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Gabrielli Pagotto

CONTRIBUIÇÕES DA PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL FREIRIANA PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA

Atualizado: 4 de nov.

CONTRIBUTIONS OF THE FREIREAN ENVIRONMENTAL EDUCATION PERSPECTIVE TO PEDAGOGICAL PRACTICE





Informações Básicas

  • Revista Qualyacademics v.2, n.5

  • ISSN: 2965-9760

  • Tipo de Licença: Creative Commons, com atribuição e direitos não comerciais (BY, NC).

  • Recebido em: 23/10/2024

  • Aceito em: 26/10/2024

  • Revisado em: 27/10/2024

  • Processado em: 28/10/2024

  • Publicado em: 04/11/2024

  • Categoria: Estudo de Revisão



Como citar esse material:


PAGOTTO, Gabrielli. Contribuições da perspectiva de educação ambiental freiriana para a prática pedagógica. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.2, n.5, 2024; p. 269-296. ISSN 2965-9760 | D.O.I.: doi.org/10.59283/unisv.v2n5.017



Autora:



Gabrielli Pagotto

Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande, Pós-graduanda em Psicopedagogia na Educação Infantil e Educação Especial e Infantil – Contato: gabriellipagottto@gmail.com





RESUMO


O presente estudo busca refletir sobre as contribuições de uma perspectiva de Educação Ambiental para a prática de pedagogos/as, sob a óptica das contribuições da Educação Ambiental Crítica, dos estudos de Paulo Freire, incorporados na Educação Infantil. Muito já se pesquisou sobre o pensamento de Paulo Freire, mas há uma carência quando tratamos da EA voltada às infâncias. Neste estudo, foram feitas pesquisas bibliográficas, com aprofundamentos de artigos científicos, livros e revistas. Os resultados apontam que a Educação Ambiental Crítica busca uma mudança real do modelo social. Na educação é preciso desenvolver o pensamento crítico, examinar as estruturas sociais e as relações de poder. A contribuição da abordagem freiriana é uma maneira lúdica e prazerosa de garantir o desenvolvimento integral das crianças e prepará-las para uma participação ativa na sociedade. Aplicar seus princípios é ofertar uma educação mais significativa, inclusiva e comprometida com a transformação social e a sustentabilidade ambiental.

 

Palavras-chave: Pedagogia; Paulo Freire; Educação Ambiental; Educação Infantil.


 

ABSTRACT

 

The present study aims to reflect on the contributions of an Environmental Education perspective to the practice of educators, through the lens of Critical Environmental Education and Paulo Freire's studies, incorporated into Early Childhood Education. Although Paulo Freire’s thought has been extensively researched, there is a gap when addressing Environmental Education focused on early childhood. This study involved bibliographic research, including an in-depth review of scientific articles, books, and journals. The results indicate that Critical Environmental Education seeks a genuine shift in the social model. In education, it is essential to develop critical thinking, examine social structures, and power relations. The contribution of the Freirean approach offers a playful and enjoyable way to ensure the comprehensive development of children and prepare them for active participation in society. Applying its principles provides a more meaningful, inclusive education, committed to social transformation and environmental sustainability.

 

Keywords: Pedagogy; Paulo Freire; Environmental Education; Early Childhood Education.

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

A Educação Ambiental é um processo essencial que busca oferecer às pessoas uma compreensão profunda e abrangente do ambiente que as cerca. Seu objetivo é clarear valores e desenvolver atitudes que possibilitem a adoção de uma postura consciente e engajada, enfatizando uma “revisão crítica dos fundamentos que proporcionam a dominação do ser humano e dos mecanismos de acumulação do Capital, buscando o enfrentamento político das desigualdades e da injustiça socioambiental” (LAYRARGUES; LIMA, 2014, p. 33).


Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999).

 

É fundamental que as pessoas compreendam a importância da Educação Ambiental (EA) e do ambiente em que vivemos e que a ação coletiva pode contribuir para a construção de um futuro sustentável. A EA pode ser um agente transformador na sociedade, mobilizando e sensibilizando as pessoas a agirem de maneira consciente e responsável. Ela deve envolver não somente o conhecimento teórico, mas também práticas e experiências que estimulem o pensamento crítico e a tomada de decisões conscientes, a fim de possibilitar posicionamentos frente aos assuntos relativos ao meio ambiente.


É necessário que todos os setores da sociedade estejam envolvidos no processo de EA, desde as instituições de ensino e governamentais até as empresas e a população em geral. A EA é um processo de ensino e aprendizagem poderoso que devemos fomentar para enfrentar os desafios ambientais atuais e futuros.


Precisamos inspirar e educar as pessoas para que se tornem agentes de mudança e promovam uma relação sustentável com o ambiente em que vivem. Nesse contexto, investir em Educação Ambiental é reconhecer que já nos encontramos imersos na crise ambiental, é reconhecer a importância da sociedade como agente ativo no momento atual, se integrando à natureza e se envolvendo nos processos de Educação Ambiental desde a infância.


A Educação Ambiental visa à construção de relações sociais, econômicas e culturais capazes de respeitar e incorporar as diferenças (minorias étnicas, populações tradicionais), à perspectiva da mulher e à liberdade para decidir caminhos alternativos de desenvolvimento sustentável, respeitando os limites dos ecossistemas, substrato de nossa própria possibilidade de sobrevivência como espécie (Medina, 2001, p. 18).

 

No contexto deste trabalho, a Educação Ambiental será vista pelas lentes da pedagogia de Paulo Freire, colocando-se a seguinte questão de pesquisa: quais as contribuições de uma perspectiva de Educação Ambiental Freiriana para a prática de pedagogos/as?


A partir deste questionamento, pretendemos vislumbrar as potenciais contribuições da Educação Ambiental Freiriana à prática de pedagogos/as, tentando estabelecer especificamente as contribuições à Educação Infantil.


A importância de Paulo Freire para a educação é inegável. Suas contribuições se destacam ao propor uma pedagogia que considera o aluno como sujeito ativo e crítico no processo educativo, capaz de construir conhecimento a partir de suas experiências e inserido em seu contexto social e ambiental (SALVI, 2018).


Como professora atuante na área da Educação Infantil em uma rede privada de ensino, percebo que ainda hoje é comum uma abordagem de ensino mecanicista, na qual as crianças são tratadas como passivas na construção do conhecimento, limitando-as a um aprendizado baseado em atividades repetitivas, com pouco significado e descontextualizadas. 


