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Wilssiani Carlos Rocha

GESTÃO EDUCACIONAL: OS DESAFIOS DO COORDENADOR PEDAGÓGICO PARA UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Atualizado: 7 de mai.

MANAGEMENT: THE CHALLENGES OF THE PEDAGOGICAL COORDINATOR FOR DEMOCRATIC MANAGEMENT





Como citar esse artigo:


ROCHA, Wilssiani Carlos; CASTELO, Marlon dos Santos; OLIVEIRA, Darlene Santos de. Gestão Educacional: os desafios do coordenador pedagógico para uma gestão democrática. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 2, 2024; p. 133-157. ISSN: 2965-9760 | DOI: doi.org/10.59283/unisv.v2n2.006



Autores:



Wilssiani Carlos Rocha

Licenciada em Letras Língua Portuguesa e pós-graduada em Língua Portuguesa. – Contato: wilssianicrocha@gmail.com


Marlon dos Santos Castelo

Graduado em Matemática e pós-graduado Educação Matemática: Estratégias, Métodos e Tecnologias. – Contato: castelo.mestre.89@gmail.com


Darlene Santos de Oliveira

Graduada em Pedagogia, com pós-graduação em Gestão Escolar. – Contato: darlene.santos2017@hotmail.com.

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RESUMO

 

Este estudo apresenta elementos para a compreensão dos processos e das concepções referentes à gestão escolar. Processos estes que envolvem o papel do coordenador pedagógico no cotidiano escolar frente à gestão democrática. A pesquisa tem como objetivo principal: aprofundar os estudos concernentes aos desafios do coordenador pedagógico para uma gestão democrática. Assim, se fez necessário caracterizar o papel da gestão mediante os desafios da escola contemporânea; identificar as competências relacionadas à tarefa do coordenador pedagógico; e analisar a percepção desses agentes participantes na construção do projeto pedagógico e sua inter-relação com a gestão democrática. Neste sentido, a abordagem metodológica utilizada é de cunho qualitativo bibliográfico com análise da literatura aludida ao tema. O aporte teórico deste trabalho está baseado em Lück (2009), Gadotti (2006), Mantoam (2002), entre outros. Além de documentos legais como a Constituição Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996). Sendo assim, para a compreensão destes processos, as leituras terão ênfase nas particularidades que acercam a gestão escolar, bem como nos profissionais inseridos e na parceria que precisa existir entre a escola e a comunidade escolar assegurada através da gestão democrática, pontos estes descritos que se fazem presentes na gestão escolar. A partir dos dados coletados podemos concluir que o coordenador pedagógico enfrenta várias dificuldades que impossibilita o efetivo cumprimento do trabalho pedagógico, no entanto, na visão de alguns segmentos da comunidade escolar possui um papel essencial para o desenvolvimento do trabalho pedagógico na gestão democrática na escola, sendo assim, indispensável à instituição de ensino.

 

Palavras-chave: Gestão Escolar; Coordenador Pedagógico; Gestão Democrática.

 

 

ABSTRACT

 

This study presents elements for understanding the processes and concepts related to school management. These processes involve the role of the pedagogical coordinator in the school routine in the face of democratic management. The research has as main objective: to deepen the studies concerning the challenges of the pedagogical coordinator for a democratic management. Thus, it was necessary to characterize the role of management through the challenges of the contemporary school; identify the skills related to the task of the pedagogical coordinator; and to analyze the perception of these agents participating in the construction of the pedagogical project and their interrelation with democratic management. In this sense, the methodological approach used is of a qualitative bibliographic nature with analysis of the literature alluded to the theme. The theoretical contribution of this work is based on Lück (2009), Gadotti (2006), Mantoam (2002), among others. In addition to legal documents such as the Federal Constitution (1988) and the National Education Guidelines and Bases Law (1996). Therefore, in order to understand these processes, the readings will have an emphasis on the particularities surrounding school management, as well as on inserted professionals and on the partnership that needs to exist between the school and the school community ensured through democratic management, points described above that present in school management. From the data collected, we can conclude that the pedagogical coordinator faces several difficulties that make it impossible to carry out the pedagogical work effectively, however, in the view of some segments of the school community, it has an essential role for the development of the pedagogical work in the democratic management in the school, thus, indispensable to the educational institution.

 

Keywords: School management; Pedagogical Coordinator; Democratic Management.

 

1. INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho apresenta uma discussão sobre a Gestão Escolar de acordo com os vários segmentos que contemplam a mesma. Deste modo, perpassa pela parte teórica e por meio desta pesquisa busca-se compreender os desafios do Coordenador Pedagógico para uma gestão democrática, bem como, abranger concepções de gestão escolar através de suas possibilidades, dificuldades e especificidades, uma vez que estes são processos que perfazem o cotidiano escolar e, no entanto, a realidade das instituições brasileiras.


Lembrando que muitas são as possibilidades de uma gestão democraticamente participativa, também há uma ressalva, relativa às dificuldades que são encontradas durante este processo, as quais precisam ser consideradas e discutidas. Pensar nas dificuldades também é fundamental, pois não há receita pronta para se “aplicar” ou “utilizar” na gestão escolar, e neste processo de adequação/implementação dela nas escolas, pode-se encontrar alguns desafios e dúvidas, que também são partes constituintes do processo de comprometimento com a gestão.


A fim de fazer um estudo destas situações e implicações, para conhecer todo o processo que abarca a gestão escolar, torna-se necessário compreender toda sua significação, para posteriormente identificar e analisar as alternativas que podem ser usadas e aplicadas em prol da gestão escolar.


