas e rodas de conversa sobre a importância do cuidado em saúde mental, fundamental para o equilíbrio e bem-estar das pessoas em todas as fases da vida. A saúde mental não se limita apenas à ausência de doenças psicológicas, mas engloba a capacidade de lidar com os desafios diários, manter relacionamentos saudáveis, tomar decisões assertivas, entre outros aspectos.


Visando esses aspectos, realizamos atividades com os internos e, após a conversa, fizemos um momento de metodologia ativa onde desenharam um sol. Fora do sol escreviam sentimentos ou atitudes que os faziam mal ou os deixavam tristes, e dentro do sol colocavam atividades que faziam ou atitudes que tinham para se sentirem melhores e mais felizes.


Dentre as atividades de artesanato, realizamos uma oficina de pinturas em tela, onde, através dos desenhos, podiam expressar seus sentimentos e, caso estivessem à vontade para compartilhar, estávamos disponíveis para escuta.


Também foram realizados momentos de jogos interativos como forma de aproximação e tática para formar vínculo (aos poucos iam se sentindo à vontade para falar sobre si, sua história e família).


Realizamos uma oficina de saúde bucal onde distribuímos itens de higiene bucal e orientamos de forma coletiva todas as dúvidas e informações importantes sobre cuidados em saúde bucal. Falamos sobre o impacto do uso de álcool e outras drogas na saúde.


A assistente social fez momentos de orientação e tira-dúvidas acerca dos serviços socioassistenciais. Também realizamos momentos de meditações guiadas para redução de ansiedade, atividade que eles frequentemente pediam, pois se sentiam confortáveis e gostavam desses momentos.


Levamos filmes para assistirmos juntos no espaço da biblioteca da UA. Também levamos músicas que eles nos informaram que gostavam. Tornávamos esse espaço em um local de cuidado, pois através de músicas e/ou filmes expressavam seus anseios, mas também suas alegrias.


Realizamos também momentos de meditação guiada, processo onde os participantes meditam com base nas orientações fornecidas pelo facilitador. Esta atividade tem vários benefícios, como autoconhecimento, melhora na qualidade do sono, redução de ansiedade e melhora na capacidade de concentração.


As tardes de quarta-feira eram reservadas para visita dos familiares na UA. Então, nestes dias optamos por não fazer longos períodos de atividades ou grupos para que pudessem aproveitar ao máximo esse momento de visita e cuidado.


Algumas pessoas recebem visitas semanais de familiares; já outras não recebem visitas de ninguém há meses, o que causa para essas pessoas, no momento da visita, crises de ansiedade ou episódios de tristeza por lembrarem da família e sentirem saudade desse acolhimento familiar, frequentemente experimentando sentimentos emotivos e reflexivos.


Tendo em vista esses aspectos, reservamos as tardes de quarta-feira para estabelecer uma conversa mais próxima e também para conhecer um pouco de seus familiares, seja para escutá-los ou para discutir cuidados de saúde, conforme as necessidades de cada pessoa naquele momento.


Para aqueles que não recebiam visitas há meses, dedicamos tempo e esforço em atividades específicas para tornar menos dolorosa a ausência de seus familiares durante o período de visitação. Nos empenhamos em criar momentos significativos e acolhedores, oferecendo um suporte emocional que vai além dos cuidados médicos, promovendo assim um ambiente mais humano e reconfortante para essas pessoas.


Nosso propósito ao interagir com os internos e familiares era proporcionar um ambiente acolhedor e esclarecedor. A proximidade na comunicação facilitou conversas e orientações em saúde de maneira muito produtiva.


Todos demonstraram grande apreciação e participação em todas as atividades, pois frequentemente enfrentam ansiedade, tristeza e ociosidade, além de pensamentos negativos. Assim, as estratégias utilizadas e os momentos de interação em grupo, cuidado coletivo, conversas individuais e demais atividades citadas contribuíram significativamente para o bem-estar emocional e sensação de acolhimento das pessoas que estavam na UA.

 

3. RESULTADOS

 

Os resultados das oficinas e grupos na unidade de acolhimento foram extremamente positivos e impactantes. Durante as atividades, observou-se um elevado nível de participação e interesse por parte dos internos, que demonstraram concentração e dedicação na realização das atividades propostas. Além de participarem ativamente, os internos contribuíram sugerindo temas de interesse pessoal para serem abordados nas oficinas, o que reforça a vontade e o engajamento deles em participar de todas as atividades e vivências planejadas durante nossa estadia.


Este ambiente estimulante criou um espaço seguro onde os internos puderam expressar seus pensamentos, sentimentos e dúvidas, resultando em uma maior capacidade de autoexpressão. Isso levou a melhorias perceptíveis na paciência, calma e bem-estar emocional dos participantes. As oficinas, ao oferecerem uma plataforma para a expressão emocional, ajudaram os internos a lidarem melhor com suas emoções e a desenvolverem habilidades importantes para sua saúde mental.


Além disso, as oficinas melhoraram significativamente a comunicação e a interação entre os internos e a equipe de saúde da unidade. Essa conexão mais próxima possibilitou um cuidado mais eficaz e personalizado, com uma compreensão mais profunda das necessidades individuais de cada interno. A melhoria na comunicação facilitou o estabelecimento de um ambiente de confiança e colaboração, essencial para o sucesso das intervenções terapêuticas.


A abordagem holística das oficinas, integrando aspectos físicos, mentais e sociais da saúde, foi fundamental para promover um ambiente terapêutico completo e inclusivo. Esta abordagem permitiu que o desenvolvimento pessoal e a recuperação fossem alcançados de maneira integrada e sustentável. As atividades físicas ajudaram a melhorar a condição física e a saúde geral dos internos, enquanto as discussões e atividades mentais promoveram a saúde mental e o desenvolvimento cognitivo. A ênfase nos aspectos sociais das oficinas ajudou a fortalecer os vínculos entre os internos, promovendo um senso de comunidade e apoio mútuo.