Justifica-se assim este artigo pela necessidade de revisitar o arcabouço teórico Freiriano para a incorporação da Educação Ambiental nas práticas pedagógicas de pedagogos/as, com enfoque no contexto da Educação Infantil, a fim de que, com base em suas ideias, seja possível criar práticas pedagógicas que estimulem o pensamento crítico, a reflexão sobre o meio ambiente e as ações ambientalmente responsáveis, proporcionando oportunidades para que as crianças possam viver as infâncias de modo alinhado a tais princípios.  Além disso, é importante destacar que existe uma preocupação nas


formas muitas vezes simplistas com que tem sido concebida e aplicada a Educação Ambiental, reduzindo-a a processos de sensibilização ou percepção ambiental, geralmente orientados pela inserção de conteúdos da área biológica, ou a atividades pontuais no Dia do Meio Ambiente, do Índio, da Árvore, ou visitas a parques ou reservas (MEDINA, 2001, p. 18).

 

A abordagem Freiriana na Educação Infantil permite que a aprendizagem ocorra de forma lúdica e prazerosa, garantindo o desenvolvimento integral das crianças e preparando-as para uma participação ativa na sociedade (SALVI, 2018).

 

2. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

 

Em termos da perspectiva metodológica, o trabalho localiza-se dentro do escopo da pesquisa qualitativa. Realizou-se uma revisão narrativa de literatura com base na apresentação de estudos teóricos da Educação Ambiental relacionados à Pedagogia e pensamentos de Paulo Freire e suas implicações à Educação Infantil na contemporaneidade, assim como as contribuições do autor para a formação de educadores. 

           

A partir da escolha do tema, delimitamos os descritores através de um mapeamento entre teses e dissertações, artigos científicos, livros, revistas, com a colaboração de vários autores que já discutiram a temática. Foram utilizadas as ferramentas: Biblioteca Digital Brasileira de teses e dissertações, Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Google Acadêmico, Portal de Periódicos CAPES e SciELO para realizar as pesquisas.


Tendo como base de pesquisa a Educação Ambiental Freiriana, a seleção do material foi realizada a priori a partir das palavras-chaves:  Educação Ambiental, Paulo Freire, Pedagogia e Educação infantil em todas as ferramentas utilizadas. Todavia a exiguidade de produções encontradas, nos fez flexibilizar e combinar a busca em relação aos descritores, passando também a adotar as palavras-chaves: Educação Ambiental Crítica, Educação Ambiental Freiriana, Formação de Professores; Prática Pedagógica; Primeira Infância; Trabalho Docente; Conscientização Ecológica, o que contribuiu para o estreitamento dos dados.


O recorte temporal demarcador desta busca, compreendeu o período de 2010 até 2023. Após o levantamento inicial realizado através da leitura do título, do resumo e das palavras-chave, as referências bases selecionadas foram dez trabalhos que abrangem o tema da Educação Infantil, das contribuições de Paulo Freire da perspectiva de Educação Ambiental Freiriana para a prática de pedagogos/as.

A partir da revisão realizada, chegou-se a um quadro de 10 referências que se encontram sistematizadas abaixo. Passaremos, na sequência, a expor o argumento de cada um dos estudos.

 

Autor

 

Título

 

Local de publicação

Edição/ano

Objetivo da pesquisa

Cae Rodrigues

Educação Infantil E Educação Ambiental: Um Encontro Das Abordagens Teóricas Com A Prática Educativa

 

Revista Eletrônica Do Mestrado Em Educação Ambiental

Destacar as importantes sinergias possíveis entre a Educação Ambiental e a educação infantil na contemporaneidade.

Heloísa GironJosé Luís Schifino Ferraro

Uma proposta de diálogo entre Paulo Freire e a Educação Ambiental Crítica

Revista Eletrônica Do Mestrado Em Educação Ambiental

Discutir os objetivos de uma Educação Ambiental Crítica em diálogo com o processo de conscientização descrito por Freire, tendo em vista a realização de práticas ambientalmente orientadas em um caráter libertador.

Ivo Dickmann

Sônia Maria Marchiorato Carneiro

Paulo Freire e Educação Ambiental: contribuições a partir da obra Pedagogia da Autonomia

 

Revista de educação pública

 

Investigar a pedagogia de Paulo Freire na sua potencialidade de uma EducaçãoAmbiental, como fundamentação específica e diferencial na formação de educadores.

Jane SchumacherEduardo Da Luz RochaLucas Da Silva Martinez

Paulo Freire E A Educação Ambiental Como Ato Político: UmaReflexão Necessária

Anais do IX Seminário Nacional Diálogos com Paulo Freire: Utopia, Esperança e Humanização

V. 8, 2015.

Estabelecer laços entre a Educação Ambiental em diálogo com Paulo Freire; refletir sobre a importância do compromisso ético com a renovação

e transformação da realidade, como um ato político e de amor ao mundo.

Eunice Schilling Trein

A Educação Ambiental Crítica: Crítica De Que?

Revista Contemporânea De Educação

Vol. 7, N. 14, agosto/dezembro de 2012

Problematizar as concepções de Educação Ambiental Crítica à luz dos condicionantes socio históricos que as engendram.

Andreia Marcelina Silva CarvalhoBruno Andrade Pinto Monteiro

A Educação Ambiental Crítica na pedagogia: o caso de uma faculdade do sul de Minas

Revista Eletrônica Do Mestrado Em Educação Ambiental

Compreender como um curso de Capacitação em Educação Ambiental contribuiu para a formação de estudantes do curso de Pedagogia de uma faculdade do sul de Minas Gerais.

Mauro Guimarães

Por uma Educação Ambientalcrítica na sociedade atual

Revista Interdisciplinar da Divisão de Pesquisa e Pós-Graduação do Campus Universitário de Abaetetuba/Baixo Tocantins/UFPA

Vol. 7, N° 9, 2013

Trazer alguns questionamentos iniciais quenos levem a refletir sobre alguns limites e potencialidades da Educação Ambiental e a transformação da sociedade atual.

Carina Da Silva Prestes

Ana Cristina Da S. Rodrigues

 

Aproximando Freire da Educação Infantil

Anais Paulo Freire

2015

 

Traçar as perspectivas históricas da Educação Infantil tanto no âmbito mundial quanto no nacional, buscando relacionar o pensamento pedagógico de Paulo Freire com a Educação Infantil.

Luciana Rita Bellincanta Salvi

 

O sujeito autônomo em Freire: contribuições à Educação Infantil

 

Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Educação - UFFS BDTD

 

2018

Identificar as contribuições da pedagogia de Paulo Freire para a construção da criança como sujeito autônomo no âmbito da Educação Infantil.

Natália Gladcheff Zanon

A inserção da educação ambiental em centros municipais de educação infantil em São Carlos (SP): uma análise a partir de uma perspectiva crítica

Dissertação de Mestrado -Universidade Estadual Paulista (Unesp)

BDTD

2019

Identificar e analisar como se dá a inserção da Educação Ambiental nos Centros Municipais de Educação Infantil da cidade de São Carlos, interior do estado de São Paulo, a partir da percepção de professoras que trabalham nesses espaços.

