THE IMPORTANCE OF READING THROUGH STORYTELLING IN EARLY CHILDHOOD EDUCATION
Informações Básicas
Revista Qualyacademics v.2, n.5
ISSN: 2965-9760
Tipo de Licença: Creative Commons, com atribuição e direitos não comerciais (BY, NC).
Recebido em: 14/10/2024
Aceito em: 14/10/2024
Revisado em: 15/10/2024
Processado em: 20/10/2024
Publicado em: 25/10/2024
Categoria: Estudo de Revisão
Como citar esse material:
MARTINS, Angelica da Silva Costa. A importância da leitura através da contação de histórias na educação infantil. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.2, n.5, 2024; p. 194-204. ISSN 2965-9760 | D.O.I.: doi.org/10.59283/unisv.v2n5.013
Autora:
Angelica da Silva Costa Martins
Professora da rede pública, graduada em Licenciatura em Língua Portuguesa e Respectivas Literaturas pela UNOPAR Universidade Norte do Paraná, Licenciatura em Pedagogia Pela Faculdade UniBF, Licenciatura em Matemática pelo Centro Universitário ETEP, Pós- graduada “Lato Sensu” em Educação Especial e Inclusiva pela FAEL; Alfabetização e Letramento; Educação Infantil, Anos Iniciais e Educação Inclusiva pela Faculdade UniBF – Contato: angelicascmartins@gmail.com
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RESUMO
Este trabalho examina a eficácia da contação de histórias no processo de ensino e aprendizagem de crianças na Educação Infantil. A prática de contar histórias contribui de forma significativa no processo de diferentes linguagens (visual, oral, escrita, corporal, imaginação, ludicidade, representação, artística e simbolismo) linguagens estas, que são de fundamental importância para desenvolvimento, cognitivo, emocional e social da criança. O objetivo é discutir sobre a importância da leitura para crianças ainda não alfabetizadas; utilizar-se de estratégias que conduzam as crianças a terem fascinação pela leitura através das histórias contadas. Para isso nos aprofundaremos em estudos que priorizam o desenvolvimento da criança através da leitura de livros que estimulem a imaginação. A participação de um adulto é de fundamental importância para que as crianças desenvolvam um comportamento leitor. A metodologia aplicada neste estudo envolveu a pesquisa bibliográfica, baseando-se em materiais já publicados, como livros, revistas e artigos acadêmicos. O objetivo foi examinar a eficácia da contação de histórias no desenvolvimento dos alunos na educação infantil.
Palavras-chave: Literacia Infantil; Aprendizagem; Desenvolvimento Infantil.
ABSTRACT
This paper examines the effectiveness of storytelling in the teaching and learning process of children in Early Childhood Education. The practice of storytelling contributes significantly to the process of different languages (visual, oral, written, bodily, imagination, playfulness, representation, artistic and symbolism), which are of fundamental importance for the child's cognitive, emotional and social development. The aim is to discuss the importance of reading for children who are not yet literate; to use strategies that lead children to be fascinated by reading through the stories told. To this end, we will delve into studies that prioritize children's development through reading books that stimulate the imagination. The participation of an adult is of fundamental importance for children to develop a reading behavior. The methodology applied in this study involved bibliographical research, based on previously published materials such as books, magazines and academic articles. The aim was to examine the effectiveness of storytelling in the development of students in early childhood education.
Keywords: Early childhood literacy. Learning. Child development.
1. INTRODUÇÃO
A habilidade de ler, interpretar e produzir textos têm uma influência significativa no aprendizado. Para Rojo (2009) a alfabetização e o letramento são fundamentos essenciais nesse processo, a alfabetização foca na aquisição de habilidades de leitura e escrita, enquanto o letramento engloba as práticas sociais que utilizam essas habilidades. Segundo Quintal (2021) as habilidades que envolvem aspectos de alfabetização e letramento revelam diferentes graus de complexidade desde a leitura e escrita até a compreensão de expressão em um texto, ou mesmo a produção da escrita. Para Faria (2024) a eficácia no desempenho escolar está diretamente relacionada à habilidade de leitura e compreensão textual que a disciplina de língua portuguesa proporciona, além disso para essa autora a capacidade de produzir textos claros e organizados pode ajudar os alunos a estruturarem suas soluções e raciocínios de forma mais efetiva. Pensando na participação ativa que cada aluno necessita para o seu desenvolvimento, refletiremos sobre a importância da leitura na primeira infância e sua contribuição para o desenvolvimento linguístico e intelectual de cada criança.