Neste sentido, perpassando pela constituição dos gestores, ou seja, dos profissionais que estão intimamente ligados à gestão escolar, tem-se o intuito de conhecer suas funções, competências, dificuldades, bem como, seu papel frente à gestão escolar. Sendo assim, através das leituras e reflexões diante das características desses sujeitos, busca-se traçar um perfil destes profissionais.


Destaca-se neste campo de pesquisa, a gestão democrática, pois esta é a base para a construção de uma gestão escolar dialogada e participativa. Tal opção se dá, pois promove uma educação de qualidade e para que isso ocorra há a necessidade da participação de todos os envolvidos na escola nas tomadas de decisões, nos projetos, por ser legalmente instituída e, portanto, um parâmetro de ação para as instituições escolares.


Assim, através de um estudo bibliográfico e de uma análise das leituras que abrangem este tema, foi possível conhecer as ideias dos autores, sua relação com a realidade, para perceber e conhecer a gestão das escolas.


Este texto tem como objetivo geral aprofundar os estudos concernentes aos desafios do coordenador pedagógico para uma gestão democrática. Já com objetivos específicos iremos: Caracterizar o papel da gestão mediante os desafios da escola contemporânea; Identificar as competências relacionadas à tarefa do coordenador pedagógico; e analisar a percepção desses agentes participantes na construção do projeto pedagógico e sua inter-relação com a gestão democrática.


Justifica-se a realização deste trabalho em decorrência da observação da necessidade de se conhecer mais profundamente a gestão escolar, no sentido de acabarmos nos deparando com situações que ocorrem no contexto educacional e que algumas vezes provocam inquietações e curiosidades. Por isso, gestão democrática é um tema que precisa ser pensado, discutido e questionado à luz da democratização da educação e como condição para a cidadania.


Assim, cabe questionar, no tocante às mudanças no processo de gestão do trabalho escolar: Quais são as principais atividades desenvolvidas pelo coordenador pedagógico? Qual o efetivo grau de autonomia pedagógica existente no trabalho realizado pelo coordenador? E de que maneira o coordenador pode desempenhar um papel na busca por uma prática pedagógica democrática que procure integrar os envolvidos no processo educacional?


No intuito de responder a essas inquietações, que contemple um espaço mais democrático e justo, ideologicamente, procura-se criar consensos de que todos podem e devem participar das decisões da escola e dos resultados de modo a atingir a desejada qualidade da educação por meio da gestão democrática e participativa. Entretanto, como analisado por Cury (2002), a gestão democrática se apresenta imbuída de sentidos relacionados aos direitos do cidadão e à sua liberdade de expressão. Isso quer dizer uma educação para a democracia, em um ambiente democrático onde todos estão incluídos – alunos, todos os profissionais da educação, os pais, inclusive os gestores, podendo se expressar e participar das decisões da escola.


O trabalho se constitui a partir de leituras e alguns artigos acerca do tema em questão, os quais contemplam as categorias de análise elencadas para este trabalho: dificuldades, especificidades e possibilidades. Ou seja, se insere em um estudo bibliográfico, enfatizando as principais ideias trazidas nesses materiais, complementando o estudo com as contribuições de autores tais como: Lück (2009), Libâneo (2011), entre outros, acerca da gestão escolar. Através de auxílio de fontes bibliográficas que tratam da temática é possível perceber a construção do conhecimento proposto para a investigação, gerando conhecimentos científicos significativos que podem auxiliar outros educadores no estudo da temática.


Neste sentido, a fim de ilustrar ao leitor sobre o trabalho, apresentam-se as seções que compõem este estudo: A primeira seção aborda o conceito de gestão escolar; e apresenta os processos que envolvem a gestão escolar em suas especificidades e possibilidades. A segunda seção, apresenta o conceito de gestão pedagógica democrática; discorre como acontece a Gestão Democrática na Escola; o projeto pedagógico como modelo de gestão e as dificuldades encontradas no caminho da gestão escolar. A terceira seção, aborda sobre Coordenação Pedagógica, o papel dos coordenadores diante da gestão escolar, os desafios de um trabalho coletivo na gestão escolar contemporânea e a autonomia do coordenador pedagógico no processo de gestão do trabalho escolar.

 

2. GESTÃO ESCOLAR

 

De acordo com Andrade (2001), o conceito Gestão refere-se à ação e ao efeito de gerir ou de administrar. Muitas concepções foram dadas para o tema no decorrer dos anos. Dessa forma, o termo gestão abrange as mais diversas áreas, no sentido que ela envolve organização, administração, mas neste caso, em especifico, dá-se foco principal à gestão escolar, no contexto da escola, na direção do seu sentido, seu significado. A gestão escolar precisa articular suas diferentes competências, sempre pensando em obter resultados positivos, ligados à qualidade da educação, ao desenvolvimento integral do aluno. Organização, orientação e planejamento administrativo e pedagógico são algumas das competências.


Libâneo (2007), tanto trabalha com a concepção sociocritica de gestão escolar, como, faz uso desse termo quando se associa à escola. Dessa maneira, a gestão escolar também é delineada como um sistema que incorpora pessoas e  novas ideias, “considerando o caráter intencional de suas ações e as interações sociais que estabelecem entre si e com o contexto sócio-político, nas formas democráticas de tomada de decisões” (LIBÂNEO, 2007, p. 324).