 

O artigo de Rodrigues (2011) aborda a relação entre a Educação Ambiental e a educação infantil na sociedade contemporânea. Através de uma breve análise conceitual da Educação Ambiental, o autor buscou compreender a evolução dos conceitos atuais. Além disso, ele explora as possibilidades de integração da Educação Ambiental na pré-escola, visando preencher a lacuna existente entre os ideais de sustentabilidade e a realidade das escolas, especialmente na educação infantil. Seu objetivo é encontrar ligação entre abordagens teóricas e práticas educacionais, para promover uma educação mais completa e alinhada com os desafios ambientais do nosso tempo. Por fim, o autor discorre sobre as particularidades das infâncias, e como a educação deve ser pensada a partir destas particularidades, como tempo-espaço.


Giron e Ferraro (2018) abordam a relação entre o conceito de cultura e a consciência crítica de Paulo Freire, em conjunto com a visão socioambiental da natureza e a atitude ecológica proposta por Isabel Carvalho na Educação Ambiental crítica. O objetivo deste artigo é estabelecer conexões entre a práxis de Freire e uma proposta de EA crítica, destacando a importância de compreender as relações entre humanos e natureza, bem como promover uma relação mais equilibrada com o meio ambiente. Para isso, é fundamental discutir a separação entre humanidade e natureza, que resulta na falta de consciência em relação ao equilíbrio ambiental e às consequências das ações humanas. O trabalho destaca a necessidade de práticas dialógicas e de problematização para conscientizar sobre as relações, efeitos, causas e consequências das questões ambientais.


Dickmann e Carneiro (2012) se debruçam sobre as contribuições de Paulo Freire para a Educação Ambiental, que são exploradas em seu trabalho intitulado "Pedagogia da Autonomia". No artigo, os autores discorrem nas ideias e conceitos de Freire, relacionados ao ser humano, ao mundo e a educação, e mostram como eles podem ser aplicados de maneira inteligente e criativa no contexto da Educação Ambiental. Também enfatizam a importância de uma pedagogia crítica na Educação Ambiental, bem como na formação de educadores socioambientais, pois é fundamental que os educadores estejam preparados para questionar, refletir e propor soluções inovadoras para os desafios ambientais que enfrentamos atualmente. Além disso, ressaltam a necessidade de valorizar a dimensão histórico-cultural das questões contemporâneas em Educação Ambiental. Por fim, Dickmann e Carneiro destacam o importante papel da Educação Ambiental na promoção do senso de responsabilidade e cidadania em relação ao meio ambiente. Através do conhecimento e da conscientização, pode-se despertar um potencial de ação transformadora na sociedade.


Schumacher, Rocha e Martinez (2015) nos remetem a perspectiva de Paulo Freire sobre a educação como prática de liberdade e as políticas da educação. Eles enfatizam a necessidade de recuperar a natureza política da educação para a formação de indivíduos comprometidos com a preservação e transformação da sociedade e do mundo, ou seja, nos remetem a importância de um compromisso ético para renovar e transformar a realidade por meio da Educação Ambiental, destacando-a como um ato político e um ato de amor pelo mundo. Ressaltam a importância do diálogo como uma necessidade existencial e a essência da educação como prática de liberdade. Além disso, reforçam que as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Ambiental ressaltam a construção de sociedades justas e sustentáveis, baseadas em valores como liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade, sustentabilidade e educação como um direito de todos. De acordo com Freire, a educação é uma prática política e não pode ser neutra. É fundamental construir conhecimento com um projeto político para a sociedade e dialogar para construir novos conhecimentos e uma consciência crítica da realidade que os cerca.


Trein (2012) parte de uma reflexão sobre a Educação Ambiental Crítica no contexto das discussões sobre desenvolvimento sustentável e economia verde, destacando a necessidade de entender a relação entre a crise ambiental, a crise econômica e a crise no mundo do trabalho. A autora enfatiza a importância de incorporar a questão ambiental a educação através do aspecto político, social e histórico das relações entre homem e natureza mediadas pelo trabalho. Levanta ainda questões sobre como incluir a Educação Ambiental no currículo, a correlacionando com experiências, atividades e reflexões influenciadas pelo mundo do trabalho, e ainda a questão da avaliação, que é espaço de possibilidade, mas também de controle na prática pedagógica. Trein reafirma que o espaço educacional não é neutro e que é necessário que os educadores adotem uma abordagem mais globalizada e crítica da Educação Ambiental.


O trabalho de pesquisa de Carvalho e Monteiro (2016) traz a contribuição de um curso de Educação Ambiental para a formação de estudantes de Pedagogia em uma faculdade no sul de Minas Gerais. O estudo utilizou uma abordagem de estudo de caso e coletou dados por meio de textos, relatórios e questionários produzidos pelos participantes durante um Fórum Crítico de Educação Ambiental. A análise dos dados indicou que o curso foi útil para discutir EA, mas algumas atividades precisavam ser reestruturadas para aprimorar a experiência de aprendizado dos alunos em Educação Ambiental crítica. Os autores indicam a importância de incorporar a Educação Ambiental Crítica na formação inicial de professores pedagogos para termos profissionais críticos, reflexivos e autônomos que possam contribuir para uma efetiva transformação social. Também, destacam a importância de compreender as concepções prévias e ao longo do curso sobre EA, para assim garantir uma formação crítica dos alunos.


Guimarães (2013) parte da discussão dos limites e potencialidades da Educação Ambiental e seu papel na transformação da sociedade. Ele destaca o choque entre duas concepções diferentes de educação: uma focada nos interesses populares e na igualdade social e a outra priorizando os interesses capitalistas e a lógica do mercado. Este último é dominante na sociedade contemporânea. O autor nos faz refletir sobre a necessidade de uma análise crítica e compreensão mais profunda dos diferentes significados e propostas vistas na EA. Nos faz questionar o consenso existente de que a principal função da Educação Ambiental é contribuir para a formação de cidadãos com consciência ambiental. Guimarães também menciona a importância de superar as armadilhas normativas dominantes e promover práticas pedagógicas que possam levar a construção de uma sociedade social e ambientalmente mais sustentável.


O artigo de Prestes e Rodrigues (2015) aborda as perspectivas históricas da educação infantil, relacionando-a ao pensamento pedagógico de Paulo Freire. Eles enfatizam a importância do diálogo e da curiosidade entre professor e aluno como ferramentas educativas numa concepção problematizadora de educação. Os autores destacam a necessidade de uma leitura crítica constante do mundo, em que se é necessário explorar e reinventa-se, com professores facilitando conversas e desafiando os alunos a crescer. A educação infantil é importante no desenvolvimento do pensamento crítico, da curiosidade e de uma abordagem transformadora da aprendizagem, alinhando-se com as ideias de Freire. 


