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Flávio Gomes

CIÊNCIAS SOCIAIS: EVOLUÇÃO, ATUAÇÃO, IMPORTÂNCIA E PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS PARA A SOCIEDADE

Atualizado: 8 de mar.

SOCIAL SCIENCES: EVOLUTION, ROLE, IMPORTANCE, AND CONTEMPORARY PERSPECTIVES FOR SOCIETY





Como citar esse artigo:


GOMES, Flávio. Ciências sociais: evolução, atuação, importância e perspectivas contemporâneas para a sociedade. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.1, n.2, 2024; p. 160-172. ISBN 978-65-85898-42-3 – D.O.I.: doi.org/10.59283/ebk-978-65-85898-42-3



Autor:



Flávio Gomes

Discente do curso de Ciências Sociais no Grupo Educacional IBRA (Instituto Brasil de Ensino). - Contato: barbieri1012@gmail.com


RESUMO


O artigo aborda a importância das Ciências Sociais como instrumento para solucionar os problemas sociais enfrentados pelo mundo contemporâneo. Para discutir o tema, realizaram-se pesquisas bibliográficas significativas, que contribuíram para compreender as etapas de surgimento e evolução da área, seus principais pensadores e suas variadas contribuições. Essas pesquisas também permitiram identificar as perspectivas atuais da ciência. O objetivo incluiu aprofundar o conhecimento sobre a relevância da ciência no estudo dos fatos sociais e ressaltar os que mais impactam a sociedade, além de evidenciar a importância dos estudos na área para resolver os problemas que mais afetam o desenvolvimento econômico e social. As Ciências Sociais no Brasil se destacam pelas pesquisas desses profissionais, que contribuem significativamente para transformar os resultados encontrados em políticas públicas eficazes, gerando benefícios para o desenvolvimento e o combate às desigualdades. Observou-se que as pesquisas realizadas e a atuação dos profissionais de sociologia têm crescido diante das necessidades e são fundamentais para enfrentar os desafios sociais.


Palavras-chave: Ciências Sociais; políticas públicas; problemas sociais; pesquisas; importância; desafios.


ABSTRACT


The article addresses the importance of Social Sciences as a tool for solving the social problems faced by the contemporary world. To discuss the topic, significant bibliographic research was conducted, contributing to an understanding of the stages of emergence and evolution of the field, its main thinkers, and their varied contributions. This research also made it possible to identify the current perspectives of science. The aim included deepening knowledge about the relevance of science in the study of social facts and highlighting those that most impact society, in addition to demonstrating the importance of studies in the area to solve the problems that most affect economic and social development. Social Sciences in Brazil stand out for the research of these professionals, who significantly contribute to transforming the findings into effective public policies, generating benefits for development, and combating inequalities. It was observed that the research conducted, and the action of sociology professionals have grown in the face of needs and are fundamental in addressing social challenges.


Keywords: Social Sciences; public policies; social problems; research; importance; challenges.


1. INTRODUÇÃO


A área de Ciências Sociais, desde seus primórdios até sua consolidação no século XIX, tem desempenhado um papel crucial na análise e compreensão dos fenômenos sociais, políticos e econômicos. Este campo de estudo, que começou a ser explorado e aplicado na sociedade há séculos, ganhou notoriedade e importância ao longo do tempo, tornando-se indispensável na interpretação das dinâmicas sociais, das transformações nos ambientes de trabalho e das evoluções da sociedade em geral. No contexto contemporâneo, as Ciências Sociais emergem como uma ferramenta essencial, não apenas na identificação e resolução de problemas sociais, mas também na proposição de alternativas sustentáveis que promovam o bem-estar coletivo. A ascensão da sociologia como disciplina e a crescente demanda por profissionais especializados refletem a relevância e a aplicabilidade desses estudos na formulação de políticas públicas e estratégias de desenvolvimento social.


Em meio a uma sociedade caracterizada por profundas desigualdades e uma gama diversificada de desafios, os sociólogos têm desempenhado um papel fundamental. Através de pesquisas rigorosas, contribuem significativamente para a elaboração de políticas públicas e para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Este contexto evidencia a importância dos estudos sociológicos, que não só ganharam destaque na agenda dos governantes, mas também fortaleceram a disciplina como uma ciência robusta e promoveram o reconhecimento dos profissionais da área.


