A HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO DE PACIENTES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI): PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA ENFERMAGEM
- Ana Karoline Rodrigues Epaminondas
- há 2 dias
- 20 min de leitura
THE HUMANIZATION OF PATIENT CARE IN THE INTENSIVE CARE UNIT (ICU): NURSING PERSPECTIVES AND CHALLENGES
Informações Básicas
Revista Qualyacademics v.3, n.1
ISSN: 2965976-0
Tipo de Licença: Creative Commons, com atribuição e direitos não comerciais (BY, NC).
Recebido em: 21/03/2025
Aceito em: 23/03/2025
Revisado em: 02/04/2025
Processado em: 03/04/2025
Publicado em: 04/04/2025
Categoria: Estudo de Revisão
Como citar esse material:
EPAMINONDAS, Ana Karoline Rodrigues; SANTOS, Antonia Adriana Delamarque dos; BRILHANTE, Cássia; DUARTE, Inês Gabrielly Sousa; MOREIRA, Maíra de Castro; CONCEIÇÃO, Natalia da; ALENCAR, Pedro Henrique Rodrigues. A humanização no atendimento de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI): perspectivas e desafios da enfermagem. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.3, n.1, 2025; p. 225-240-. ISSN 2965976-0 | D.O.I.: doi.org/10.59283/unisv.v3n1.014
Autores:
Ana Karoline Rodrigues Epaminondas
Enfermagem pela UNIP. – Contato: kahepaminondas@gmail.com
Antonia Adriana Delamarque dos Santos
Enfermagem pela UNIP. – Contato: adrianadelamarque@hotmail.com
Cássia Brilhante
Enfermagem pela UNIP. – Contato: cassiadasilvabrilhantee@gmail.com
Inês Gabrielly Sousa Duarte
Enfermagem pela UNIP. – Contato: gabrielly.duarte26@gmail.com
Maíra de Castro Moreira
Enfermagem pela UNIP. – Contato: Mairadecm@hotmail.com
Natalia da Conceição
Enfermagem pela UNIP. – Contato: nataliagrandia@gmail.com
Pedro Henrique Rodrigues Alencar
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RESUMO
O presente estudo teve como objetivo analisar os principais desafios e estratégias relacionados à humanização do atendimento de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), sob a ótica da prática de enfermagem, partindo da pergunta-problema: quais são os principais desafios e estratégias na humanização do cuidado intensivo, segundo a perspectiva dos profissionais de enfermagem? Justifica-se pela necessidade de equilibrar o cuidado técnico com a atenção emocional e subjetiva dos pacientes em ambientes de alta complexidade. Utilizou-se a metodologia de revisão integrativa da literatura, com análise de estudos publicados entre 2013 e 2023, selecionados em bases científicas reconhecidas, como PubMed, SciELO, LILACS e BVS. Os principais resultados indicaram que a sobrecarga de trabalho, a pressão por resultados imediatos e a carência de treinamento em comunicação empática são barreiras significativas à prática humanizada. Contudo, estratégias como o acolhimento, o uso de comunicação eficaz e a criação de ambientes mais acolhedores mostraram impactos positivos, como a redução da ansiedade dos pacientes, maior adesão ao tratamento e melhoria na recuperação. Conclui-se que a humanização em UTIs deve ser institucionalizada como prática coletiva e integrada às políticas organizacionais, promovendo não apenas o bem-estar dos pacientes, mas também a qualidade de vida dos profissionais.
Palavras-chave: Humanização; Enfermagem; Terapia Intensiva; Recuperação; Políticas Institucionais.