Salvi (2018) investiga o diálogo entre a Educação Infantil e a Pedagogia Freiriana, com foco no conceito de autonomia na educação infantil. A descritora usa uma combinação de pesquisa bibliográfica e dados empíricos coletados a partir da observação em um centro de Educação Infantil. Em sua dissertação, ela busca esclarecer o conceito de autonomia na teoria pedagógica de Freire e compreender como esta teoria contribui para a organização de práticas educacionais voltadas para a construção da criança como sujeito autônomo na Educação Infantil. A pesquisa indica que um diálogo entre a infância e a Pedagogia Freiriana é possível e incorporar a pedagogia de Freire à educação infantil pode promover o desenvolvimento de sujeitos autônomos e contribuir para uma experiência educacional mais democrática e empoderadora. Ela enfatiza a importância dos educadores neste processo e destaca a necessidade de práticas educacionais que capacitem as crianças a fazer escolhas, ter uma voz ativa e decidir com responsabilidade.


Zanon (2019) busca identificar e analisar o processo de inserção curricular da educação ambiental nos centros municipais de educação infantil em São Carlos, SP. A descritora realizou entrevistas com professores nos centros municipais e as analisou com base nas percepções teóricas da educação ambiental, nas práticas de educação ambiental na educação infantil e nos obstáculos ao desenvolvimento da educação ambiental. Zanon classificou as percepções da educação ambiental em três macrotendências: conservacionista (discurso ambiental desassociado dos acontecimentos históricos da sociedade), pragmática (ideia de mudanças de comportamento individual diante da crise ambiental) e crítica (perspectiva freiriana e dialética: discutir e enfrentar os problemas ambientais num contexto mais amplo, como social, político e econômico). Ela constatou práticas de educação voltadas ao ensino de ciências e pautadas em datas comemorativas. Assim, enfatiza a importância da formação continuada em EA, a partir de uma concepção freiriana.


Partindo deste arcabouço teórico, iremos tecer algumas reflexões sobre Educação Ambiental, Paulo freire, pedagogia e educação infantil.

 

2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E AS CONTRIBUIÇÕES ÀS PRÁTICAS DE PEDAGOGOS/AS

 

A Educação Ambiental é uma dimensão educativa crítica que possibilita a formação de um sujeito-aluno cidadão, comprometido com a sustentabilidade ambiental, a partir de uma apreensão e compreensão do mundo enquanto complexo (FIGUEIREDO, 2007; JACOBI, 2003; LOUREIRO, 2003).


Nesse prisma, a sustentabilidade ambiental torna-se parte integrante da base teórica do estudo sobre a Educação Ambiental Crítica (EAC). Tal sustentabilidade, que se problematiza na Educação, enquanto processo formativo e método interpretativo, está relacionada aos princípios básicos de uma interação sociedade-natureza que propicie condições de vida viáveis nas distintas escalas espaciais e temporais (JACOBI, 2003; LOUREIRO, 2007).


A EA de forma não convencional busca despertar nos indivíduos a necessidade de uma consciência crítica em relação aos problemas socioambientais, por meio de uma educação contra hegemônica, mostrando o ser humano como mundo e parte do mundo (CARVALHO; MONTEIRO, 2016, p. 233).

 

A EAC é uma abordagem que ultrapassa a tradicional aquisição de conhecimento e visa mudança de comportamento, desenvolver habilidades de pensamento crítico e examinar as relações de poder e estruturas sociais que contribuem para os problemas ambientais. É uma abordagem educativa que enfatiza a importância de compreender as dimensões políticas e sociais das questões ambientais, questionando as estruturas de poder e desafiando as narrativas e práticas dominantes que perpetuam a degradação ambiental (TREIN, 2012).


Assim, em tempos de crises econômicas, sociais e ambientais, a EAC é um processo contínuo crucial para promover a justiça e a sustentabilidade.


Com a perspectiva crítica, entendemos que não há leis atemporais, verdades absolutas, conceitos sem história, educação fora da sociedade, mas relações em movimento no tempo-espaço e características peculiares a cada formação social, que devem ser permanentemente questionadas e superadas para que se construa uma nova sociedade vista como sustentável (LOUREIRO, 2007, p. 66).

 

Quando falamos em docência, temos diferentes propostas de Educação Ambiental, segundo diferentes visões de mundo que as sustentam e que constroem resultados diferenciados baseados em seus objetivos. Neste panorama, emerge a necessidade de repensar e ir além da Educação Ambiental.

No Brasil, a Educação Ambiental começou a ganhar destaque na década de 80 (GIRON; FERRARO, 2018, p. 242), como resposta aos crescentes problemas ambientais e às desigualdades sociais do país. O governo brasileiro começou a investir em programas de Educação Ambiental, e muitas ONGs e movimentos sociais também começaram a incorporar a Educação Ambiental Crítica em seu trabalho. Começa então a ser trabalhada uma


perspectiva de mudanças de valores, hábitos e atitudes, individuais e coletivos, de uma nova ética e novas relações de produção e consumo substanciadas em diferentes paradigmas. Nesta perspectiva, busca-se a transformação social e a construção de uma nova sociedade (GUIMARÃES, 2013, p. 16).

 

Uma das figuras-chave no desenvolvimento da Educação Ambiental Crítica no Brasil foi Paulo Freire, renomado educador e filósofo que enfatizou a importância do pensamento crítico e da justiça social na educação durante sua trajetória. Estudar o pensamento de Freire é mergulhar nesta teia de conceitos e reconhecer sua contribuição valiosa para refletirmos a educação.  Seu trabalho e suas obras nos desafiam a repensar e remodelar nosso fazer pedagógico e a considerar novas formas de interagir com a comunidade escolar como um todo. Exige que nos envolvamos em um diálogo para atualizar as ideias frente as preocupações da atualidade e questões que emergem.


Segundo Trein (2012), durante séculos, a educação se baseou em uma concepção limitada e genérica do ser humano, ignorando a riqueza de saberes produzidos em diferentes culturas e as singulares das dimensões humanas. No entanto, a Educação Ambiental Crítica busca resgatar essas diferentes exigências e reivindicar uma dimensão ética e transformadora nas práticas educacionais.


Para que isso ocorra, é necessária uma transformação fundamental do sistema educacional, que envolve repensar o papel da docência e das escolas na sociedade e promover uma abordagem mais democrática e participativa da educação. Como continua refletindo Trein (2012), simplesmente apontar os pontos fracos do que já existem não é o bastante para uma crítica educacional verdadeiramente valiosa. É fundamental que a crítica seja também uma plataforma para divulgar novas direções a seguir.


É preciso redefinir o conceito de educando e educador no contexto da Educação Ambiental Crítica e da sociedade sustentável, pois compreender o aluno como um indivíduo passivo que segue os direitos e deveres estabelecidos pela sociedade perpetua as desigualdades sociais e reflete dentro e fora da instituição escolar. Essa visão é influenciada pela visão de mundo liberal hegemônica, que prioriza o individualismo, competitividade e o consumismo (GUIMARÃES, 2013, p. 20).