A gestão da escola pública no Brasil é o resultado do movimento de profissionais da educação que se empenham para ter o reconhecimento estabelecido por lei. Embora a gestão democrática da educação figure como a norma jurídica desde a Constituição Federal de 1988, sua interpretação é variada de acordo com o local e o pensamento das pessoas envolvidas. Inúmeras propostas no campo educacional surgiram na década de 90, principalmente com relação à gestão da educação, pois estas propostas comportam preocupações em torno dos objetivos, meios e fins, aos quais a educação pública deve atender. São discussões que envolvem um enorme conjunto de problemas e questões da gestão da educação, os quais não se restringem somente aos aspectos e características do ensino formal e regular, mas vão além desses limites, abrangendo também o ensino informal (SILVA JUNIOR, 1993).

 

2.1 ESPECIFICIDADES E POSSIBILIDADES DIANTE DA GESTÃO ESCOLAR

 

Desafio é uma palavra ligada à gestão escolar. O desafio atual é uma escola de qualidade, ou seja, a gestão é elemento determinante para um trabalho significativo a ser realizado na escola, com toda a comunidade escolar: os professores, funcionários, alunos e pais. Há, então, a necessidade de uma gestão escolar que acompanhe todos estes processos que estão em transformação, criando meios e maneiras, articulando com todos os segmentos que constituem a escola, por isso precisamos pensar em gestão no sentido de fazer a diferença.


A escola não pode ser comparada como um sistema de produção em série. Mas, por outro lado, é formada por estruturas que estão sujeitas a ter problemas, que podem prejudicar os resultados esperados, no caso da escola podem atrapalhar o “foco na realização do papel social da escola e na qualidade das ações educacionais voltadas para seu principal objetivo: a aprendizagem e a formação dos alunos” (LÜCK, 2000, p.15).


Neste mesmo sentido, segundo Amanda Polato (2010) em seu artigo “Um trio coeso e bem articulado”, a educação e a escola são responsabilidades complexas e por isso não podem ficar nas mãos de apenas um profissional, o que aconteceu por muito tempo. Mas, aos poucos foi se percebendo que a atuação de outros atores diante deste desafio poderia contribuir com os objetivos educacionais desejados e, assim, através de pesquisas e estudos foram inseridos e designados outros profissionais para compor a equipe gestora.


Profissionais estes inseridos no contexto da gestão e que representam a gestão escolar, enquanto equipe diretiva responsável pela liderança da gestão de uma escola abrangendo suas habilidades, especificidades, competências e dificuldades. Cada um com suas funções, mas trabalhando de modo integrado e articulado, para a qualidade das atividades escolares. Entre estes profissionais pode-se citar: o diretor, o professor e o coordenador pedagógico.


Desta maneira, percebe-se que estes profissionais: diretor, professor e coordenador, têm funções específicas, e elas precisam se encaixar uma na outra, ou seja, criar um estreitamento entre ambas, com o intuito de existir uma coerência entre as atitudes e ações, promovendo assim situações significativas em prol da aprendizagem.


Para compreender o papel do diretor perante a gestão escolar, é interessante saber como surgiu este cargo. Segundo Gustavo Heidrich (2009), juntamente com a Proclamação da República em 1889, surge uma renovação educacional, que é caracterizada por uma nova organização: as crianças foram separadas por turmas de acordo com o que já sabiam, com um docente e funcionários, e por isso não cabia mais aos inspetores fiscalizar a instituição à distância. Era necessário alguém dentro da escola e, assim, surgiu o cargo de diretor. Esta organização escolar falhou e o que ficou dela foi à importância do diretor, que atualmente é reconhecido como um dos componentes da gestão escolar.


A competência do diretor exige conhecimentos, habilidades e atitudes significativas. Para atuar precisa de um suporte teórico e prático que irá embasar e nortear o seu trabalho. Lembrando sempre da necessidade de uma avaliação constante e permanente em relação ao trabalho realizado no intuito de promover mudanças significativas, refletindo sobre as próprias ações, metas e princípios.

Neste sentido, Lück (2000) fala sobre o papel do diretor:


[...] o diretor é o profissional a quem compete à liderança e a organização do trabalho de todos os que nela atuam, de modo a orientá-los no desenvolvimento de um ambiente educacional capaz de promover aprendizagens e formação dos alunos, no nível mais elevado possível, de modo que estejam capacitados a enfrentar os novos desafios que são apresentados (LÜCK, 2000, p. 17).

A formação do professor não pode se restringir ao seu diploma da universidade. A busca de alternativas para sua constante capacitação se torna indispensável para sua prática de sala de aula. A acomodação não pode ser uma palavra presente na vida de um professor, ainda mais com as inúmeras mudanças e transformações que ocorrem na educação, no ensino e a aprendizagem. Lembrando ainda que esta formação continuada necessária para o professor reflete positivamente na sala de aula, trabalhando e respeitando sempre as diferenças, pois nenhuma turma é homogênea e aprendem da mesma maneira. 


O coordenador pedagógico é o gestor responsável pela formação continuada dos professores. Esta formação é a maneira de colaborar com a prática em sala de aula do docente, que consequentemente, irá contribuir com a aprendizagem dos alunos. Amanda Polato (2010) escreve que o coordenador pedagógico precisa ser o parceiro mais experiente do professor. É ele, juntamente com o diretor, que responde pelas ações do docente e assim formando uma relação de cumplicidade (coordenador e diretor), em busca uma escola que se constitua um espaço de aprendizagem.


A gestão da aprendizagem é um dos focos principais da gestão escolar, enquanto processo que se torna indispensável em prol da educação de qualidade, garantindo que o processo de ensino-aprendizagem venha a contribuir progressivamente com o desenvolvimento e a construção dos saberes dos alunos.