ABSTRACT
The present study aimed to analyze the main challenges and strategies related to the humanization of patient care in Intensive Care Units (ICUs) from the perspective of nursing practice, based on the guiding question: what are the main challenges and strategies in the humanization of intensive care according to the perspective of nursing professionals? This research is justified by the need to balance technical care with the emotional and subjective attention required by patients in high-complexity environments. An integrative literature review methodology was adopted, analyzing studies published between 2013 and 2023, selected from recognized scientific databases such as PubMed, SciELO, LILACS, and BVS. The main findings indicated that work overload, pressure for immediate results, and a lack of training in empathetic communication are significant barriers to humanized care. However, strategies such as welcoming practices, effective communication, and the creation of more comforting environments demonstrated positive impacts, including reduced patient anxiety, greater treatment adherence, and improved recovery. It is concluded that humanization in ICUs should be institutionalized as a collective practice and integrated into organizational policies, promoting not only the well-being of patients but also the quality of life of healthcare professionals.
Keywords: Humanization; Nursing; Intensive Care; Recovery; Institutional Policies.
1. INTRODUÇÃO
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) representa um dos cenários mais complexos e exigentes da assistência à saúde, onde pacientes críticos requerem monitoramento constante e intervenções altamente especializadas. Segundo Silva e Almeida (2019, p. 45), “a UTI é caracterizada pela alta demanda tecnológica e pela complexidade dos cuidados, o que impõe desafios significativos à equipe de saúde, especialmente aos profissionais de enfermagem”. Nesse contexto, o foco frequentemente recai sobre as demandas técnicas, o que pode gerar a desvalorização dos aspectos emocionais e psicológicos dos pacientes.
A humanização do atendimento é um princípio fundamental da prática de enfermagem e, conforme apontado por Souza et al. (2020, p. 112), “a humanização envolve o reconhecimento das necessidades emocionais e subjetivas dos pacientes, mesmo em ambientes de alta tecnologia”. No entanto, em UTIs, os enfermeiros enfrentam dificuldades para equilibrar o cuidado técnico com a promoção de um atendimento que considere essas necessidades. De acordo com Pereira e Santos (2021, p. 76), “a sobrecarga de trabalho e a pressão por resultados imediatos podem levar à negligência de práticas humanizadas, comprometendo a qualidade ,.çintegral do cuidado”.
A introdução de práticas humanizadas no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um desafio constante para os profissionais de enfermagem. O ambiente intensivo, além de sua complexidade técnica, envolve uma pressão psicológica intensa, tanto para os pacientes quanto para seus familiares. Como destacado por Oliveira e Costa (2018, p. 32), “a gravidade dos casos atendidos e a tecnologia avançada utilizada na UTI frequentemente geram uma desconexão entre o cuidado técnico e o cuidado emocional”. Esse descompasso pode comprometer o bem-estar global do paciente, que, além de lidar com uma condição médica grave, enfrenta o impacto emocional de estar em um ambiente tão tecnológico e muitas vezes impessoal.
A humanização no atendimento em saúde visa não apenas à recuperação física do paciente, mas também ao reconhecimento de sua individualidade e de suas necessidades emocionais e psicológicas. Como ressaltado por Lima et al. (2020, p. 98), “o cuidado humanizado tem como foco principal a valorização da pessoa em sua totalidade, promovendo uma abordagem mais abrangente e sensível às demandas subjetivas do paciente”. Entretanto, muitos profissionais de enfermagem, pressionados pela alta demanda de trabalho e pela complexidade das intervenções técnicas, encontram dificuldades para incorporar essas práticas no dia a dia das UTIs.
Nesse sentido, a questão da humanização do cuidado em UTIs torna-se central, uma vez que envolve o desafio de atender às expectativas de uma assistência de alta complexidade sem perder de vista o aspecto humano. Além disso, há evidências de que a humanização contribui diretamente para a melhoria do prognóstico dos pacientes, reduzindo o tempo de internação e promovendo uma recuperação mais rápida e menos traumática (Santos e Moreira, 2019, p. 54). Portanto, investigar como os profissionais de enfermagem podem equilibrar os cuidados técnicos com a humanização no atendimento é uma questão de grande relevância para a melhoria da qualidade do cuidado intensivo.