Uma perspectiva docente mais crítica é necessária para desafiar essa compreensão dominante e incluir a população marginalizada que luta para estudar diariamente.


para a perspectiva crítica, é preciso admitir que um ato educativo carrega a relação entre o que se quer e o que se faz em uma escola e o que a sociedade impõe na forma de expectativas e exigências à instituição e às pessoas, polos estes apinhados de tensionamentos. Para a Educação Ambiental crítica, consequentemente, a prática escolar exige o conhecimento da posição ocupada por educandos na estrutura econômica, da dinâmica da instituição escolar e suas regras e da especificidade cultural do grupo social com o qual se trabalha (LOUREIRO, 2007, p. 67).

 

Na docência é preciso estar vigilante e atento para o perigo de interpretar os processos sociais unicamente a partir de conteúdos específicos da ecologia, biologizando o que é histórico social. Explicar os fenômenos sociais puramente em termos de fatores biológicos, como genética ou biologia evolutiva, sem considerar o papel das normas culturais, eventos históricos ou sistemas políticos e econômicos, leva a consequências, segundo Loureiro (2007), como uma visão funcionalista de sociedade, estabelecendo analogias generalizantes entre sistemas complexos e autorregulados distintos e ignorando a função social da atividade educativa, numa sociedade economicamente desigual e repleta de preconceitos culturais.


Adotar uma abordagem na docência que entenda os processos sociais, que considere a interação de fatores biológicos, culturais, históricos e sociais é essencial para desenvolver uma compreensão abrangente e diferenciada de fenômenos sociais complexos e para evitar explicações reducionistas ou simplistas que ignoram a rica diversidade da experiência humana.

           

A Educação Ambiental Crítica envolve questionar e analisar nossos valores, atitudes e comportamentos por meio do diálogo e da reflexão (LOUREIRO, 2007). O conceito de "conscientização" apresentado por Paulo Freire (1979) é essencial nesse processo, que envolve aprendizado mútuo por meio da ação no mundo. Essa abordagem visa ampliar o conhecimento das relações que compõem a realidade e transformá-la por meio da ação coletiva.


Inserido na docência, o termo "conscientizar" possui demasiada utilização. No entanto, deve-se atentar a natureza problemática de seu uso no contexto da Educação Ambiental, que advém da possibilidade de interpretação como um processo unidirecional de transmitir conhecimento a quem não o possui. Em vez disso, o objetivo final da educação deve ser a emancipação, que envolve transformar nosso modo de vida, superar relações de exploração e dominação e alcançar a liberdade de gerar cultura e fazer escolhas autônomas (FREIRE, 1987). 


É preciso enfatizar o aprendizado mútuo e a ação coletiva para transformar nossa compreensão do mundo. Na educação, a prática docente deve estar ciente da importância de contextualizar a informação e a cultura na prática e na recreação da própria cultura, ao mesmo tempo em que deve reconhecer as especificidades, as perspectivas únicas do ser professor, pai, aluno e outros membros da comunidade escolar.


O papel da educação é soberano, tanto para a elaboração de estratégias apropriadas e adequadas para mudar as condições objetivas de reprodução, como para a automudança consciente dos indivíduos chamados a concretizar a criação de uma ordem social metabólica radicalmente diferente (MÉZÁROS, 2005, p. 65).

 

Os educadores devem engajar-se como testemunhas e agentes da mudança social, tornando-se agentes políticos em vez de partidos neutros. O papel do educador deve ser liderar o processo educacional com responsabilidade, pois a educação é um processo diretivo que requer competência profissional.


Assim, os educadores devem se engajar na construção dialógica, intencional do conhecimento com os alunos sobre questões ambientais atuais e emergentes. Os educadores que optam por ser progressistas (FREIRE, 2006) devem possuir qualidades como ser críticos e criativos, instigadores e inquietos, curiosos e dialógicos, políticos e competentes, humildes e amorosos, corajosos, tolerantes e persistentes. Precisamos reafirmar que


nossa vocação não é necessariamente a da acomodação, mas sim a da busca. E essa busca só se desvela em sua potencialidade através de nossa prática política, de uma ação e reflexão orientadas para a transformação, sem necessariamente significar que nossa crença em uma libertação pela prática, resulte imediatamente na libertação, mas sim que é preciso lutar por elas, para a conformação de condições histórica e objetivamente favoráveis (FREIRE, 2006, p. 30). Essa luta parte de nossa ação cotidiana, particular, mas se universaliza quando a identificamos com uma causa geral, qual seja, o retorno do homem a sua humanidade. Acreditamos que essa seja a radicalidade da ação ética e política propostas por Paulo Freire, as quais não estão em momento algum dissociadas de seu modelo educacional, a Pedagogia da Liberdade (CANABARRO; DE OLIVEIRA; DA SILVA, 2014, p. 390)

 

Essas características não fazem parte apenas do discurso do educador, mas também de seu testemunho, essencial para a coerência teórica e prática de um educador libertador. Os educadores devem ser exemplos de práticas de cidadania sustentável em seus espaços de vida para contribuir para a construção de um novo estilo humano de se relacionar entre si e com o mundo natural. “Como educador, preciso ir lendo cada vez melhor a leitura de mundo que os grupos populares com quem trabalho fazem de seu contexto imediato e do maior de que o seu é parte” (FREIRE, 1996, p. 90).


Paulo Freire (1987) criticou a abordagem tradicional da educação que tratava todos os alunos como se fossem iguais, com formas idênticas de pensar e aprender. Ele acreditava que essa abordagem era falha porque presumia que os alunos eram receptores passivos do conhecimento, em vez de participantes ativos no processo de aprendizagem.


Freire argumentou (1987) que a educação não deveria ser reduzia a uma mera transferência de informações de professor para aluno, mas deveria ser um processo dinâmico de diálogo e interação. A educação deve ser um espaço onde os alunos sejam incentivados a fazer perguntas, desafiar suposições e se engajar no pensamento crítico, pois “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996; p. 24 e 25). Freire acreditava que essa abordagem da educação era essencial para promover a transformação social e capacitar os indivíduos a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades.

           

Assim, Freire contribui para a Educação Ambiental e pedagogia, que estão intimamente relacionadas. A pedagogia se refere a teoria e a prática da educação – práxis, na teoria freiriana -, enquanto a Educação Ambiental é um campo especifico da educação que se concentra em questões ambientais.

           

A pedagogia fornece a estrutura teórica para a Educação Ambiental, enquanto a Educação Ambiental fornece um contexto especifico para a aplicação de princípios pedagógicos. Juntas, a Educação Ambiental e a pedagogia fornecem uma ferramenta de grande poder para promover a consciência ambiental e sustentável (CANABARRO; DE OLIVEIRA; DA SILVA, 2014).