Ao longo da história, a educação tem se dedicado à formação de leitores críticos. Dessa forma, busca-se cultivar indivíduos autônomos, capazes de se comunicar com maestria e de participar ativamente na sociedade. Além disso, a leitura crítica permite que os indivíduos desenvolvam um pensamento crítico e reflexivo, o que é fundamental para exercerem um papel ativo na construção de um futuro mais justo. Para alcançar esse objetivo, torna-se necessário a priorização do desenvolvimento linguístico nas etapas iniciais da educação, começando na primeira infância (educação infantil), estendendo-se ao ensino fundamental e transcorrendo por todas as etapas da vida do indivíduo, priorizando os diferentes gêneros textuais e a construção dos seus significados. É nesse contexto que surge a necessidade de colocar em prática, conhecimentos presentes nas teorias educacionais, muitas vezes esquecidas. De acordo com Dolz e Schneuwly (2010) ao serem transformadas em práticas inovadoras e contextualizadas à realidade da sala de aula, essas teorias podem revolucionar o quadro discursivo dos alunos, impulsionando-os a se tornarem leitores e escritores eficazes em situações complexas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do ensino fundamental de língua portuguesa ressalta a importância de a escola oferecer condições de desenvolvimento discursivo para os alunos.
A aula deve ser o espaço de desenvolvimento e capacidade intelectual e linguística dos alunos é preciso oferecer condições de desenvolvimento para competência discursiva, onde o aluno aprenderá manipular textos escritos variados e adequar o registro oral às situações interlocutivas, isto implica em certas circunstâncias usar padrões mais próximos da escrita (BRASIL, 1998, p. 22).
Segundo Rojo (2009) o ato de ler vai além de respeitar pontuações ou verificação do saber ler (conhecer o alfabeto e decodificar letras em sons e fala) é preciso compreender o que se lê, interpretar, dialogar com o texto e associá-lo a vivencias e experiencias do mundo. Desde o primeiro ciclo da educação infantil é importante experenciar com as crianças diversos tipos de gêneros textuais, textos que serão usados como instrumentos de comunicação para que as habilidades de expressão e argumentação tanto na leitura como na escrita aconteçam ao longo da vida escolar. A condução da leitura na escola de educação infantil ou ensino fundamental deve ser de forma agradável, dinâmica e lúdica, assim gradativamente essa prática tornará real e constante. O papel do professor é oferecer textos que venham de encontro ao contexto social do aluno, abrindo-lhes as portas para um diálogo significativo. “O texto representa uma realidade imediata (do pensamento e da emoção), a única capaz de gerar essas disciplinas e esse pensamento. Onde não há texto, também não há objeto de estudo e de pensamento” (BAKHTIN, 1997, p. 330). A identificação com a realidade vivida contribui para compreensão de vários fatores sociais existentes que precisam ser trabalhados e analisados para busca de soluções. Fator esse que contribui para reflexão e criticidade da criança do contexto escolar. Segundo Vieira (2024) o letramento não pode dissociar do contexto social e cultural do aluno, quando se planeja práticas baseadas no letramento oportuniza-se um ensino pela descoberta e investigação superando um ensino que só transmite o conhecimento.