2. REVISÃO DE LITERATURA
A humanização no atendimento em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) tem se tornado uma área de interesse crescente, especialmente em relação à prática de enfermagem. O conceito de humanização abrange não apenas o cuidado técnico, mas também aspectos emocionais, psicológicos e sociais que envolvem a relação entre o profissional e o paciente. Segundo Gonçalves (2015, p. 98), "a humanização em UTIs é um desafio particular, dado o ambiente de alta complexidade, onde o foco tende a ser a sobrevivência do paciente, o que muitas vezes resulta na negligência de suas necessidades emocionais".
Esse conceito se alinha ao movimento da humanização da saúde, que visa contrapor o modelo biomédico tradicional, caracterizado pela fragmentação do cuidado e pela tecnicidade extrema. Franco e Merhy (2017, p. 215) destacam que "os profissionais de enfermagem, em especial aqueles que atuam em UTIs, devem ser preparados não apenas para o manejo técnico das situações críticas, mas também para o cuidado humanizado que considera o paciente como um ser integral".
Além das habilidades técnicas, as exigências emocionais e psicológicas no ambiente de UTI são imensas. Ferreira et al. (2019, p. 33) enfatizam que “a sobrecarga de trabalho, a falta de tempo e a pressão por resultados imediatos são alguns dos fatores que dificultam a prática da humanização nesse contexto, tornando necessário o desenvolvimento de estratégias específicas para que a humanização seja integrada ao cuidado intensivo”. Isso reforça a ideia de que, embora a humanização seja um princípio central na teoria da enfermagem, sua aplicação prática enfrenta barreiras significativas nas UTIs.
O estudo de Silva e Oliveira (2020, p. 112) aponta que "a humanização no atendimento hospitalar, particularmente em UTIs, requer a implementação de políticas institucionais que ofereçam suporte tanto aos pacientes quanto aos profissionais". A pesquisa desses autores revela que o treinamento contínuo dos enfermeiros e a promoção de um ambiente de trabalho mais saudável são essenciais para a humanização do atendimento, uma vez que o desgaste emocional dos profissionais pode impactar diretamente a qualidade dos cuidados prestados.
Outro ponto importante abordado pela literatura é o impacto da humanização na recuperação dos pacientes. Conforme observado por Nunes e Cardoso (2018, p. 54), “pacientes que percebem uma relação mais humanizada com a equipe de saúde tendem a apresentar maior adesão ao tratamento, redução nos níveis de ansiedade e, consequentemente, uma recuperação mais rápida”. Esse dado reforça a importância de promover uma abordagem integral que vá além dos cuidados técnicos.
A pesquisa de Vieira e Almeida (2021, p. 87) também revela que “as estratégias de humanização podem incluir desde pequenas ações, como um cuidado mais atento à comunicação com o paciente e seus familiares, até grandes mudanças institucionais, como a reestruturação de protocolos de atendimento que coloquem o bem-estar emocional no centro do cuidado”. A implementação dessas estratégias exige, no entanto, o comprometimento de toda a equipe multidisciplinar, bem como a criação de condições de trabalho adequadas para os enfermeiros.
Portanto, a humanização em UTIs é um campo complexo que exige a combinação de habilidades técnicas e emocionais por parte dos enfermeiros. O desafio reside em criar um equilíbrio entre as exigências do cuidado técnico e a atenção às necessidades humanas dos pacientes, conforme apontado por diversas pesquisas. Para superar essas dificuldades, a literatura destaca a importância de treinamento contínuo, suporte institucional e estratégias de autocuidado para os profissionais de saúde. Como afirmam Santos e Costa (2016, p. 145), "a humanização do cuidado em UTIs não é apenas uma necessidade do paciente, mas também uma condição para a melhoria do ambiente de trabalho da equipe de enfermagem".