Segundo Schumacher, Rocha e Martinez (2015), a abordagem pedagógica de Freire enfatiza a importância do pensamento crítico, do diálogo e da ação no processo de aprendizagem. Essa abordagem é particularmente relevante e valiosas para a Educação Ambiental, que busca capacitar indivíduos e comunidade a tomarem medidas para abordar questões ambientais. Freire enfatiza a necessidade de abordar as desigualdades sistêmicas por conta da injustiça ambiental e para promover a sustentabilidade e a justiça social.        


As ideias e conceitos de Freire, como práxis, diálogo e foco na justiça social, devem ser aplicados na EA. Suas contribuições passam pela pertença do ser humano ao mundo-natureza como algo interdependente, e na busca de uma educação voltada para a construção de um sentimento de pertencimento ao mundo (GIRON; FERRARO, p. 243).


Freire (1983) acreditava que os humanos não são seres completos ou acabados, mas sim inacabados, o que significa que estão em constante evolução e desenvolvimento. Esse conceito de inacabado é importante, porque enfatiza a necessidade de aprendizagem e educação ao longo da vida, pois os indivíduos estão sempre em processo de se tornarem mais humanos. "A capacidade de apreender, não apenas para nos adaptar, mas sobretudo para transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a..." (FREIRE, 1996, p. 76).


Também é importante em sua visão (FREIRE, 2003) o ser humano enquanto ser relacional, com o mundo e no mundo. É nessa comunicação dialógica que ele vai fazendo a história e a cultura, vai transformando o mundo e a si mesmo, de forma ativa e política, buscando responder a seus inquietamentos e problematizando a realidade de vida.


Todas essas relações que o ser humano estabelece com o mundo e com os outros precisam estar pautadas numa ética – característica intrínseca aos seres humanos – que, segundo Freire, está em conformidade com a liberdade, pois quanto mais livres somos, maior a nossa eticidade. Nesse sentido ele enfoca a ética universal, que se contrapõe à pseudo-ética do mercado do lucro, da ganância, que inferioriza as pessoas em detrimento do capital. Nesse contexto, Freire corrobora a finalidade da Educação Ambiental, enquanto formadora de uma Ética de Responsabilidade das pessoas entre si e no uso dos bens naturais renováveis e não- renováveis, em prol da sustentabilidade no mundo: um outro mundo possível, onde as relações e ações se pautem pela busca permanente do equilíbrio ecológico dinâmico para a vida com qualidade. Assim, a Educação Ambiental terá sentido na medida em que desenvolva a liberdade humana para optar, decidir e agir de acordo com os princípios e valores cidadãos de respeito, honestidade, justiça, prudência e solidariedade para com a realidade-mundo (DICKMANN; CARNEIRO, 2012, p. 93).

 

Quanto à concepção de mundo, para Freire (1987) o mundo é lugar da presença humana, ou seja, uma realidade objetiva que engloba tanto o mundo natural biofísico quanto o mundo cultural e dos quais o ser humano faz parte, pelos seus aspectos biológicos e pelo seu poder criador. O mundo não é apenas suporte natural para a vida, mas o lugar onde o ser humano faz história e faz cultura. E, nesse contexto, o mundo é lugar da existência das relações, das interdependências, tanto entre os seres humanos como destes com o mundo.


O diálogo (FREIRE, 1987) apresenta-se fundamental no ensino e na educação. Ouvir é um aspecto crucial do diálogo, pois é através da escuta que aprendemos a falar em uma posição dialógica que considera o outro como sujeito do conhecimento. É necessário disponibilidade para o diálogo, o que envolve respeitar as diferenças e ser consistente em ações e palavras.


O ensino por meio do diálogo requer um cuidado genuíno com os alunos, o que inclui uma conexão emocional que não está separada da compreensão cognitiva. O diálogo deve ser baseado em palavras conectadas ao mundo vivido, em vez de abstratas ou desconectadas da realidade.


No contexto da educação, isso significa que o ensino deve envolver uma práxis pedagógica que vincule ação e reflexão. Ao enfatizar a importância do diálogo e da conexão com o mundo vivido, o autor sugere que a educação deve ser contextualizada e relevante para as experiências dos alunos (FREIRE, 1996).

Essa abordagem é particularmente importante no contexto da Educação Ambiental, onde as experiências vividas por comunidades e ecossistemas são fundamentais para entender e abordar questões ambientais.


O dialogar gera o diálogo que garante e estimula a fala do outro, motiva as pessoas a se sentirem importantes e envolvidas nas decisões e na co-responsabilidade das escolhas e das consequências dessas. São estas relações educativas que possibilitam aos aprendentes identificarem a necessidade de se colocarem na situação de aprendizes, para oportunizarem a condição de educador. Que somente respeitando os saberes alheios se terá o devido respeito aos seus saberes e a condição de efetivarmos um saber parceiro (FIGUEIREDO, 2006, p. 9).

 

A centralidade da práxis humana como elemento fundamental para a compreensão e transformação do homem e da sociedade, segundo Paulo Freire (1996), é um elemento fundamental para entender e transformar os indivíduos e a sociedade, é base para a pedagogia. Esta refere-se a ideia de que a ação e a reflexão humana estão interrelacionadas e que os indivíduos devem se envolver em atividades práticas e concretas para realmente compreender e transformar o mundo ao seu redor. Esse conceito é fundamental para a teoria da educação de Freire e sua filosofia mais ampla de mudança social. A ênfase na práxis, enquanto unidade dialética entre ação e reflexão é fator essencial no processo educativo.


A educação deve ser uma ferramenta para que os indivíduos se tornem mais conscientes do mundo ao seu redor e de seu lugar nele. Por meio da educação, os indivíduos podem desenvolver um senso de responsabilidade e consciência ética, o que pode levar a mudanças positivas no mundo.


Ao se posicionar em relação ao mundo como um ser inacabado, os indivíduos podem assumir a responsabilidade por seu próprio desenvolvimento e contribuir para o desenvolvimento de um mundo mais justo e sustentável.


O processo de conscientização é epistemológico e relacional entre educadores e estudantes, por meio do diálogo e do conhecimento da realidade, levando ao desenvolvimento da cidadania ambiental e à percepção de si mesmo como sujeito transformador na defesa dos espaços socioambientais.


De acordo com Freire (2001a), a cidadania não pode ser transmitida, mas é aprendida por meio de experiências práticas e conscientização continua. À medida que os alunos se envolvem nesse processo, eles começam a se ver como agentes de mudança que podem participar da tomada de decisões e intervenções para defender espaços socioambientais em suas vidas diárias.


Paulo Freire, uma das referências fundadoras do pensamento crítico na educação brasileira insiste, em toda sua obra, na defesa da educação como formação de sujeitos sociais emancipados, isto é, autores de sua própria história (CARVALHO, 2004, p. 20).