"Leitura é, basicamente, o ato de perceber e atribuir significados através de uma conjunção de fatores pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Ler é interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade" (SOUZA, 1992, p. 22).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. A LEITURA NA PRIMEIRA INFÂNCIA
O primeiro contato da criança com a leitura é através do ouvir histórias, mesmo antes do nascimento é possível uma mãe dedicar tempo ao seu bebê contando-lhe uma bela história. O programa de Promoção da Literacia Familiar “Conta pra mim”; um programa oferecido pelo Ministério da Educação (Secretaria de Alfabetização-Sealf/Mec 2020) que visa estimular a literacia familiar, traz relatos importantes sobre o comportamento do ato de leitura da família para com a criança. Segundo Brasil (2020) nos últimos três meses de gravides o bebê já é capaz de identificar a voz dos pais, por isso é importante que os pais tenham uma boa conexão com o filho ainda na barriga. De acordo com Brasil (2018) a criança desde pequena mostra interesse pela cultura escrita: ao escutar e seguir a leitura de textos, ela começa a desenvolver sua compreensão da língua escrita, identificando os diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, formatos e veículos.
O ato de ler histórias para crianças na primeira infância contribui significativamente para a formação de leitores proficientes. Ao ouvirem histórias contadas por pais ou professores, as crianças desenvolvem um profundo interesse pelas palavras e, por meio da imitação, adquirem o hábito da leitura, construindo assim um repertório próprio e enriquecedor; dessa forma, família e escola devem unir forças, criando estratégias que estimulem cada criança a construir seu próprio conhecimento por meio da leitura. Ao vivenciar esse processo, os pequenos exercitam a imaginação e desenvolvem o prazer pela leitura.
Os meninos e as meninas da etapa da educação infantil, muitas vezes, aprendem por imitação daquilo que veem e vivem ao seu redor. As pessoas que lhes rodeiam e que são importantes para eles (o pai, a mãe, os educadores, os professores, os companheiros etc.) representam e são transformados em modelos daquilo que eles gostariam de ser. As crianças imitam as expressões, maneira de agir, as atitudes, os comportamentos dessas pessoas (BASSEADAS, HUGUET, SOLÉ, 1999, p. 27 e 28).
A Educação Infantil abrange três grupos etários:
Bebês: 0 a 1 ano e seis meses;
Crianças bem pequenas: 1 ano de sete meses a 3 anos e 11 meses;
Crianças pequenas: 4 a 5 anos e 11 meses.
Cada grupo mencionado oferece experiências fundamentais para o desenvolvimento integral das crianças, garantindo assim o direito à aprendizagem. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define um conjunto de saberes que orientam essas aprendizagens, incluindo um campo de experiências específico para o desenvolvimento linguístico e social. Esse campo contribui significativamente para o desenvolvimento do hábito da leitura na primeira infância. De acordo com Brasil (2018), o ponto de partida para o desenvolvimento da escrita na Educação Infantil são os conhecimentos prévios e as curiosidades das crianças. As atividades literárias promovidas pelo educador, são cruciais para cultivar o gosto pela leitura, estimular a imaginação e expandir o conhecimento. O contato com diversos tipos de histórias, facilita a manipulação e a familiarização com livros de diferentes gêneros literários e mostra a distinção entre ilustrações e escrita. Nesse processo, as crianças formam hipóteses sobre a escrita, inicialmente por meio de rabiscos e desenhos, e, à medida que aprendem as letras, através de escritas espontâneas e não convencionais, demonstrando a compreensão da escrita como sistema de representação da língua. As crianças iniciam seu processo de escrita por meio de rabiscos e desenhos, construindo hipóteses sobre a escrita. À medida que entram em contato com as letras, elas produzem escritas espontâneas e não convencionais, revelando sua compreensão da escrita como uma forma de se comunicar e expressar ideias.
Para contar uma história é preciso saber como se faz, afinal podem se descobrir sons e palavras novas, e por isso é importante que se tenha uma metodologia específica. É preciso que quem conte, crie um clima de envolvimento, de encanto, e saiba dar pausas necessárias para que a imaginação da criança possa ir além e construir seu cenário, visualizar seus monstros, criar os seus dragões, adentrar pela sua floresta, vestir a princesa com a roupa que está inventando, pensar na cara do rei... e tantas outras coisas mais... (ABRAMOVICH, 2005, p. 20).
O contar histórias na educação infantil é dar vida a cada personagem, usar a fantasias e a imaginação. É viajar no mundo encantado, onde animais falam, príncipes e princesas existem e fadas encantam com suas canções. Cada criança precisa sentir o momento real da situação.