A humanização do atendimento na UTI envolve mais do que habilidades técnicas e protocolos médicos; ela requer uma abordagem integral que leve em consideração a individualidade do paciente, suas emoções e a dignidade durante todo o processo de tratamento. De acordo com Oliveira e Santos (2019, p. 120), "o ambiente tecnológico e a necessidade de intervenções rápidas e eficazes podem desumanizar o cuidado, relegando as interações humanizadas a um segundo plano". Isso coloca os enfermeiros em uma posição desafiadora, pois precisam administrar tanto os aspectos técnicos do atendimento quanto as interações humanas, muitas vezes com recursos limitados e pressões intensas.
No ambiente da UTI, a percepção de que o cuidado humanizado pode aumentar a sobrecarga dos enfermeiros é comum, mas estudos mostram que a humanização pode, na verdade, melhorar o ambiente de trabalho. Segundo Lima e Moreira (2020, p. 77), "profissionais que recebem apoio emocional, treinamento e são inseridos em uma cultura institucional que valoriza a humanização demonstram níveis mais baixos de estresse e maior satisfação profissional". Isso sugere que a humanização, ao contrário de ser um fardo adicional, pode contribuir para uma melhor qualidade de vida no trabalho, facilitando a criação de laços mais fortes entre a equipe e os pacientes.
Outro aspecto importante que emerge da literatura é a necessidade de suporte psicológico tanto para os pacientes quanto para os enfermeiros. As UTIs, por serem ambientes de alta complexidade, podem provocar sérias consequências emocionais, especialmente em pacientes que permanecem internados por longos períodos. Conforme descrito por Souza e Ferreira (2018, p. 65), "pacientes que experimentam um cuidado mais humanizado, que inclui apoio psicológico e emocional, tendem a lidar melhor com o estresse da hospitalização e a desenvolver uma maior confiança na equipe de saúde". Isso demonstra que a humanização é benéfica não apenas para o bem-estar dos pacientes, mas também para a eficácia do tratamento como um todo.
No entanto, a implementação de práticas de humanização na UTI requer que os enfermeiros desenvolvam competências específicas. Silva e Franco (2017, p. 141) argumentam que "o treinamento em comunicação empática, a habilidade de lidar com familiares em situações de crise e a capacidade de oferecer suporte emocional são tão importantes quanto as habilidades técnicas". O desenvolvimento dessas competências deve ser parte integrante da formação e educação continuada dos enfermeiros, para que possam desempenhar seu papel de forma mais holística e eficiente.
A relação entre enfermeiros e familiares também é fundamental para a humanização do atendimento. Em muitos casos, os familiares dos pacientes críticos sentem-se impotentes e confusos diante da gravidade da situação. Gonçalves e Silva (2016, p. 87) destacam que "a comunicação clara e compassiva entre a equipe de enfermagem e os familiares é um componente essencial da humanização, pois oferece segurança e conforto em momentos de angústia". Um ambiente humanizado, portanto, não só melhora a experiência do paciente, mas também proporciona suporte essencial aos seus familiares, ajudando-os a enfrentar as dificuldades do processo de internação.
Além disso, a adoção de protocolos de humanização que integrem a equipe multidisciplinar é uma necessidade crescente. Vieira e Lopes (2021, p. 92) enfatizam que "a humanização na UTI não é uma responsabilidade exclusiva dos enfermeiros; médicos, fisioterapeutas, assistentes sociais e psicólogos também devem estar envolvidos no processo, garantindo uma abordagem integral e coordenada". A colaboração entre diferentes profissionais da saúde é vital para garantir que todas as necessidades do paciente sejam atendidas, tanto do ponto de vista técnico quanto emocional.
O uso de novas tecnologias também pode ser um aliado na humanização do atendimento, quando utilizadas de forma adequada. Embora muitas vezes vista como um elemento que distancia o cuidado da prática humanizada, a tecnologia pode ser incorporada de maneira a facilitar o acompanhamento próximo do paciente e melhorar a comunicação com os familiares. Conforme Santos e Ribeiro (2019, p. 73), "a integração de sistemas de monitoramento inteligente, junto com práticas de cuidado humanizado, pode otimizar o tempo dos enfermeiros e permitir que eles se concentrem mais no bem-estar emocional e psicológico dos pacientes".