No campo de abrangência da educação e suas abordagens, a influência de maior destaque encontra-se na pedagogia inaugurada por Paulo Freire, que se coloca no grupo das pedagogias libertárias e emancipatórias iniciadas nos anos de 1970 na América Latina, em seus diálogos com as tradições marxista e humanista. Esta se destaca pela concepção dialética de educação, que é vista como atividade social de aprimoramento pela aprendizagem e pelo agir, vinculadas aos processos de transformação societária, ruptura com a sociedade capitalista e formas alienadas e opressoras de vida. Vê o “ser humano” como um “ser inacabado”, ou seja, em constante mudança, sendo exatamente por meio desse movimento permanente que agimos para conhecer e transformar e, ao transformar, nos integramos e conhecemos a sociedade, ampliamos a consciência de ser no mundo. Aqui, além de Paulo Freire, nomes como os de Miguel Arroyo, Moacir Gadotti e Carlos Rodrigues Brandão são fundamentais (LOUREIRO, 2004, p. 66).

 

Segundo Freire (1967), o conhecimento não consiste apenas em entender fatos isolados, mas em compreender o mundo como um todo, incluindo a experiência humana e sua relação com o meio ambiente. Essa compreensão holística do conhecimento requer uma comunicação dialógica entre os indivíduos, onde cada pessoa traz suas próprias experiências e perspectivas para a conversa.


Ele enfatiza que cada pessoa tem um "saber da experiência feito", ou um conhecimento adquirido em suas experiências de vida, que é um ponto de partida importante para a construção de novos conhecimentos (FREIRE, 2001b).


O conhecimento não é apenas um processo individual, mas é mediado pelo mundo e seus contextos sociais, espaciais e temporais. Isso significa que o conhecimento não é estático, mas está em constante evolução e mudança à medida que os indivíduos se envolvem com o mundo ao seu redor.


O método é baseado na realidade da vida espacial, social e histórica dos alunos e vai além do conhecimento tradicional dos livros didáticos, introduzindo uma nova forma de ler, analisar e raciocinar sobre a realidade, incentiva o pensamento crítico e a reflexão sobre as situações de opressão que os alunos enfrentam, buscando mudanças humanizadoras.


Sua metodologia é incompatível com abordagens pedagógicas conservadoras que dependem da transmissão de conhecimentos pré-estabelecidos, desconectados dos contextos de vida dos alunos, sua contribuição para a educação não é principalmente sobre conteúdo, mas sobre o método e propósito da educação, estabelecendo novos parâmetros para as práticas educacionais.


Essa orientação metodológica pode ser aplicada à Educação Ambiental, fornecendo uma nova forma de discutir questões socioambientais, seus obstáculos e soluções alternativas para os problemas.


Os princípios da Pedagogia Freire apoiam a discussão de questões socioambientais. Trabalhar em torno de questões concretas enfrentadas por indivíduos local e globalmente envolve questionar o padrão de civilização atual, a ideologia dominante e as situações que limitam o progresso em direção a uma sociedade sustentável e solidária.


Segundo Freire (1992), a educação é uma prática política tanto quantoqualquer prática política é pedagógica. Não há educação neutra. Toda educação é um ato político, “que assumamos o dever de lutar pelos princípios éticos mais fundamentais como do respeito à vida dos seres humanos, à vida dos outros animais, à vida dos pássaros, à vida dos rios e florestas” (FREIRE, 2000, p. 67).


Entender a Educação Ambiental como um ato de amor, segundo a perspectiva de Freire (1987), envolve reconhecer nossa responsabilidade de impacto no planeta e transformar a realidade em que vivemos. Isso significa que devemos adotar uma abordagem proativa para abordar questões ambientais e trabalhar para criar um mundo mais sustentável e equitativo.


Ao ver a Educação Ambiental como um ato de amor, estamos reconhecendo a interconexão de todos os seres vivos e reconhecendo a importância de preservar o mundo natural para as gerações futuras. 


Entendermos a Educação Ambiental não de forma reducionista, nem somente preservacionista, mas sim com uma visão crítica e inovadora, como uma dimensão da educação, um ato político voltado para a transformação social. E essa Educação Ambiental exige de nós o compromisso pela renovação e transformação do mundo, que, neste ato, também carrega o amor que precisamos ter pelo mundo (Schumacher; Rocha; Martinez, 2015, p.7).

 

A abordagem da práxis, que envolve reflexão-ação-reflexão, pode ajudar indivíduos a se tornarem atores políticos. A sociedade atual é marcada pelo avanço tecnológico, consumismo, desigualdade e individualismo, que levam à produção e ao consumo excessivos sem levar em conta os impactos naturais, sociais e econômicos.


Para solucionar esses problemas, acreditamos que as pessoas precisam desacelerar, observar e refletir sobre suas ações e seu impacto no meio ambiente e na sociedade. Destacamos a necessidade de ação coletiva e colaboração para enfrentar os desafios ambientais, já que nenhuma pessoa ou grupo pode resolver esses problemas sozinho.


Trazendo as reflexões para a Educação Infantil, compreendemos que a criança de hoje está imersa em um mundo muito diferente daquele de décadas atrás. Ela participa de diversas esferas da vida social de forma mais abrangente. Portanto, traz consigo, por meio da modernidade, uma vasta experiência interacional, tecnológica e educacional. No entanto, em áreas predominantemente urbanas, ocorre o afastamento de noções básicas, interação e experienciação com a natureza, onde as crianças são colocadas de forma fragmentada da natureza, do ambiente em que vivem (SALVI, 2018, p. 64).


Cada uma delas, no curso da sua infância, manifesta-se, tem experiências, vivências e constrói reflexões a partir de suas necessidades, de seus interesses, por meio de sua vida cotidiana. Como visto, Freire pautava-se em suas obras, prática e reflexões, no diálogo, na amorosidade e em educar através de um mundo com significado. A Educação Infantil mostra-se um espaço privilegiado para tais ações, pois as crianças estão em constante processo de desvendar o mundo, criar e reinventar, e se apropriar do real e imaginário para se desenvolver.


A educação tem grande influência na vida das crianças, visto que a obrigatoriedade escolar se inicia aos quatro anos de idade (BRASIL, 2013). À medida que as crianças ingressam cada vez mais cedo nas instituições escolares, torna-se fundamental iniciar cada vez mais cedo a Educação Ambiental, pois isso reflete assumir a urgência de desafios ambientais atuais e futuros (ZANON, 2019, p. 34).


Segundo Clarice Cohn, a criança não sabe menos, sabe outras coisas (p. 33, 2005). A criança é produto de uma determinada cultura, assim como produz a partir do meio em que está inserida. Ampliar o pensamento e conhecimento ecológico, abranger temas significativos e que pertençam às vivências da infância em seu tempo espaço específico são formas de efetivamente aproximar a Educação Ambiental da Educação Infantil.