Na gestão do espaço, acredita-se que a aprendizagem tenha maior possibilidade de se efetivar quando a escola apresentar condições mínimas, como um espaço adequado para que o estudante venha aprender, do que naquelas escolas onde a sala de aulas tem rachaduras, mesas e cadeias quebradas.


A elaboração, implementação e revisão do Projeto Político Pedagógico (PPP), se torna também um instrumento de gestão escolar democrática. De acordo com Noêmia Lopes (2010/2011), no artigo “PPP na prática”, ele define a identidade da escola, indicando caminhos, bem como os meios para consolidar suas metas e seus objetivos. Sua elaboração deve contemplar os seguintes assuntos: missão, clientela, dados gerais sobre a aprendizagem, relação com as famílias, recursos, diretrizes pedagógicas e plano de ação.

 

2.2 CONCEITUANDO GESTÃO PEDAGÓGICA DEMOCRÁTICA

 

A gestão escolar é um conceito recente. Parte do fim da década de 80 e engloba a gestão pedagógica como um dos seus principais pilares. É fundamental compreender a questão da gestão democrática para além do seu aspecto conceitual. Não se trata apenas de uma concepção de sociedade que prima pela democracia como princípio fundamental, mas do entendimento de que a democratização da gestão é condição estruturante para a qualidade e efetividade da educação, na medida em que possibilita que a escola crie vínculos com a comunidade onde está inserida, paute seu currículo na realidade local – conferindo sentido a proposta pedagógica – e envolva os diferentes agentes em uma proposta corresponsabilidade pela aprendizagem e desenvolvimentos dos estudantes.


Borges (2004, p. 78) analisa que “nas últimas duas décadas tem se observado um movimento de dimensões mundiais rumo a padrões descentralizados de gestão dos sistemas educacionais”.


Enquanto na administração escolar o ensino era fragmentado, ou seja, cada um se responsabilizava apenas com a sua função, desconhecendo as demais dimensões educativas, a gestão democrática enfatiza a participação de todos os componentes da escola no processo educativo.


Práticas participativas que tornam a escola uma comunidade de aprendizagem, uma comunidade democrática, favorecendo o ensino e a reflexão, valorizando os elementos internos do processo educativo, tendo consciência de que cada elemento possui sua parcela de responsabilidade, individual, bem como a implicação do trabalho coletivo.


Neste sentido Libâneo, Oliveira e Toschi (2009) destacam que:


[…] a gestão democrática, por um lado, é atividade coletiva que implica a participação e objetivos comuns, por outro, depende também de capacidades, responsabilidade individuais e de uma ação coordenada e controlada (p. 326).

 

Sendo a escola um ambiente social formado por diferentes sujeitos, das mais variadas opiniões e comportamentos, é proveniente esclarecer que “uma escola democrática não é aquela em que todos fazem o que querem, mas sim aquela em que todos fazem o que é bom para todos” (OLIVEIRA, 1997, p. 98).


Desta forma, considera-se que o mais importante não é somente o repasse de conteúdos específicos a fim de elevar o nível escolar, mas sim o preparo dos indivíduos para a sociedade e para exercício da cidadania (OLIVEIRA, 1997).


Falar em gestão democrática é falar em negociação permanente, aonde seu resultado vem de propostas conjuntas entre escola, família e comunidade. Diante de um mundo globalizado, onde se fala muito em descentralização do ensino, democratização da escola e autonomia da gestão escolar, parece-nos ainda distante ou quem sabe “maquiada” a gestão democrática (LUCK, 2000).


Através de estudos descobrimos que a gestão participativa educacional vem sendo discutida a partir da década de 80, pois eram necessárias mudanças sociais, na chamada “era do conhecimento”, de um mundo cada vez mais globalizado, não existindo mais lugar para a gestão autoritária, pois não satisfazia às exigências de uma sociedade que se desejava igualitária e justa. Assim, a participação dentro do ambiente escolar começou a dar às pessoas oportunidade de controlar o próprio trabalho, sentirem-se autores e responsáveis pelos seus resultados, construindo, portanto, sua autonomia (LUCK, 2000).

 

2.2.1 Como Acontece a Gestão Democrática na Escola

 

Lück et al. (2011) traz indícios de que o trabalho do gestor está fundamentado sobre sua capacidade de liderar, sendo essa uma das principais qualidades indispensáveis ao cargo de diretor. Além de ter como ofício crucial a promoção dos objetivos educacionais por meio de uma gestão que se constitua em uma ação de mobilização e organização do talento humano.


Na concepção de Lück (2007), a participação coletiva na gestão aprimora o exercício da democracia, deixando de lado a prática individualista do gestor, permitindo a socialização e o desenvolvimento tanto de sua instituição e do coletivo quanto de seus colaboradores individualmente, em que no “final” todos ganham.


Lück et al. (2007), pondera sobre a atuação do diretor, onde gerencie a instituição de ensino de maneira dinâmica, indo de encontro das mudanças da atualidade, acolhendo as opiniões dos demais e direcionando da melhor maneira.


Segundo Paro (2006), a gestão democrática deve envolver necessariamente a participação da comunidade, fortalecendo assim, a ideia de democratização do processo pedagógico no que se refere não apenas à execução de atividades, mas também às decisões, daí também a expressão gestão democrática participativa.


Lück (2008) faz alusão ao conceito de gestão democrática participativa como aquela que conjectura o envolvimento de toda a comunidade escolar que se importa com a instituição e no progresso do processo pedagógico. Além desse fato, elas demandam um novo estilo de relacionamento nas instituições educacionais com a sociedade em geral, uma nova orientação a respeito do significado da educação, bem como, da efetiva mobilização das forças culturais presentes na comunidade e na escola para a construção de um projeto educacional competente (LÜCK, 2008, p. 22).