Este artigo visa aprofundar o entendimento sobre a evolução das Ciências Sociais, destacando a expansão de suas áreas de atuação à medida que novas problemáticas sociais emergiram e novos estudos se mostraram fundamentais na busca por soluções. Pretende-se, assim, explorar a trajetória da sociologia, destacando os principais pensadores e as contribuições que moldaram o desenvolvimento da disciplina, bem como examinar o trabalho dos profissionais que, através de suas pesquisas, enfrentam os problemas sociais que afetam nossa realidade.


A relevância deste estudo reside na necessidade de ampliar a compreensão sobre a disciplina e ressaltar sua importância no contexto atual, onde as Ciências Sociais desempenham um papel crucial na resposta aos desafios enfrentados pela sociedade contemporânea, especialmente no Brasil. Através de uma revisão bibliográfica abrangente, que inclui artigos científicos e obras de autores renomados, este trabalho busca não apenas expandir o conhecimento sobre a área, mas também evidenciar a significativa contribuição dos profissionais das Ciências Sociais para o avanço social e o desenvolvimento de políticas públicas eficazes.


2. MOMENTOS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS


O surgimento desta ciência, conforme mostram as pesquisas, não é recente; ocorreu em um período mais antigo e sofreu adaptações e melhorias ao longo do tempo. Os estudos realizados tornaram-se importantes, especialmente nos dias atuais, em que os profissionais da área são mais valorizados e focados. O conhecimento então disponível serviu para fornecer lições valiosas adequadas àquela época, quando a sociedade e os pensadores precisavam compreender as mudanças sociais decorrentes da transição de uma sociedade feudal para o início de uma sociedade capitalista.


Os primeiros passos foram dados nos séculos XVIII e XIX, período marcado por movimentos importantes como a Revolução Francesa, o Iluminismo e a Revolução Industrial. A ciência também era chamada de "ciência da crise" na época, por provocar reflexões sociais relativas ao processo de transformação, principalmente as decorrentes do processo de industrialização e urbanização em curso. Seus métodos de estudo baseavam-se em técnicas das ciências naturais.

Segundo Nunes (1987, p. 29), a formação das Ciências Sociais está intrinsecamente ligada à emergência histórica da independência dos fenômenos sociais. Ou seja, foi a partir dos avanços socioeconômicos, políticos e teóricos ocorridos entre os séculos XVII e XIX que se consolidou a concepção de uma estrutura social secular e coletiva. Esta estrutura não estava atrelada diretamente a determinações divinas, mas sim à dinâmica social própria, regida por princípios e leis específicas. Este período marcou uma transição fundamental na maneira como a sociedade compreendia a si mesma e às suas organizações, pavimentando o caminho para o estabelecimento das Ciências Sociais como um campo autônomo de estudo, dedicado a analisar e interpretar as complexidades das interações humanas e das instituições sociais sob uma nova luz.


3. CONTRIBUIÇÃO DE IMPORTANTES PENSADORES


Importantes pensadores, cada um dentro de sua época e de formas diversas, contribuíram para o crescimento e protagonismo das ciências sociais. O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) deu sua contribuição naquela época; o pensador influenciou o pensamento social no período, dedicando-se principalmente à escrita e atuando de forma crítica, principalmente com pesquisas focadas nos excluídos pela sociedade. Já outro pensador, Erving Goffman (1922-1982), teve suas análises voltadas para o mundo cotidiano, desenvolvendo pesquisas em lugares rotulados ou condenados pela sociedade e até mesmo por cientistas sociais. Optou por analisar os detalhes do cotidiano, por exemplo, buscou comparar as maneiras e comportamentos de grupos ou pessoas com os demais membros da sociedade.


É preciso destacar que, nesses períodos históricos, existiram também outros pensadores mais clássicos da sociologia, que tiveram a devida importância. Destacam-se o filósofo e economista alemão Karl Marx, o francês Émile Durkheim e o alemão teórico político Max Weber. Além desses, Auguste Comte teve uma importante participação, sendo considerado como o “pai da sociologia”. Seus estudos eram baseados na necessidade de uma ciência capaz de entender as bases da sociedade e criar alternativas de intervenção para que essa mesma sociedade atingisse um desenvolvimento pleno.