Os benefícios dessas oficinas se refletiram não apenas no ambiente interno da unidade, mas também no potencial de reintegração social dos internos. A combinação de expressão criativa, desenvolvimento de habilidades e suporte emocional contribuiu para preparar os internos para uma vida mais equilibrada e saudável fora da unidade. A inclusão de temas relevantes e a adaptação das atividades às necessidades e interesses dos internos foram cruciais para o sucesso dessas oficinas, destacando a importância de uma abordagem centrada no paciente em ambientes de acolhimento e cuidado.


Os resultados das oficinas terapêuticas na unidade de acolhimento demonstram a eficácia de uma abordagem integrada e personalizada no cuidado de indivíduos em situação de vulnerabilidade. A promoção de um ambiente seguro e estimulante, aliado à participação ativa e ao suporte emocional, foi essencial para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos internos, evidenciando a importância dessas práticas no contexto da saúde pública e do acolhimento social.

           

4. CONCLUSÃO                                                                   

 

A experiência vivenciada na Unidade de Acolhimento Adulto permitiu concluir a importância crucial de uma equipe multiprofissional que adote abordagens leves e integradas no cuidado em saúde. O cuidado em saúde vai muito além da simples administração de tratamentos medicamentosos, abrangendo também a necessidade de uma abordagem holística que considere a condição física, bem como o bem-estar emocional, social e psicológico dos pacientes. É fundamental reconhecer a singularidade de cada indivíduo e oferecer um cuidado personalizado, promovendo assim uma recuperação mais completa e satisfatória.


O cuidado integral das pessoas temporariamente na UA requer uma abordagem que leve em conta não apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais, sociais e psicológicos. Os grupos e as conversas, tanto coletivas quanto individuais, desempenharam um papel crucial nesse contexto, proporcionando um espaço seguro para expressão emocional, aprendizado de habilidades e desenvolvimento pessoal. Isso não apenas acalma os internos, mas também proporciona um ambiente mais humanizado e empático, onde podem compartilhar suas experiências e preocupações de maneira construtiva.


Adicionalmente, essas práticas ajudam a aliviar o estresse, a ansiedade e a tristeza. Através das atividades realizadas nesse período, foi possível fortalecer laços interpessoais, estimular a criatividade e promover um senso de pertencimento. As oficinas e atividades contribuíram significativamente para a construção de um ambiente acolhedor e solidário, onde os internos puderam se sentir valorizados e respeitados.


Essas iniciativas são fundamentais para contrabalançar a rigidez da estrutura institucional, proporcionando um espaço de liberdade e expressão que é essencial para o bem-estar emocional e social dos indivíduos em situação de acolhimento. Além disso, facilitam a construção de vínculos entre os membros da equipe de saúde e os internos, promovendo uma atmosfera de confiança e colaboração, que é essencial para um cuidado eficaz. A interação próxima e o entendimento das necessidades individuais permitem uma abordagem mais personalizada, aumentando a eficácia do cuidado prestado.


Em suma, a experiência evidenciou que uma abordagem holística e humanizada no cuidado em saúde é vital para promover a recuperação e o bem-estar dos indivíduos acolhidos. As oficinas terapêuticas e atividades grupais demonstraram ser ferramentas eficazes para promover a saúde integral, melhorando a qualidade de vida e proporcionando um suporte emocional robusto. Este modelo de cuidado deve ser continuamente incentivado e aprimorado, assegurando que cada indivíduo receba o apoio necessário para sua recuperação e reintegração social.

 

5. REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA A.L.M.; CUNHA M.B. Unidade de Acolhimento Adulto: um olhar sobre o serviço residencial transitório para usuários de álcool e outras drogas. Saúde Debate. Rio de Janeiro, V. 45, N. 128, P. 105-117, JAN-MAR 2021.

 

AZEVEDO, D. M.; MIRANDA, F. A. N. Oficinas terapêuticas como instrumento de reabilitação psicossocial. Escola Anna Nery, 15(2), 339-345, 2011.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 121, de 25 de janeiro de 2012. Institui a Unidade de Acolhimento para pessoas com necessidades decorrentes do uso de Crack, Álcool e Outras Drogas (Unidade de Acolhimento), no componente de atenção residencial de caráter transitório da Rede de Atenção Psicossocial. Diário Oficial da União. 27 Jan 2012.

 

FARIAS, I. D.; THOFEHRN, M. B.; ANDRADE, A. P. M.; CARVALHO, L. A.; FERNANDES, H. N.; PORTO, A. R. Oficina terapêutica como expressão da subjetividade. Revista Eletrônica de Saúde Mental, Álcool e Drogas., 2020, 12(3), 147-153.

 

NUNES F.C.; FARINHA M.G.; VALENTIN F.; BARBOSA M.A.; RUA M.S. Group interventions and action research in health: application possibilities. Millenium. 2020;2(11):65-71. http://dx.doi.org/10.29352/mill0211.07.00273

 

RIBEIRO L.S.; ROCHA D.G.; BRAGÉ E.G.; RAMOS D.B.; VRECH L.R.; LACCHINI A.J.B. Enfrentamento da dependência química na gestação por meio de grupos terapêuticos. Braz J Hea Rev. 2020;3(2):1437-45. http://dx.doi.org/10.34119/bjhrv3n2-008

 

 


 

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Como citar esse artigo:


TEIXEIRA, Samylla Veras. Oficinas terapêuticas realizadas em uma unidade de acolhimento adulto. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 4, 2024; p. 84-93. ISSN: 2965-9760 | DOI: doi.org/10.59283/unisv.v2n4.006



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