Seguindo a linha de pensamento de Libâneo (2008), para que possa se instalar no ambiente escolar a concepção de gestão democrático-participativa, é essencial aliar o realce na participação nas decisões da escola com ações efetivas que atinjam com êxito os objetivos específicos da escola. Ainda segundo o autor, valorizam-se os elementos internos do processo organizacional – o planejamento, a organização, a direção, a avaliação – uma vez que não basta a tomada de decisões: “é preciso que elas sejam postas em prática em função de promover as melhores condições para viabilizar os processos de ensino e aprendizagem”.


Constata-se que a abordagem participativa na gestão educacional requer maior empenho de todos, devendo estarem comprometidos com a realização das metas, pois como Lück (2008) destaca, quando não há o compromisso das pessoas envolvidas com as metas, interfere na eficácia e na qualidade dos objetivos educacionais. É imprescindível que todos sejam estimulados e mobilizados, de forma a influenciar o contexto no qual está inserido, da mesma forma, que na execução das múltiplas ações de gestão.

 

2.2.2 O Projeto Político Pedagógico como Modelo de Gestão

 

Segundo Araujo (2010), torna-se urgente a construção de uma proposta pedagógica com um planejamento, articulando o processo coletivo na tomada de decisões.


No setor educacional, a descentralização, a democratização da gestão escolar e a autonomia da escola aparecem muitas vezes de forma correlata, inclusive sendo encontradas como "sinônimas", tanto em documentos oficiais como na literatura que aborda o tema. Os instrumentos de construção de uma escola pública democrática, segundo esses documentos, são os projetos político-pedagógicos e os Conselhos Escolares. Estes são uma instância de decisão colegiada com a função de gerir a escola democraticamente, representando os diferentes segmentos da comunidade escolar, com papel ativo na construção de seu projeto político-pedagógico, em sua implantação, acompanhamento e avaliação sistemática.


Segundo Veiga (2001), “... a elaboração do projeto pedagógico tem a ver com o trabalho da escola como um todo e com a participação da sala de aula, considerando o contexto social e a preservação de uma visão da totalidade” (p. 25). Logo, o projeto pedagógico busca a organização global da escola.


Em suas diversas indicações percebe-se o PPP como um instrumento teórico-metodológico, uma ferramenta que auxilia a enfrentar os desafios do dia a dia da escola, mas de maneira orgânica, sistematizada, consciente e participativa, dando novo significado a ação dos agentes no ambiente escolar (VASCONCELLOS, 1995, p.143).


De uma forma diversa, porém contextualizada, o PPP é o plano global da escola, uma sistematização de um processo de planejamento participativo, definindo com clareza qual ação educativa deve ser realizada, baseado na realidade de cada escola (VASCONCELLOS, 2004, p. 169). Veiga (2001, p.110) conceitua o PPP como uma ferramenta de trabalho que direciona o que será feito, de que forma, quando, e por quem, para chegar a resultados, harmonizando suas diretrizes com a realidade de cada escola, determinando seu compromisso com a clientela. Implica em uma relação contratual, devendo ser aceito por todos os envolvidos, necessitando para isso, ter a participação democrática de todos os agentes.


A autora destaca a significação indissociável da relação político-pedagógica, demonstrando a intimidade desse processo construtivo quando diz que é político por ter um compromisso com a formação do educando para a sociedade, cumprindo a dimensão política enquanto for prática especificamente pedagógica. Já na dimensão pedagógica está a formação do cidadão participativo, crítico, criativo, responsável e compromissado.


Todavia, é importante entender o projeto pedagógico e considerá-lo como um processo constantemente em construção, cujo resultados vem de maneira gradativa. Contudo, deve ser discutido, elaborado e assumido coletivamente para entender de forma palpável a realidade escolar.

 

2.2.3 Dificuldades encontradas no caminho da gestão escolar

 

Segundo Paula Nadal (2011) o gestor, neste caso o diretor esquece de que pode e deve compartilhar tarefas com sua equipe. Portanto, o mesmo não pode pensar que é o “dono” da escola, que apenas sua opinião é a que vale, trabalhando de maneira autoritária e individualista, pois sozinho talvez ele não consiga trabalhar e enfatizar todos os aspectos que uma gestão de qualidade requer. São suas ações e decisões que caracteriza sua metodologia de trabalho e justifica sua postura enquanto responsável pela gestão da escola. A falta de professores, violência, indisciplina, problemas com a infraestrutura, evasão escolar, falta de material pedagógico, são alguns dos exemplos das dificuldades encontradas no cotidiano do diretor elencadas em alguns artigos analisados.


As ações que precisam ser realizadas pelo coordenador pedagógico nem sempre são bem explicadas. Suas atividades divergem, pois a uma confusão sobre as funções designadas a este cargo. Neste panorama, pode se citar que este é considerado o substituto do diretor, aquele profissional responsável pela indisciplina dos alunos, perpassando por funções burocráticas, administrativas e financeiras.


O excesso de atribuições, professores desmotivados, a falta de clareza sobre suas funções, legislação confusa, falta de tempo, problemas com a equipe de trabalho, são algumas das dificuldades encontradas pelo coordenador pedagógico, segunda a pesquisa acima citada.