Outro desafio identificado pela literatura é a necessidade de políticas institucionais mais robustas que incentivem a humanização. Como apontam Lima e Souza (2020, p. 134), "muitas instituições de saúde ainda falham em criar ambientes que favoreçam a humanização, devido à falta de recursos, infraestrutura inadequada e sobrecarga de trabalho dos profissionais". Para que a humanização seja eficaz, é necessário que as instituições de saúde ofereçam condições de trabalho apropriadas, incluindo carga horária compatível, apoio psicológico aos profissionais e um ambiente que promova o cuidado integral.
Por fim, a literatura destaca a importância de pesquisas contínuas sobre o tema da humanização em UTIs. A revisão integrativa de Vieira e Almeida (2021, p. 109) conclui que "embora haja um corpo crescente de estudos sobre o tema, ainda há lacunas significativas na aplicação prática da humanização em ambientes críticos". Estudos futuros devem investigar formas de integrar a humanização ao cotidiano dos profissionais de saúde e avaliar os impactos dessas práticas tanto na saúde dos pacientes quanto no bem-estar dos enfermeiros.
3. METODOLOGIA
O estudo adotou uma abordagem qualitativa, centrada em uma revisão integrativa da literatura, com o objetivo de realizar uma análise aprofundada dos desafios e das estratégias envolvidas na humanização do atendimento nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), tendo como base a prática da enfermagem. De acordo com Mendes, Silveira e Galvão (2008), a revisão integrativa é uma metodologia eficaz para sintetizar e integrar diferentes evidências sobre um tema, permitindo uma compreensão mais abrangente e embasada da realidade investigada. Dessa forma, a pesquisa procurou identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos profissionais de enfermagem e as estratégias mais eficazes para promover cuidados humanizados, mesmo em contextos de alta complexidade, como os encontrados nas UTIs.
3.1. DELINEAMENTO DA PESQUISA
A revisão integrativa da literatura foi conduzida com o objetivo de responder à questão central da pesquisa: Quais foram os principais desafios e estratégias na humanização do atendimento em UTIs, sob a ótica da enfermagem? A revisão integrativa, como método, permitiu reunir, analisar e sintetizar os resultados de estudos distintos sobre um tema específico, proporcionando uma visão abrangente e integrada das evidências disponíveis. As bases de dados selecionadas para consulta foram PubMed, SciELO, LILACS e BVS, que são fontes amplamente reconhecidas na área da saúde, garantindo a qualidade e a confiabilidade das informações. Os descritores de busca incluíram termos chave como "humanização", "enfermagem", "UTI" e "atendimento ao paciente", os quais foram fundamentais para delimitar e direcionar a pesquisa.
A busca foi realizada de forma sistemática, a fim de assegurar que os artigos selecionados fossem relevantes, atualizados e estivessem diretamente relacionados ao tema proposto. Após a coleta dos artigos, foi realizada uma leitura minuciosa e criteriosa, com o intuito de identificar os principais desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem na implementação da humanização nos cuidados intensivos. Em seguida, os dados foram organizados e classificados em categorias principais, como dificuldades, estratégias e impactos, permitindo uma análise mais detalhada e estruturada dos resultados.
Esses dados foram então sintetizados e analisados com base nas teorias existentes sobre a humanização em saúde e enfermagem, oferecendo uma compreensão mais profunda dos aspectos relacionados à aplicação prática da humanização nas UTIs.Essa abordagem metodológica permitiu uma visão holística e embasada sobre a implementação da humanização nos cuidados intensivos, contribuindo para o aprimoramento das práticas de enfermagem e a melhoria do atendimento ao paciente em ambientes de alta complexidade.
3.2. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Inclusão: Foram selecionados artigos científicos publicados entre 2013 e 2023, em português e inglês, que discutiram a humanização no atendimento em UTIs sob a perspectiva da enfermagem.
Exclusão: Foram excluídos artigos que não abordaram diretamente a prática de enfermagem ou que se referiram a outras áreas da saúde.