Já Karl Marx entendia que o materialismo histórico compreende a história e se baseava numa relação de diálogo e razão entre diferentes classes sociais. Para ele, a relação entre as duas classes era injusta e seria necessária uma revolução da classe proletária para dominar os meios de produção por meio do estabelecimento de uma ditadura do proletariado. Essa ditadura, de cunho socialista, tenderia a eliminar de vez a diferenciação de classes sociais, resultando no comunismo.


Émile Durkheim (2003) foi mais além e defendeu que a sociedade era complexa e, para compreensão das funções, deveria haver por parte do sociólogo uma compreensão dos fatos que regem as diferentes sociedades, pois eles seriam fixos, sendo tais fatos externos ao indivíduo, coercitivos e generalizantes, o que faz com que sejam a única opção de entendimento concreto e científico da sociedade. Entendimento esse que não teve a concordância de Max Weber. Este defendia que as ações sociais eram individuais e não existiam fatos sociais. Durkheim, que, fazendo uma crítica à recém-criada ciência psicológica, procurava demonstrar que o fato individual não tem força social. Para ele, até mesmo o suicídio, que aparentemente é um ato que depende da vontade de cada um, na verdade é um fato social, determinado por variáveis objetivas e não subjetivas.


Mas o pensador que realmente consolidou o estudo das Ciências Sociais foi o sociólogo Émile Durkheim (2023). Ele utilizava um sistema de métodos baseados em observação para estudar os eventos sociais. Defendia como métodos de estudo a imparcialidade e a distância daquilo que era estudado. Uma obra foi destaque e teve uma grande importância para a sociologia ("As Regras do Método Sociológico"). Para ele, a educação tinha um importante papel e contribuía para os indivíduos se adequarem às regras da sociedade da época.


4. IMPORTÂNCIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO ESTUDO DE FATOS SOCIAIS


Mas, o que é Ciências Sociais? Conhecemos a importância e a função desses profissionais no estudo da sociologia e sua atuação na sociedade? Sabemos que essa área desempenha um papel importante, e seus estudos e/ou pesquisas apresentam relevância na resolução de questões e problemáticas enfrentadas pela sociedade, seja em uma cidade, estado, país ou até globalmente.


Para compreender a importância e o papel desta ciência, é preciso ressaltar que o profissional da área, ou seja, o cientista social, é o pesquisador responsável que atua nas três principais áreas na pesquisa sobre o comportamento humano e a convivência entre as espécies. Destacam-se a Antropologia, as Ciências Políticas e a Sociologia (Lei Federal 6.888 de 10 de dezembro de 1980).


As Ciências Sociais voltam-se para o estudo dos movimentos e temas que influenciam a sociedade desde os tempos antigos até o contexto contemporâneo, abordando os agentes que modificaram a sociedade ao longo dos tempos e moldando as relações humanas até hoje.


Sob o prisma teórico, a sociologia pode ser concebida como um saber em constante transformação, construtor da autoconsciência crítica da realidade social. Além de ser dinâmico, é reflexivo, contemporâneo e sensível à tradição, e confere legitimidade ao fazer sociológico (LODO, 2006).


Para realizar os estudos, os cientistas sociais utilizam métodos e ideias dos principais pensadores da Sociologia ao longo dos séculos, como Jean Jacques Rousseau, Montesquieu, Auguste Comte, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, entre outros. Cada pesquisador foi importante para a evolução da ciência em sua época e de acordo com sua ideia defendida.


Essa área científica possui um papel essencial para compreender a importância das questões culturais e comportamentais dos indivíduos e dos grupos para a sociedade. Através dos estudos, é possível identificar problemas sociais, investigar e propor soluções que colaboram com o desenvolvimento das comunidades. Os estudos aprofundam-se nos hábitos que têm consequências e importância na busca por soluções eficientes visando o bem-estar social.


Os profissionais formados em uma faculdade de Ciências Sociais continuam os estudos da sociedade e aplicam no contexto atual por meio de pesquisas, buscando soluções para problemas de diversos tipos, que podem ser locais, no município, estado, país e até globais, visando sempre o bem comum.


Para Fernandes (1977), ao sociólogo cabe um papel crítico e inovador perante a sociedade, marcado pela responsabilidade social e voltado para diagnosticar saídas aos problemas encontrados na prática.