Na educação infantil, o texto literário tem uma função transformadora, pela possibilidade de as crianças viverem a alteridade, experimentarem sentimentos, caminharem em mundos distintos no tempo, no espaço em que vivem, imaginarem, interagirem com uma linguagem que muitas vezes sai do lugar comum, que lhes permite conhecer novos arranjos e ordenações. Além de agenciar o imaginário das crianças, de penetrar no espaço lúdico e de encantar, a literatura é porta de entrada para o mundo letrado. Porta que se abre à face criativa do texto escrito, a arte e sua potência transformadora (CORSINO, 2010, p.184)
O programa da promoção da Literacia familiar elenca aspectos de grande relevância que são de fundamental importância no processo do preparo para alfabetização. Segundo Brasil (2020) os facilitadores que estão diretamente ligados ao ato de contar histórias são: o desenvolvimento oral, vocabulário, compreensão oral, percepção da ordem temporal dos eventos, compreensão das motivações dos personagens, identificação dos elementos narrativos, compreensão da mensagem da história, capacidade de identificar os usos práticos da língua, familiaridade com as estruturas semânticas da língua, familiaridade com as estruturas gramaticais da língua, aquisição de conhecimentos variados sobre o mundo, consciência fonológica e consciência fonética, conhecimento alfabético, conhecimento sobre escrita, coordenação motora fina e funções executivas. Todos esses facilitadores são observados e inseridos na aprendizagem através da contação de histórias. Oferecer literatura de qualidade na primeira infância contribui significativamente para o desenvolvimento do conhecimento de mundo da criança. Ao vivenciar histórias contadas, os pequenos ampliam sua capacidade de interpretar a realidade, enriquecendo seu repertório cultural e cognitivo.
O contar história é uma ferramenta facilitadora que prepara a criança para alfabetização, pois ao ouvir histórias, crianças recebem um repertorio de textos, palavras e estruturas gramaticais que vão sendo inseridas em sua aprendizagem e facilitam o processo da alfabetização. De acordo com Freire e Macedo (1997) a alfabetização deve partir do que as crianças já sabem, de suas vivências e de seu contexto social e cultural. Ao fazer isso, o processo de ensino-aprendizagem se torna mais significativo e relevante para os aprendizes, pois eles se sentem reconhecidos e valorizados em suas experiências.
É fundamental que todas as crianças tenham a oportunidade de vivenciar a magia da leitura. Nas palavras de Betty Coelho (1999, p.26), “a criança que ouve histórias com frequência educa sua atenção, desenvolve a linguagem oral e escrita, amplia seu vocabulário e principalmente aprende a procurar nos livros novas histórias para o seu entretenimento”.
2.2 A INFLUÊNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
O contar histórias contribui para o desenvolvimento emocional sadio de cada criança, através da contação de histórias as crianças adquirem maior vivencia e valores educacionais (o valor da alegria, do amor, do compartilhar, da confiabilidade, da cooperação, da coragem, da cortesia, da disciplina, da honestidade, da igualdade, da justiça, da lealdade, da limpeza, da misericórdia, da paciência, da paz, do respeito, da responsabilidade, da solicitude, da tolerância entre outros) que influenciarão o comportamento no decorrer da vida.
É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente o que as narrativas provocam em quem as ouve (ABRAMOVICH, 2005, p.17)
De acordo com Dohme (2011), a escolha da história é importante, pois as crianças absorvem cada lição explanada, por meio dessas histórias é possível trabalhar aspectos internos essenciais que contribuem para o desenvolvimento cognitivo e social da criança. Dohme elenca seis aspectos; dentre eles estão o caráter, o raciocínio, a imaginação, a criatividade, o senso crítico e a disciplina. Desenvolvendo os aspectos internos através desses saberes, as crianças da Educação infantil entram no mundo da leitura de forma lúdica usando a imaginação; manuseiam livros com histórias encantadas, revistas em quadrinhos e o mundo do faz de conta entra em ação. Dessa maneira as crianças exercitam todas as habilidades do desenvolvimento (cognitivo, social, emocional, fala, língua e desenvolvimento motor) que são de fundamental importância no processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Pantano, Morroni e Rocha (2020) a leitura de histórias infantis é uma excelente estratégia para trabalhar as habilidades socioemocionais na escola. Através das narrativas, as crianças desenvolvem empatia, autoconhecimento e outras habilidades importantes para a vida. Através da literatura, podemos estimular as crianças a refletirem sobre seus próprios comportamentos e emoções, comparando-os com os personagens das histórias. Ao se questionarem sobre as atitudes dos personagens, as crianças desenvolvem autoconhecimento e aprendem a lidar com diferentes situações.