3.3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados foram discutidos à luz das teorias sobre humanização na enfermagem e das práticas recomendadas pela literatura especializada, com o objetivo de identificar possíveis lacunas na implementação de cuidados humanizados em UTIs. Para facilitar a análise e a comparação entre os dados coletados, os resultados foram organizados em uma tabela, que permitiu uma visualização clara das principais categorias e temas abordados nos estudos. Essa estrutura facilitou a identificação de padrões, desafios recorrentes e estratégias eficazes, além de possibilitar a proposição de recomendações práticas para a melhoria da humanização nos cuidados intensivos. A análise crítica dos resultados forneceu subsídios para aprimorar as práticas de enfermagem, promovendo a qualidade do atendimento e o bem-estar tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde em contextos de alta complexidade.
4. RESULTADOS
Identificação das Dificuldades na Implementação da Humanização. A pesquisa revelou que os profissionais de enfermagem enfrentam diversas barreiras na implementação de práticas humanizadas nas UTIs. Entre as dificuldades mais comuns estão a sobrecarga de trabalho, que limita o tempo dedicado ao cuidado emocional dos pacientes, e a pressão por resultados rápidos, que prioriza os cuidados técnicos em detrimento das interações humanas. A falta de treinamento especializado em comunicação empática também foi identificada como uma limitação importante, assim como o impacto da tecnologia, que frequentemente reduz o contato humano em um ambiente onde os cuidados técnicos dominam.
Estratégias para Incorporar a Humanização. Apesar das dificuldades, os enfermeiros têm adotado várias estratégias para promover a humanização no atendimento. Dentre as mais eficazes, destacam-se o uso de comunicação eficaz com os pacientes e suas famílias, a implementação de ações de acolhimento e a criação de um ambiente mais acolhedor e confortável, mesmo em um cenário técnico e impessoal. A pesquisa evidenciou a importância de integrar habilidades emocionais e comportamentais ao treinamento técnico dos profissionais, como forma de humanizar o atendimento e melhorar a relação entre os enfermeiros, os pacientes e suas famílias.
Impacto da Humanização na Recuperação dos Pacientes. Os resultados indicaram um impacto positivo significativo da humanização na recuperação dos pacientes críticos. Foi observado que os cuidados humanizados ajudam a reduzir a ansiedade, melhoram a adesão ao tratamento e aumentam a confiança dos pacientes na equipe de saúde. Esses fatores contribuem para uma recuperação mais rápida e menos traumática, com a redução do tempo de internação e promoção do bem-estar físico e psicológico dos pacientes.
Recomendações para Melhorar a Implementação da Humanização. A revisão da literatura trouxe à tona diversas recomendações para aprimorar a humanização nas UTIs. Dentre elas, destaca-se a necessidade de treinamento contínuo e especializado para os enfermeiros, a reestruturação das rotinas de trabalho nas UTIs, a criação de protocolos institucionais que incentivem o cuidado humanizado, e o fortalecimento do suporte psicológico tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde. A pesquisa também sugeriu a criação de políticas institucionais voltadas para a melhoria das condições de trabalho, criando um ambiente propício para a prática da humanização.
Relevância das Práticas Humanizadas no Contexto Organizacional. A pesquisa evidenciou a importância de institucionalizar a humanização como uma prática coletiva dentro das UTIs. A humanização não deve ser vista apenas como uma responsabilidade individual dos profissionais de enfermagem, mas sim como uma prática institucionalizada que envolve a colaboração de todos os membros da equipe de saúde. A implementação de políticas de humanização pode melhorar o ambiente de trabalho, reduzindo o estresse e a sobrecarga emocional dos profissionais, o que, por sua vez, resulta em uma melhor qualidade de atendimento.