Amanda Polato (2010), em seu artigo estrutura a escola como um bloco de encaixe que precisa ser bem estruturado para garantir o sucesso da escola e a qualidade educação. Mas por outro lado, a momentos em que estas peças ficam confusas, ou seja, ocorrem divergências entre os profissionais inseridos na escola, um culpando o outro, procurando falhas nas ações realizadas pelos colegas.


A eleição de diretores é um dos instrumentos/mecanismos da gestão democrática e se faz presente nos processos da gestão escolar, em que todos os sujeitos envolvidos têm a oportunidade de votar e escolher. Mas por outro lado sabemos que ainda existem situações em que os diretores são escolhidos a dedo, ou seja, são indicados por “padrinhos”, sem deixar de mencionar os casos que envolvem política. Não podemos generalizar, mas ocasiões em que não dão importância à qualificação do profissional, o que possivelmente acarreta dificuldades que de alguma forma prejudica a escola. Por outro, tem as restrições diante desta indicação, no sentido que não poderá passar por cima do seu “padrinho”.


Temos no Art. 14 da LDB, que cada sistema de ensino definirá as suas normas de gestão democrática, ou seja, a lei deixa em aberto a possibilidade de eleição de diretores. Cabe então a cada Secretaria de Educação normatizar os processos de gestão democrática.


A infraestrutura e os espaços da escola apresentam um papel importante perante a aprendizagem dos alunos. Em contrapartida, temos a realidade de muitas instituições escolares, que enfrentam inúmeras dificuldades em relação a sua infraestrutura, e que resultam em prejuízo aos alunos, a educação.


Noêmia Lopes (2011) em seu artigo “Um ciclo transformador”, apresenta uma escola que as únicas famílias que matriculavam seus filhos, eram aquelas que não conseguiam vaga em outra instituição, ela era considerada um lugar ruim, seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) era de apenas 2, com isto configura a realidade de muitas escolas, onde suas funções e atribuições revelam a precariedade da educação e do ensino no Brasil. A imagem da mesma perante a sociedade se insere nas dificuldades encontradas pelas escolas, e mudar esta visão depende muito do trabalho e esforço de todos os envolvidos.

 

2.3 COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

 

De início, cabe frisar que coordenar é uma ação que visa organizar o trabalho que está sendo realizado. Por meio de um profissional líder e orientador atrelado ao gerenciamento de ações, participativas, ativas e responsáveis.

 

2.3.1 O papel dos coordenadores diante da gestão escolar

 

Seguindo o raciocínio de Placco e Souza (2010), a mediação do coordenador pedagógico é crucial para estruturar e dá rumo aos trabalhos pedagógicos. Desta maneira, esse profissional necessita expressar aos professores o domínio das produções culturais gerais e específicas da educação, sobretudo as relativas ao ensino e à aprendizagem, para que estes possam questionar, debater e transformar seu modo de pensar e agir sobre elas.


O coordenador pedagógico como o membro mais ativo nas atividades pedagógicas e coligado da equipe gestora, nas reuniões e encontros com a direção e os professores deve facilitar para que todos avaliem o andamento do projeto político pedagógico, averiguando quais necessidades devem ser atendidas e dessa forma assegurar a qualidade da educação.

 

2.3.2 Os desafios de um trabalho coletivo na gestão escolar contemporânea


À proporção em que a educação nacional se institucionaliza como democrática e participativa, organiza seu sistema de ensino e as instituições educacionais, mais aumenta a necessidade de programas, estudos, pesquisas e experiências sobre a melhor forma de geri-las sob o marco da gestão democrata participativa. Esse marco referencial requer por definição e por norma (ver o artigo 205 da Constituição Federal de 1988) o envolvimento e a colaboração de todos: família, escola e sociedade. Na prática, isso não é sempre possível. Contudo, é verdade também que não é viável ser gestor sem o apoio dos interessados no processo e nos resultados educacionais; é viável uma gestão capaz de desenvolver cidadãos participativos e com consciência coletiva. Também é sabido que poucos querem ou podem participar dos processos de tomada de decisão e de execução dessas decisões. Em menor número estão os que querem ou podem acompanhá-las e avaliá-las.


Várias medidas políticas e técnicas têm sido empreendidas. Mas, a insatisfação com a qualidade da educação é grande e continua distante do que a sociedade almeja, haja vista os ainda baixos indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), de grande parte dos municípios brasileiros (vide dados no site do INEP29). Na gestão competente repousa muita esperança de melhorá-los. Os padrões de competência e de necessidades básicas a serem atendidas pelos sistemas de ensino são multifacetados.


Assim, precisa considerar a atuação do gestor educacional, bem como, o desenvolvimento de suas competências multifuncionais e as questões que devem ser enfrentadas com relação ao uso das novas tecnologias como instrumento de trabalho, de pesquisa e de comunicação. Pois segundo Bridges (2001), o treinamento multi-inter e transdisciplinar é percebido como uma tendência e uma exigência no mundo do trabalho para enfrentar os desafios das mudanças, os quais os sistemas escolares estão inseridos.


Todavia, é vital que os gestores no campo educacional aprendam a lidar com as tecnologias atuais, já que de fato existe uma pressão para que a educação possua eficácia social mundializada, interligada por redes de comunicação, interdependente e embora cheio de contradições, está cada vez mais veloz.

 

2.3.3 A autonomia do coordenador pedagógico no processo de gestão do trabalho escolar

 

Segundo Placco; Souza e Almeida (2012), os coordenadores pedagógicos exercem papel decisivo no processo de articulação, formação e democratização das relações na escola, onde sua autonomia na efetivação de seu trabalho envolve pensar e deliberar sobre questões pedagógicas no contexto escolar. Incitando práticas participativas como procedimentos essenciais para a constituição de efetivas experiências pedagógicas autônomas e transformadoras.