O sucesso da leitura em sala de aula depende, em grande parte, do envolvimento do professor. Ao dedicar tempo ao planejamento das atividades de leitura e a escolha de livros adequados, o educador demonstra a importância da leitura e incentiva os alunos a desenvolverem o hábito de ler. Um planejamento cuidadoso garante que as histórias apresentadas sejam relevantes e interessantes para os alunos, despertando neles o prazer pela leitura. O programa da literacia familiar, Brasil (2020), sugere os tipos de livros que devem ser apresentados as crianças, de acordo com a faixa etária, dessa forma a leitura se torna mais atrativa.
Para crianças (0 a 3 anos), os livros mais indicados são:
· Livros resistentes e duráveis: de papel grosso, de plástico e de pano.
· Livros com ilustrações em cores fortes e contrastantes.
· Livros com ilustrações ou fotografias de pessoas, bebês, animais e objetos.
· Livros com rimas e letras de canções.
· Livros com uma frase curta ou uma palavra por página e com predomínio de ilustrações.
Para crianças (3 a 5 anos), os livros mais indicados são:
· Livros com poucas frases em cada página e muitas ilustrações.
· Livros com enredos simples.
· Livros temáticos: dinossauros, carros, planetas etc.
· Livros com rimas e padrões repetitivos
No âmbito escolar a participação do professor é de fundamental importância para o comportamento leitor da criança, pois ele é quem apresentará um conjunto de práticas e experiencias relacionadas com a linguagem oral, leitura e a escrita. Segundo Brasil (2020) a leitura deve ser dinâmica e dialogada, uma leitura em voz alta, onde existam perguntas e respostas entre as partes envolvidas. É papel do professor utilizar estratégias que conectem a teoria à prática, promovendo uma leitura dinâmica e eficaz. Para estimular a iniciação à leitura e a troca de experiências na Educação Infantil, o professor pode utilizar diversas ferramentas. A escolha de livros que reflitam o cotidiano das crianças é fundamental, pois permite que elas se identifiquem com as histórias e se sintam mais próximas dos personagens. Além disso, a criação de rodas de conversa após a leitura, a possibilidade de registrar as impressões através de desenhos, a dramatização de histórias e a criação de projetos de leitura são práticas que enriquecem o processo de aprendizagem e promovem o desenvolvimento da linguagem e da imaginação das crianças.
O processo de formação leitora da criança, está intrinsicamente ligado a educação que ela recebe. De acordo com Freire e Macedo (1997) a literatura infantil desempenha um papel fundamental na formação de leitores, pois suas características lúdicas e criativas despertam o interesse das crianças pela leitura e as motivam a expressar suas ideias através da escrita. É necessário que o educador esteja envolvido no processo de estímulo contínuo; contando histórias em voz alta, apresentando livros, estimulando diálogo, promovendo contato e manuseio com todo tipo de gênero literário, assim a criança desenvolverá o comportamento leitor.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência da leitura se inicia nos primeiros anos de vida, quando as crianças entram em contato com as histórias por meio da escuta. Esse momento, rico em emoções e descobertas, exige do professor uma preparação cuidadosa e atenta. Ao criar um ambiente acolhedor e convidativo para a contação de histórias, o educador desperta nas crianças o prazer pela leitura e a curiosidade pelo mundo da imaginação. Através das narrativas, as crianças têm a oportunidade de explorar suas emoções, expandir seu vocabulário e desenvolver habilidades como a empatia e a compreensão. Ao ouvirem e recontar as histórias, elas constroem conhecimentos sobre o mundo ao seu redor e se tornam leitoras mais ativas e críticas. O professor, nesse contexto, atua como um mediador entre o universo infantil e o mundo da literatura, selecionando histórias adequadas à faixa etária e aos interesses dos pequenos leitores. Ao contar as histórias com entusiasmo e expressividade, o educador cria um vínculo afetivo com as crianças e as incentiva a construir suas próprias interpretações.