Integração da Tecnologia com o Cuidado Humanizado. O estudo também explorou a integração da tecnologia com o cuidado humanizado. Foi sugerido que, em vez de substituir o contato humano, a tecnologia pode ser usada para complementar os cuidados. A adoção de sistemas de monitoramento inteligente e outras tecnologias pode permitir que os enfermeiros se concentrem mais no bem-estar emocional dos pacientes, sem comprometer a qualidade dos cuidados técnicos. Esse equilíbrio entre tecnologia e humanização pode criar um ambiente mais eficiente e acolhedor para os pacientes.
Esses resultados contribuem significativamente para a compreensão dos desafios e das oportunidades na implementação da humanização nas UTIs, fornecendo subsídios para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes, que integrem as dimensões técnicas e humanas no cuidado aos pacientes, melhorando tanto a experiência dos pacientes quanto a qualidade do ambiente de trabalho dos enfermeiros.
5. DISCUSSÃO
A implementação da humanização no atendimento em UTIs tem se mostrado um desafio significativo para os profissionais de enfermagem, principalmente devido à sobrecarga de trabalho, a pressão por resultados rápidos e a escassez de treinamento especializado em habilidades de comunicação empática. Esses obstáculos tornam difícil a promoção de uma relação mais pessoal e acolhedora com os pacientes, que, muitas vezes, estão em estados críticos e necessitam não apenas de cuidados técnicos, mas também de apoio emocional. A tecnologia, que tem um papel fundamental na monitorização e gestão dos pacientes em unidades de terapia intensiva, pode contribuir para a diminuição do contato humano, sendo um fator a ser cuidadosamente equilibrado para garantir que os aspectos humanos do cuidado não sejam negligenciados. Nesse cenário, é essencial que as instituições de saúde repensem suas práticas organizacionais, criando condições que favoreçam a humanização, sem comprometer a qualidade dos cuidados técnicos prestados.
A pesquisa destacou estratégias eficazes adotadas pelos enfermeiros para superar essas barreiras, como o uso de comunicação eficaz com os pacientes e suas famílias, ações de acolhimento e a criação de um ambiente mais acolhedor, mesmo em um contexto técnico e impessoal. A integração de habilidades emocionais ao treinamento técnico dos profissionais de enfermagem surge como uma solução importante para melhorar a relação entre a equipe de saúde e os pacientes, promovendo não apenas o bem-estar psicológico dos pacientes, mas também a qualidade do atendimento. Essas estratégias têm mostrado impactos positivos, como a redução da ansiedade dos pacientes, o aumento da confiança nas equipes de saúde e a melhoria na adesão ao tratamento. Dessa forma, a humanização se torna um componente essencial não apenas para a recuperação física, mas também para a recuperação emocional dos pacientes em cuidados intensivos.
A discussão sobre a humanização nas UTIs deve envolver a gestão institucional e a criação de políticas que a vejam como uma prática coletiva. A humanização é uma responsabilidade compartilhada por todos os membros da equipe de saúde, não apenas pelos enfermeiros. Isso inclui promover um ambiente de trabalho saudável, oferecer suporte psicológico aos profissionais e implementar protocolos que incentivem a humanização no atendimento. O uso de tecnologias que complementem, em vez de substituir, o cuidado humano pode criar um ambiente mais eficiente e acolhedor, permitindo que os enfermeiros se dediquem ao bem-estar emocional dos pacientes, mantendo os cuidados técnicos eficazes. Esse modelo integrado melhora tanto a experiência do paciente quanto as condições de trabalho dos profissionais.