Ao examinar as atribuições e dimensões das ações a serem exercidas pelo coordenador pedagógico, verifica-se uma significativa potencialidade transformadora em relação ao pensar e ao fazer pedagógico. O processo de formação continuada e elaboração do projeto político-pedagógico insere-se no cerne dessas funções do coordenador pedagógico, (PLACCO; SOUZA; ALMEIDA, 2012). Além de que, a reflexão teórica sobre a prática docente e a definição dos princípios pedagógicos a serem instituídos na escola formulam-se no debate e na reflexão coletiva com a comunidade.


A formação continuada dos professores configura a chance de inserir os debates que se adequam aos dilemas e às potencialidades inerentes ao processo educativo, ação essencial a ser realizada no espaço escolar, a qual possibilita ao coordenador a desenvolver as suas atribuições relativas à articulação, formação e transformação da realidade escolar, bem como exercer significativamente a dimensão da autonomia na execução de seu trabalho (VEIGA, 2001; RESENDE, 1998).


Desta maneira, o exercício coletivo de discussão e elaboração do projeto político-pedagógico tem o potencial de contribuir para a formulação de caminhos alternativos para a superação de problemas pedagógicos encontrados nas escolas.


A autonomia do coordenador pedagógico, acontece justamente nessa junção entre a potencialidade agregada à formação continuada e a efetivação dessas discussões por meio da construção de alternativas materializadas na elaboração do projeto político-pedagógico da escola.


Entretanto, configura-se como uma das principais mudanças na cultura escolar, onde as políticas públicas educacionais pautadas no padrão administrativo gerencial e nos procedimentos avaliativos tendem a disseminar seus valores e a impor seus princípios como projeto hegemônico na organização e gestão das escolas públicas (LIMA, 2001; SILVA et al., 2012).

Educar não é apenas transmitir conhecimento, mas dá oportunidade do aluno aprender, e buscar suas próprias verdades, para isso devemos utilizar de vários meios como o afeto para que o aluno tenha prazer em estudar.


De fato, o afeto é uma importante ferramenta no auxílio do professor, o afeto sendo desenvolvido em sala de aula para alcançar a atenção do aluno, certamente pode provocar por parte do aluno uma boa receptiva do mesmo, em querer aprender e ao mesmo tempo tornar-se participativo. O afeto tem mesmo esse poder de derrubar muralhas emocionais, de romper bloqueios psicológicos e também de promover um bem estar no aluno.


Nisso Saltini (2008) relata que é através da interação afetiva, do aluno com o professor e com seus colegas de classe, que ocorre a troca de informações através do diálogo, em que o aluno vai se desenvolver intelectualmente na interação das atividades.


Para que aconteça uma prática pedagógica diferenciada, é necessário a existência de estímulos que transformem o aprendizado do aluno em algo prazeroso, o exercício de uma pedagogia afetiva permite ao professor conhecer o seu aluno bem como suas particularidades. De acordo com Cunha (2008, p.67):


[...] o que vai dar qualidade ou modificar a qualidade do aprendizado será o afeto. São as nossas emoções que nos ajudam a interpretar os processos químicos, elétricos, biológicos e sociais que experienciamos, e a vivência das experiências que amamos é que determinará a nossa qualidade de vida. Por esta razão, todos estão aptos a aprender quando amarem, quando desejarem, quando forem felizes.

 

De acordo com Cunha o desenvolver do afeto será algo determinante na vida do aluno, pois o mesmo sendo amado sentirá o desejo de aprender e consequentemente este saber adquirido elevará sua autoestima e o tornará feliz.

O referido autor fala da interação com o objeto (educando), comenta como é fundamental manter este vínculo, pois o mesmo facilita o aprendizado intelectual, como afetivo, essa relação quando estabelecida favorece uma troca de experiências mútuas.


Nisto observa-se que a afetividade deve estar fluindo dentro da sala de aula, pois é na sala de aula que desenvolve-se a educação emocional, que prepara estes alunos a se tornarem pessoas com ótimas relações interpessoais e principalmente esses alunos terão melhores condições intelectuais de aprender, pois os mesmos estão tendo as suas necessidades atendidas pelo professor, que procura utilizar este espaço para o aprendizado do aluno.


A pedagogia afetiva é o norte que deveríamos seguir em sala de aula, demonstrando afeto, respeito, sensibilidade, dedicação, empatia e principalmente compromisso com o que se faz e para quem se faz. Com isso podemos constatar a boa receptividade dos alunos em querer absorver o que está sendo transmitido por parte do professor, essa confiança quando adquirida ela se torna mutua.


O ambiente escolar é a continuação do lar, portanto, a escola não pode limitar-se apenas a fornecer conhecimentos conceituais, mas deve contribuir para o desenvolvimento da personalidade de seus alunos. A influência mais importante no processo escolar é exercida pelo professor; então é preciso que ele compreenda a origem do desenvolvimento emocional e o comportamento da criança em todas as suas manifestações.


O professor exerce em sala de aula um papel tão importante e sublime que é capaz de mexer com a emoção dos seus alunos, através de um simples sorriso, um abraço, um aperto de mão, enfim, demonstrando afeto em suas palavras e atitudes. Não devemos ser apenas bons professores, mas professores fascinantes.

Pedagogia afetiva, esta é a linha que nós educadores precisamos seguir, pois os sentimentos e emoções dos alunos precisam ser levados em conta, pois estão inteiramente ligados ao desenvolvimento cognitivo do aluno e irão influenciar diretamente em sua aprendizagem cotidiana da vida escolar.