A contação de histórias vai além do momento da leitura em si. Ao propor atividades como dramatizações, desenhos, jogos e projetos de leitura, o professor promove a interação das crianças com o texto e estimula o desenvolvimento de suas habilidades criativas e comunicativas. Ao proporcionar um espaço para que as crianças expressem suas ideias e sentimentos, o professor as empodera e as torna protagonistas do processo de aprendizagem. Ao ouvir as crianças, o educador demonstra respeito por suas opiniões e contribui para a construção de uma identidade leitora autônoma e crítica.
A contação de histórias na Educação Infantil é uma prática pedagógica fundamental para o desenvolvimento integral da criança. Ao proporcionar experiências significativas de leitura, o professor contribui para o desenvolvimento da imaginação, da criatividade, da linguagem e do pensamento crítico das crianças. Ao investir na formação de leitores desde os primeiros anos de vida, estamos construindo um futuro mais justo e equitativo, onde todos tenham acesso ao conhecimento e possam exercer sua cidadania de forma plena. O professor é um agente de transformação; dar voz a criança, mesmo em tenra idade é acreditar que todos tem a capacidade de ser dono do seu próprio discurso.
4. REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices.5ª edição. São Paulo: Scipione, 2005.
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. Trad. Maria Ermantina. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BASSEDAS, Eulàlia; HUGUET, Teresa; SOLÉ, Isabel. Aprender e Ensinar na Educação Infantil. Porto Alegre: Artemed, 1999.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua portuguesa. Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Programa Conta pra mim. Brasília, 2020.
COELHO, Betty. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1999.
CORSINO, Patrícia. Literatura na educação infantil. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, 2010.
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FARIA, Laís Paes de. MAPEAMENTO DE PESQUISAS SOBRE A INTERTEXTUALIDADE ENTRE A LÍNGUA PORTUGUESA E A AQUISIÇÃO DO LETRAMENTO MATEMÁTICO. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, [S. l.], v. 10, n. 3, p. 1544–1565, 2024.
FREIRE, Paulo; MACEDO, Donaldo. Alfabetização: Leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
PANTANO, Telma; MORRONI, Alison; ROCHA, Lívia. Habilidades Socioemocionais a partir de histórias infantis. Cascavel: Moderna, 2020.
QUINTAL, Tania Maria Massaruto de. Contribuições das Ciências Cognitivas para a alfabetização em uma proposta de formação de professores. Orientador: Professora Doutora Fraulein Vidigal de Paula. 2021. 326 f. Tese de Doutorado – Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, Universidade de São Paulo, Instituto de Psicologia SP, 2021.
ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo/SP: Parábola 2009.
SCHENEUWLY, B: Dolz, J. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Trad. E org- Roxane Rojo e Gláris Sales Cordeiro. Campinas/SP: Mercado das Letras 2010.
SOUZA, Renata Junqueira de. Narrativas Infantis: a literatura e a televisão de que as crianças gostam. Bauru: USC, 1992.
VIEIRA, E. Letramento matemático: uso social do conhecimento pela leitura do mundo. In: GASPAR, José Carlos Gonçalves; FARVES, Aline Mendes Penteado; BASTOS, Marcelo Silva (Orgs.). Letramento matemático: desafios e possibilidades no período pós-pandemia. Nova Xavantina-MT: Pantanal, 2024. p. 57-69.
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Como citar esse artigo:
MARTINS, Angelica da Silva Costa. A importância da leitura através da contação de histórias na educação infantil. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.2, n.5, 2024; p. 194-204. ISSN 2965-9760 | D.O.I.: doi.org/10.59283/unisv.v2n5.013
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