O cientista social também pode atuar em órgãos públicos, estudando formas de debater e incluir políticas públicas e programas sociais no contexto em que seu trabalho está inserido. Além disso, tem importante papel no campo das pesquisas e análises demográficas. Há também aqueles que atuam em Organizações Não Governamentais (ONGs), movimentos sociais e na indústria do audiovisual, bastante comuns nos dias de hoje. Além disto, outros profissionais podem dedicar-se a lecionar Sociologia, Antropologia e Ciências Políticas em escolas de ensino básico no Brasil. Importante destacar que o nicho das ONGs é bem presente, muitas vezes representando o Estado, principalmente em regiões mais carentes, que demandam mais atenção e consequentemente mais recursos.


Neste mundo contemporâneo, não é possível negar que, em meio às transformações, o estudo das ciências sociais contribui de forma magnífica para desvendar os problemas existentes, principalmente decorrentes do sistema capitalista, através de explicações científicas.


Para Silva e Pinto (1986), o objetivo comum às ciências sociais é a procura do conhecimento da realidade. Segundo eles, as Ciências Sociais são uma criação recente de uma civilização, e seu desenvolvimento tem sido influenciado por diversos fatores: sua própria evolução teórica; o dinamismo de outras ciências e formas de saber; e as características desiguais de diferentes contextos institucionais e, em geral, sociais.


Além disso, para Ianni (2001), o objeto de estudo das ciências sociais mescla indivíduos e comunidades, classes e grupos sociais, gêneros e raças/etnias, religiosidades e ecologia, identidades e diversidade, realidades e imaginários, regiões e nacionalidades. Confronta e agrupa indivíduo e sociedade, natureza e sociedade, percorre as diversas forças e formas de divisão social, sexual e técnica do trabalho e da produção, diferencia a parte do todo, o singular do universal, o público do privado, assim como a democracia da tirania e da revolução. Confronta as guerras de classe, fundamentalismos religiosos, as guerras étnicas, promovendo tanto a destruição como a criação de riquezas entre os indivíduos e as nações. Sem a atuação desses profissionais, o universo careceria de informações relevantes e fundamentais para os seres humanos, também dificultaria mais ainda a tomada de decisões pelos gestores públicos, resultando numa aplicação de recursos públicos de forma ineficiente.


5. PROBLEMAS SOCIAIS: QUAIS SÃO E COMO AFETAM A REALIDADE


Os problemas sociais, frequentemente identificados como urbanos, são abrangentes e se estendem a todos os dilemas estruturais típicos das cidades. Incluem-se aqui a falta de emprego, moradias precárias, violência, trânsito, escassez de serviços públicos básicos, acessibilidade inadequada, transporte deficiente, uso de drogas, e outras situações similares. Além do ambiente urbano, fatores externos que impactam as cidades incluem questões ambientais, burocracia, impunidade e altos impostos, entre outros.


A intensificação desses problemas também foi exacerbada pelo acelerado processo de urbanização, observado em diversos países do mundo e no Brasil, conhecido como êxodo rural. Esse fenômeno provocou o crescimento desordenado dos centros urbanos, impulsionado pela escassez de oportunidades e perspectivas no campo na metade do século XX. Devido a esse crescimento rápido e desorganizado, as pessoas se estabeleceram onde foi possível, sem planejamento adequado ou infraestrutura básica, resultando em vários aspectos negativos para a vida e saúde. Esse movimento resultou em um déficit habitacional, com moradias precárias e inadequadas para abrigar famílias. Essas estruturas, fragilizadas e muitas vezes localizadas em áreas de risco como morros, áreas alagadiças e margens de córregos, estão vulneráveis a tragédias, comumente observadas em diferentes regiões do país. Todas essas condições, aliadas à inação do poder público, geram o que é conhecido como segregação socioespacial ou formação de favelas. Nesse processo, a especulação imobiliária também afeta as pessoas socialmente mais vulneráveis, que são forçadas a se deslocar para a periferia, tornando-se ainda mais vulneráveis devido à falta de serviços públicos e condições sanitárias adequadas. Muitas dessas pessoas acabam vivendo nas ruas ou se envolvendo com drogas e outras situações de vulnerabilidade.