Devemos ter a concepção que as crianças entram para a instituição escolar repletas de bagagem, vivências e aprendizados, e desconsiderar isso é desconsiderar sua cidadania e valor social, pois as crianças não são o futuro do mundo e sim o presente.


Em Freire (2001c), “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, e na


Educação Infantil torna-se primordial esta tarefa, fazer com que as crianças possam ler o mundo, descobri-lo pouco a pouco, através da curiosidade, da aproximação à natureza, através da arte, das histórias infantis, entre outras possibilidades (PRESTES; RODRIGUES, p. 5).

 

A infância é uma categoria permanente, na medida em que está sempre pronta a abraçar novos grupos de crianças. É uma fase que não se conserva inflexível por haverem diversos parâmetros – econômico, social, político, cultural, tecnológico, entre outros, que interferem e influenciam no modo como a criança vive e entende esse momento da vida.


Conhecer nossa diversidade cultural e nossas crianças, nela inseridas de maneira constitutiva, é uma condição importante para pensar em uma Educação Ambiental para a infância, já que diferentes culturas determinam diferentes infâncias e diferentes infâncias exigem diferentes pedagogias.


Assim, quando tratamos de crianças pequenas, estamos falando de indivíduos que estão se descobrindo e descobrindo o mundo, tudo é novidade e curioso. A partir disso, as crianças sempre encontram algo interessante e desconhecido, transformando-o em uma aventura através da brincadeira. O brincar é um direito inalienável da criança, sendo parte constituinte da infância.


A brincadeira potencializa a aprendizagem, tudo se torna descobertas, desde o mais simples ao mais complexo, pois o brincar estrutura o pensamento, a linguagem, as relações pessoais e as ações das crianças (ÒDENA, 2010). “Por meio da brincadeira, ajudamos a criança a estabelecer os primeiros contatos, comunicações e interesses mútuos.” (MAJEM, 2010, p. 8).


Não se restringe aqui o brincar com brinquedos mecânicos, industrializados, ou necessariamente com objetos, mas o brincar de maneira ampla, com o próprio corpo, com a natureza e com a imaginação, por exemplo, pois as possibilidades são infinitas.


A Educação Ambiental é processo permanente e busca, para além do contato com a natureza, integrar o respeito, as emoções, a solidariedade, entre outros elementos fundamentais para a formação das crianças (ZANON, 2019). Para que isso ocorra, o ambiente educativo deve ser um “espaço em que a criança, popular ou não, tenha condições de aprender e de criar, de arriscar-se, de perguntar, de crescer (FREIRE, 1999, p.42)”.


As turmas de Educação Infantil acolhem diversas e diferentes crianças, o atravessamento de ser e estar no mundo de cada indivíduo a cada dia dentro da instituição deve ser considerado, visto que nos transformamos a cada dia voluntaria ou involuntariamente.


Na Educação Infantil podemos incorporar, nas práticas da vida cotidiana, outros modos de conceber e produzir o tempo, formas que rompam com a lógica temporal dominante. Construir tempo para estar junto e fazer-se presente, isto é, estar com as crianças, atentos, interessados, tranquilos, solícitos (FOCHI, 2013), acompanhando, estando junto, perguntando, inventando com elas. Ser presença e guardar espaço para que a criança se torne presença no mundo (BIESTA, 2013). (BARBOSA, 2013, p. 218).

 

É preciso atuar na Educação Infantil com dedicação, despertar o sentimento de pertencimento, cultivar uma mentalidade colaborativa e fortalecer valores como caráter, solidariedade e justiça, assim como sensibilizar tanto as crianças quanto seus pais e comunidade em relação aos desafios ambientais, estimulando uma conexão profunda com o meio ambiente e uma consciência ativa de cuidado e preservação da natureza (ZANON, 2019, p. 40).


A Educação Infantil, segundo Salvi (2018, p. 77) é um


período que exige amplo conhecimento do educador acerca de desenvolvimento humano, comprometimento com o desenvolvimento integral das crianças, respeito à cultura e às especificidades do trabalho com esta demanda de atendimento, ou seja, uma prática educativa coerente com as exigências de uma pedagogia para a infância.

 

No processo formativo crítico, a Educação Ambiental é fundamental para a emancipação humana e (re)avaliar a educação e a sociedade a fim de construir um mundo melhor.


É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo... (FREIRE, 1992, apud CABRAL, 2015, s.p.).

 

Na busca da transformação da realidade, a EAC e a EA freireana, buscam promover uma reflexão profunda sobre as relações entre sociedade e meio ambiente, buscando a transformação das práticas e valores que orientam a interação humana com o planeta, questionam as estruturas de poder e as formas de exploração dos recursos naturais.


Que continuemos esperançando, a partir das infâncias, na construção de uma sociedade mais justa e sustentável, com consciência e participação ativa dos indivíduos na construção de conhecimentos e na transformação da realidade.

 

3. CONCLUSÃO

 

A EA desempenha um papel essencial na construção do conhecimento e na formação dos cidadãos. Por meio dela, podemos transformar a sociedade atual em uma sociedade mais consciente e preocupada com a preservação do mundo e desempenhar um papel fundamental na construção de relações sociais, econômicas e culturais que valorizem e respeitem as diferenças.


O ambiente escolar é um dos locais mais importantes para essa transformação e os professores são os principais agentes dessa mudança. Precisamos de uma Educação Ambiental Crítica, que vá além do conhecimento e busque uma mudança real de comportamento. Precisamos desenvolver habilidades de pensamento crítico e examinar as estruturas sociais e as relações de poder que têm contribuído para os problemas ambientais ao longo dos séculos.


A abordagem tradicional de adquirir conhecimento não é eficiente. Infelizmente, a educação tem se baseado em uma visão limitada e padronizada do ser humano, ignorando a riqueza de saberes produzidos em diferentes culturas e as diferentes dimensões da experiência humana. Precisamos adotar uma práxis na educação, que leve em consideração a interrelação de fatores biológicos, culturais, históricos e sociais.


Considerando a educação infantil, a abordagem freiriana é uma maneira lúdica e prazerosa de garantir o desenvolvimento integral das crianças e construir ativamente sua participação na sociedade. Paulo Freire enfatizou a importância de amar e cuidar do mundo. Portanto, é essencial que os educadores da educação infantil, tanto na rede privada quanto na rede pública, conheçam e apliquem os princípios de Paulo Freire em seu trabalho pedagógico, para oferecer uma educação mais significativa, inclusiva e comprometida com a sustentabilidade ambiental.

 

4. REFERÊNCIAS

 

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PAGOTTO, Gabrielli. Contribuições da perspectiva de educação ambiental freiriana para a prática pedagógica. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.2, n.5, 2024; p. 269-296. ISSN 2965-9760 | D.O.I.: doi.org/10.59283/unisv.v2n5.017



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