Não há melhor recompensa para o professor do que o alcance da aprendizagem de seus alunos. Saber que ele participou ativamente da conquista de aprendizagem de seu aluno, e que aquelas sementes plantadas no passado, brotaram lindos frutos de esperança para dias melhores na humanidade.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Este estudo analisou os desafios encontrados pelo coordenador pedagógico para desempenhar um papel por uma prática pedagógica, que procurasse integrar os envolvidos no processo educacional em tempos de gestão democrática.

Para tanto, caracterizou o papel da gestão mediante os desafios da escola contemporânea; identificou as competências relacionadas à tarefa do coordenador pedagógico e analisou a percepção desses agentes participantes na construção do projeto pedagógico e sua inter-relação com a gestão democrática.


É fato de que na esfera educativa, qualquer mudança de mentalidade e atitude é algo complexo de implantar, todavia, o direcionamento da educação atual no Brasil tem na gestão escolar um de seus principais pilares de transformação.

         

O andamento da gestão escolar tem como atribuição imprescindível a descentralização do desenvolvimento pedagógico e administrativo no sistema de ensino. Seu encadeamento trás diversos indicadores a serem trabalhados, tais como a gestão participativa, relações interpessoais, desempenho e autoavaliação. O efeito desse gerenciamento é a gradativa autonomia da escola frente ao empenho e compromisso dos atores que participam dessa construção democrática.


Assim, compreender os processos que envolvem a gestão escolar através das leituras de artigos e teses acerca do tema, permitiu destacar algumas possibilidades, especificidades e dificuldades, as quais configuram um pouco do cenário educacional brasileiro, apontando realidades que se diferenciam e se deparam com diferentes situações diante da gestão escolar e seus processos.


Ao identificar as dificuldades, se percebe algumas contradições, pois sabemos que a educação é um direito de todos, mas por outro lado encontramos escolas em situações precárias, com péssimas condições de uso. E como poder falar em direitos quando o principal ambiente de acesso a uma educação de qualidade está pedindo socorro?! Sem deixar de mencionar as dificuldades encontradas pela equipe gestora que enfatiza a realidade atual dos profissionais da educação, ou seja, as condições de trabalho, sua formação.


Fazer uma análise das especificidades acarretadas à equipe gestora, neste caso o Coordenador, bem como também, o diretor e professor, se percebe que cada um tem suas responsabilidades, competências e atribuições. Cada profissão tem objetivos a serem alcançados, por isso há também a necessidade que esta equipe trabalhe em conjunto, compartilhando ideias, promovendo soluções, planejando ações, para configurar a escola como espaço de compartilhamento e tomada de decisões enquanto processo coletivo.


Diante as leituras para construir esse estudo, mostraram algumas realidades que criaram alternativas possíveis de efetivação da gestão escolar, com isto se consolida a ideia de que tudo é possível quando se assume efetivamente a responsabilidade perante a educação. Estas escolhas mostram que o trabalho não é fácil, que as dificuldades estão presentes no cotidiano das escolas, mas que através de ações de pessoas que se envolvem e querem mudanças, se pode modificar o cenário atual da educação brasileira, ou apenas a realidade da sua própria escola que já é um grande passo.


A escola também precisa assumir seu papel diante da gestão democrática, criando maneiras de trazer a comunidade para dentro da escola, fazendo que ambos se sintam parte deste contexto. Os artigos contemplaram a gestão do pedagógico, da equipe, do espaço, dos recursos, da comunidade os quais apresentam a função social da escola: a aprendizagem dos alunos. Os artigos selecionados apresentaram um pouco dos processos que envolvem a gestão escolar, trazendo um pequeno apanhado, pois sabemos que a gestão tem uma infinidade de possibilidades e especificidades, e que as dificuldades também estão presentes.


A rede pública de ensino vem encontrando dificuldades na implantação da inclusão escolar. A educação inclusiva precisa fazer parte de um projeto político pedagógico que se inicia na secretaria de educação, valorizando todos que fazem parte do contexto escolar, inclusive o professor, que atua com os alunos inclusos sem uma formação específica.

         

É relevante aperfeiçoar as inter-relações pessoais vinculadas ao planejamento e organização pedagógica e administrativa da escola para que ocorra a gestão participativa nesse meio, sobretudo, dos planos estratégicos da escola como o PPP; os planos de aula elaborados pelos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem e todos os objetivos educacionais.

         

Com isso, evidenciamos que é imprescindível ter uma maneira inovadora de olhar a educação e a gestão, pois a escola se trata de uma estrutura viva. Destaca-se também, as fraquezas e desafios que são enfrentados pela mesma, assim como, as inúmeras possibilidades de uma gestão democrática. Contudo, vale ressaltar que é crucial que se consiga enxergar aquilo que está à sua frente, considerando as relações de poder que nutrem os sistemas educacionais e a própria instituição de ensino, no caso, o direito do aluno.

 

4. REFERÊNCIAS 


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publicação de artigo científico

Esse artigo pode ser utilizado parcialmente em livros ou trabalhos acadêmicos, desde que citado a fonte e autor(es).



Como citar esse artigo:


ROCHA, Wilssiani Carlos; CASTELO, Marlon dos Santos; OLIVEIRA, Darlene Santos de. Gestão Educacional: os desafios do coordenador pedagógico para uma gestão democrática. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 2, 2024; p. 133-157. ISSN: 2965-9760 | DOI: doi.org/10.59283/unisv.v2n2.006


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