Violência e criminalidade, consideradas problemas sociais, emergem de fatores como desemprego e falta de acesso aos direitos humanos básicos. Uma população marginalizada, carente de educação e oportunidades de profissionalização, contribui para o alto índice de desemprego no país.


A mobilidade urbana, especialmente em regiões metropolitanas, é outro problema social significativo, impactando negativamente o desenvolvimento e contribuindo para o que é conhecido como "custo Brasil". A ineficiência no transporte público, caracterizada por rotas não estratégicas, superlotação e tarifas elevadas, além do tempo excessivo de deslocamento ao trabalho, são desafios constantes. Além disso, a poluição causada pelo excesso de veículos e as doenças resultantes de ambientes poluídos contribuem para o aumento da mortalidade.


Quando abordamos temas comuns e contemporâneos, o estudo das ciências sociais possibilita aos profissionais da área contribuir na elaboração de projetos em diversos campos, como saúde, assistência social, educação, cultura e justiça, questionando a eficácia e a adequação das metodologias empregadas. As pesquisas auxiliam na redução das desigualdades e na criação de programas de distribuição de renda, por vezes percebidos como meras esmolas, mas essenciais para aqueles que necessitam suprir suas necessidades básicas mínimas. A desigualdade se acentua quando as condições salariais são precárias, comprometendo a dignidade das pessoas. Para Castel (1998), um emprego assalariado digno é crucial para a dignidade e garantia dos direitos sociais dos indivíduos.


6. CIÊNCIAS SOCIAIS NO BRASIL, UM OLHAR SOCIAL


Apesar de as Ciências Sociais terem surgido na Europa no século XIX, no Brasil, sua chegada ocorreu mais precisamente no século XX, intensificando-se na década de 30 e crescendo até 1960. Durante o regime militar, o campo sofreu censuras, supressões e intervenções dos governos da época. No entanto, foi nesse período, entre 1960 e 1970, que os cientistas brasileiros tiveram maior engajamento em debater problemas do Brasil e da América Latina. Já na década de 1980, o cientista social pôde voltar a produzir, graças ao processo de redemocratização.


Dada a importância das ciências sociais no processo de compreensão do funcionamento da sociedade e do comportamento das pessoas, é preciso destacar que sua regulamentação ocorreu por meio da Lei Federal 6.888, de 10 de dezembro de 1980, um marco importante que regulamentou a profissão do sociólogo e definiu as competências desses profissionais. Como disciplina, tornou-se obrigatória no ensino médio em 2009, conforme a Lei Federal nº 11.684, de 2 de junho de 2008.


As pesquisas realizadas por esses profissionais ganharam relevância e contribuíram de maneira objetiva para a compreensão dos conflitos sociais decorrentes do processo de urbanização, evidenciando eventos importantes da vida cotidiana.


Os sociólogos possuem um compromisso ético de trazer à tona problemas afetados pela informação e pelo conhecimento. Seus estudos possibilitam entender onde estamos e traçar rumos para onde a sociedade pretende ir.


Estudos contribuíram para o surgimento de programas de renda mínima para pessoas em situação de vulnerabilidade, fortalecendo a proteção social.


O cientista social, ativo e participante das comunidades, está apto a formular políticas sociais, atuando na busca de causas e consequências. Ele também se destaca no terceiro setor, atuando em organizações não governamentais e subsidiando outros profissionais na busca por um senso comum.


No Brasil, o crescimento da área é também uma fábrica de futuros pesquisadores, cientistas e pensadores, com ideias inovadoras e criativas, características de uma sociedade jovem com uma nova visão de futuro, sem esquecer o passado.


O papel das ciências sociais no desenvolvimento do Brasil consistiu em contribuir para o progresso do país, desempenhando papéis importantes como uma forma de engenharia social, administrando a sociedade e organizando o sistema político. Ela possibilita comparar maneiras de fazer as coisas, observando até mesmo as mesmas práticas em países diferentes.


Nos últimos vinte anos, as ciências sociais no país tiveram um aumento no número de profissionais, tornando a comunidade científica mais complexa e qualificada. Houve também um incremento nas áreas de estudo e na ocupação de espaços. Hoje, o país conta com pesquisadores criativos, voltados para as necessidades e transformações sociais, principalmente no meio tecnológico, pois precisamos nos aproximar de países mais avançados tecnologicamente e atingir novos paradigmas.


7. AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO RESPOSTAS AOS PROBLEMAS SOCIAIS


Para Peters (1986), política pública é a soma das atividades dos governos que atuam diretamente ou por meio de delegação e que influenciam a vida dos cidadãos.


As políticas públicas devem estar inseridas no ambiente populacional, representando um desafio para os gestores públicos. Não é difícil compreender que o mundo capitalista, mais precisamente a industrialização, fez com que pessoas deixassem o campo e fossem para a cidade em busca de oportunidades, provocando o êxodo rural. Esse movimento originou uma concentração de pessoas em ambientes urbanos, demandando maior quantidade e qualidade de serviços públicos.


A partir desse momento, surgiu a necessidade de alocar recursos e atender às necessidades dessas pessoas. Uma boa política pública nasce nas mãos de um bom governo, mas também através da pressão e da união da sociedade organizada, que passa a pressionar parlamentares e governantes para que atendam às reivindicações de saúde, habitação, transporte, entre outros. Políticas públicas são ações tomadas pelos representantes, baseadas em regras normativas visando garantir os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988.


Técnica, ciência, tecnologia, trabalho, emprego e renda ajudam a diminuir os obstáculos sociais, juntamente com uma política de desenvolvimento que também tenha foco no social e no meio ambiente equilibrado, além do econômico.

Em vários países em desenvolvimento, inclusive no Brasil, algumas políticas públicas têm implementação de caráter participativo, visando dar participação a grupos sociais, com exemplos como conselhos de comunidade e o orçamento participativo.


O papel do cientista concentra-se em aplicar seu conhecimento técnico-científico com o objetivo de promover o bem comum e aumentar o desenvolvimento regional e nacional, afinal, políticas públicas se apoiam em ciência e tecnologia. Hoje, temos como exemplos importantes programas na área de moradias, como o Minha Casa, Minha Vida, com o objetivo de promover a cidadania e assegurar o direito garantido na Constituição Federal, e políticas na área de combustíveis renováveis visando a diminuição do aquecimento global e dos gases com efeito estufa, entre outros.


8. CONCLUSÃO


As Ciências Sociais sempre tiveram um papel fundamental desde o seu surgimento até a contemporaneidade. Este estudo buscou acompanhar e aprofundar a relevância dessa ciência na resolução de problemas e desafios sociais, bem como na elaboração de soluções para as expectativas da sociedade.


A pesquisa realizada permitiu explorar o nascimento da sociologia desde seus primórdios, acompanhar sua evolução, conhecer os principais pensadores que contribuíram para o desenvolvimento da ciência em cada época, de acordo com seus diversos pensamentos, e entender como as pesquisas desses profissionais beneficiaram a sociedade.


Concluiu-se que os estudos com foco social contribuem significativamente para a solução dos problemas sociais enfrentados pelas populações, especialmente aqueles que mais necessitam de políticas públicas inclusivas. Ainda, este trabalho destacou a importância e o papel do profissional e pesquisador científico da área, que se depara com um mercado cada vez mais amplo, atraente e repleto de demandas, dada a crescente necessidade de dados precisos para a alocação eficiente de recursos limitados, especialmente em contextos públicos.


As pesquisas evidenciaram que, na atualidade, há uma demanda crescente por respostas sociais e que o trabalho desses profissionais, por meio de pesquisas científicas, é essencial para a alocação mais racional dos recursos disponíveis e para o desenvolvimento de alternativas. Observou-se que, com o passar do tempo, os estudos ganharam maior relevância e não se pode negar a importância crescente destes. O trabalho de pesquisa também proporcionou a ampliação do conhecimento científico de forma geral.


Conclui-se, ainda, que a evolução dos pensamentos sociais é resultado do esforço de pensadores da época e contemporâneos preocupados com o bem-estar da humanidade. Foi possível avaliar o papel das pesquisas para a sociedade, considerando sua importância histórica e social, a maneira como a sociologia evoluiu ao longo dos tempos e o contexto em que está inserida.


Embora este estudo tenha levado a várias conclusões relevantes sobre o tema, o assunto é inesgotável e pode ser explorado ainda mais em futuras pesquisas.


9. REFERÊNCIAS


BRASIL. Lei 11.684 de 02 junho de 2008. Que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. DOU. 03 de junho de 2008.


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