5.1. TABELA DE RESULTADOS DA PESQUISA
Categoria | Descrição |
Identificação das Dificuldades na Implementação da Humanização | Profissionais de enfermagem enfrentam dificuldades como sobrecarga de trabalho, pressão por resultados rápidos e falta de treinamento especializado em comunicação empática. |
Estratégias para Incorporar a Humanização | Estratégias eficazes incluem a comunicação com pacientes e famílias, ações de acolhimento e criação de um ambiente acolhedor, além de integrar habilidades emocionais ao treinamento. |
Impacto da Humanização na Recuperação dos Pacientes | A humanização tem um impacto positivo na recuperação, reduzindo ansiedade, melhorando a adesão ao tratamento e aumentando a confiança dos pacientes. |
FONTE: AUTOR 2025
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A humanização do atendimento nas UTIs tem se consolidado como uma temática relevante na enfermagem, principalmente ao se considerar os desafios enfrentados pelos profissionais em ambientes de alta complexidade. Diversos autores, como Mendes, Silveira e Galvão (2008), ressaltam a importância da revisão integrativa da literatura como método para compreender a integração de práticas humanizadas nas UTIs. A prática da enfermagem, voltada para a promoção da saúde e do bem-estar dos pacientes, não se restringe apenas aos cuidados técnicos, mas também exige atenção às necessidades emocionais e psicológicas, fatores essenciais para uma recuperação mais rápida e menos traumática. A pressão por resultados rápidos, a sobrecarga de trabalho e a escassez de treinamento especializado em comunicação empática são barreiras apontadas por diversos estudos, os quais destacam a necessidade de uma transformação no modelo de assistência.
Autores como Silva e Costa (2016) enfatizam que a comunicação efetiva entre os profissionais de enfermagem, os pacientes e suas famílias é uma das principais estratégias para a humanização no atendimento. Isso está alinhado com os resultados encontrados na pesquisa, que revelaram que enfermeiros têm buscado adotar práticas de acolhimento e de criação de um ambiente mais acolhedor, superando as dificuldades impostas pela rotina intensa das UTIs. Para os acadêmicos da área, a humanização não deve ser uma prática isolada, mas sim uma abordagem que envolva todos os membros da equipe de saúde e seja institucionalizada como um processo contínuo. Isso implica a criação de políticas que incentivem o cuidado humanizado e a formação contínua dos profissionais de enfermagem.
Na visão de autores como Almeida e Mendes (2015), é fundamental que a humanização nas UTIs seja integrada ao treinamento técnico dos enfermeiros, capacitando-os não apenas para o manejo das condições clínicas dos pacientes, mas também para lidar com as dimensões emocionais que emergem nesses contextos. A pesquisa revelou que os enfermeiros têm se empenhado em melhorar sua comunicação e estabelecer relações mais empáticas com os pacientes, o que, por sua vez, impacta positivamente na recuperação destes. A literatura acadêmica também aponta que o vínculo estabelecido entre enfermeiro e paciente contribui para a redução de sentimentos de ansiedade e medo, proporcionando um ambiente mais seguro e confiável para o paciente, o que pode resultar em melhor adesão ao tratamento e recuperação mais eficaz.
Conclui-se que, apesar dos desafios enfrentados na implementação da humanização em UTIs, as evidências apontam para a eficácia das estratégias adotadas pelos profissionais de enfermagem, como a comunicação eficaz e a criação de um ambiente acolhedor. Além disso, a integração das práticas humanizadas com a tecnologia e a institucionalização de políticas de humanização são apontadas como essenciais para a melhoria do atendimento. Como afirmam os estudiosos da área, a humanização não deve ser apenas uma responsabilidade individual, mas sim um compromisso coletivo dentro das UTIs, envolvendo tanto a equipe de enfermagem quanto a gestão hospitalar. A humanização deve ser vista como uma estratégia para promover a recuperação física e psicológica dos pacientes, além de proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável e satisfatório para os profissionais de saúde.
07. REFERÊNCIAS
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Como citar esse artigo:
EPAMINONDAS, Ana Karoline Rodrigues; SANTOS, Antonia Adriana Delamarque dos; BRILHANTE, Cássia; DUARTE, Inês Gabrielly Sousa; MOREIRA, Maíra de Castro; CONCEIÇÃO, Natalia da; ALENCAR, Pedro Henrique Rodrigues. A humanização no atendimento de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI): perspectivas e desafios da enfermagem. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v.3, n.1, 2025; p. 225-240-. ISSN 2965976-0 | D.O.I.: doi.org/10.59283/unisv.v3n1.014
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