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Carlos Alberto Alexandre Gabriel Júnior

A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA EM CASOS DE TRAUMATO ORTOPEDIA: LER E DORT

Atualizado: 12 de abr.

THE PHYSIOTHERAPIST’S ACTIVITY IN CASES OF ORTHOPEDIC TRAUMA: READING AND PAIN





Como citar esse artigo:


GABRIEL JÚNIOR, Carlos Alberto Alexandre; VASCONCELOS, Melyssa Karen Marques; MONTEIRO, Renan Samir de Sarges; QUEIROZ, Wesdensbergton Weslley Monteiro. A atuação do fisioterapeuta em casos de traumato ortopedia: LER e DORT. Revista QUALYACADEMICS. Editora UNISV; v. 2, n. 2, 2024; p. 34-46. ISBN: 978-65-85898-47-8 - DOI: doi.org/10.59283/ebk-978-65-85898-47-8



Autores:



Carlos Alberto Alexandre Gabriel Júnior

Graduando em Fisioterapia pelo Instituto Macapaense do Melhor ensino superior- IMMES – contato: carlosgabriel.fisio@gmail.com  


Melyssa Karen Marques Vasconcelos

Graduanda em Fisioterapia pelo Instituto Macapaense do Melhor Ensino Superior- IMMES – Contato: melyssakarenmv@gmail.com 


Renan Samir de Sarges Monteiro

Graduando em Fisioterapia pelo Instituto Macapaense do Melhor Ensino Superior- IMMES – Contato: rsamir578@gmail.com 


Wesdensbergton Weslley Monteiro Queiroz

Professor e Orientador do Curso de Bacharel em Fisioterapia do Instituto Macapaense do Melhor Ensino Superior- IMMES – Contato: wm.queiroz@hotmail.com 


RESUMO


Este artigo examina a atuação do fisioterapeuta em casos de traumato-ortopedia, focando especificamente nas Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT). Através de uma abordagem clínica, o estudo analisa os fatores etiológicos dessas condições e os modelos explicativos atualmente aceitos. O objetivo geral é descrever as LER/DORT e destacar os benefícios das intervenções fisioterapêuticas no tratamento dessas afecções. Para alcançar tal objetivo, foi realizada uma revisão bibliográfica, consultando artigos e pesquisas científicas nas bases de dados Google Acadêmico e SciELO. A pesquisa evidencia o papel significativo do fisioterapeuta na elaboração de estratégias para o enfrentamento de conflitos na Previdência Social, nas empresas e no âmbito familiar e social. A justificativa para este estudo reside na importância da fisioterapia nas intervenções conservadoras para as DORT, que incluem alívio da dor e reabilitação, sublinhando a necessidade de estratégias preventivas nas organizações para evitar tais patologias ocupacionais. Os principais achados reforçam que, além do tratamento eficaz, a fisioterapia preventiva emerge como uma ferramenta crucial para minimizar a incidência de LER/DORT, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.


Palavras-chave: Ler; Dort; Fisioterapia; Tratamento; Prevenção.

 

ABSTRACT

 

This article examines the role of the physiotherapist in orthopedic trauma cases, specifically focusing on Repetitive Strain Injuries (RSI) and Work-Related Musculoskeletal Disorders (WMSDs). Through a clinical approach, the study analyzes the etiological factors of these conditions and the currently accepted explanatory models. The overall objective is to describe RSI/WMSDs and highlight the benefits of physiotherapeutic interventions in treating these conditions. To achieve this goal, a literature review was conducted, consulting articles and scientific research in the Google Scholar and SciELO databases. The research underscores the significant role of the physiotherapist in developing strategies to address conflicts in Social Security, within companies, and in the family and social environment. The justification for this study lies in the importance of physiotherapy in conservative interventions for WMSDs, which include pain relief and rehabilitation, emphasizing the need for preventive strategies in organizations to avoid such occupational pathologies. The main findings reinforce that, in addition to effective treatment, preventive physiotherapy emerges as a crucial tool to minimize the incidence of RSI/WMSDs, promoting a healthier and more productive work environment.


Keywords: RSI; WMSDs; Physiotherapy; Treatment; Prevention.



1. INTRODUÇÃO

 

As lesões por esforços repetitivos ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) são uma das principais causas de problemas de saúde do trabalhador, decorrentes de mudanças no local de trabalho, principalmente de novos modelos organizacionais e de gestão (BRASIL, 2001). As lesões por esforços repetitivos apresentam diversas causas, sendo fundamental analisar os fatores de risco envolvidos, tanto direta quanto indiretamente. Pesquisas indicam que diversos fatores podem contribuir para a ocorrência de LER no trabalho, incluindo movimentos repetitivos, má postura, esforço físico, invariabilidade de tarefas e pressão mecânica (MENDES, 1995).


Este trabalho de pesquisa aborda um tema de grande relevância para o meio acadêmico: a atuação do fisioterapeuta em casos de trauma ortopédico relacionados a LER e DORT. A temática será explorada, descrevendo como o fisioterapeuta atua em casos de traumato-ortopedia, especificamente em casos de LER e DORT, considerando a ampla abrangência dessa área de atuação. Serão abordados alguns casos de grande relevância e mais comuns no contexto clínico do fisioterapeuta.


Nos capítulos seguintes, descreveremos esses casos mais comuns de forma detalhada, elaborando tratamentos e meios preventivos. Por último, selecionamos um caso muito popular: os casos de DORT e LER, analisando e descrevendo como ocorre, como o fisioterapeuta atua na prevenção e no tratamento daqueles que já sofrem com esse tipo de lesão.


O estudo tem por objetivo conhecer e apresentar uma revisão bibliográfica das principais patologias e recursos fisioterapêuticos utilizados na fisioterapia traumato-ortopédica no âmbito dos casos de LER e DORT.


Além disso, esta pesquisa utilizará uma metodologia de revisão bibliográfica sobre a atuação do fisioterapeuta nas patologias de LER e DORT. As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados acadêmicos: Scielo, Google Acadêmico, Bireme e Medline, em uma abordagem mais integral do processo saúde-doença no processo de recuperação e reabilitação dos pacientes portadores desta patologia, em relação à funcionalidade e ao processo de retorno ao trabalho.

 

2. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

 

2.1 A ETIOPATOGENIA DE LER E DORT

 

Segundo Moraes e Bastos (2017), há o uso simultâneo dos termos LER e DORT na literatura brasileira, resultando na sigla LER/DORT, que não são sinônimos. Os indivíduos podem sentir dor durante a execução de tarefas no trabalho, o que pode estar ligado a uma variedade de fatores, como estresse psicológico, fatores organizacionais e biomecânicos.


A primeira descrição de LER/DORT foi feita em 1973, no XII Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, onde foram apresentados casos de tenossinovite ocupacional em lavadeiras, faxineiras e engomadeiras. Foi sugerido que pausas no trabalho fossem observadas entre aqueles que trabalhavam intensamente com as mãos (BRASIL, 2003; MONTEIRO, 1998).


Durante a década de 1980, notou-se um aumento significativo nas tendências entre os bancários e funcionários da Reserva Federal, cuja tarefa principal era a digitalização. Observou-se que aspectos da organização do trabalho, como excesso de tarefas e sistemas de incentivos e metas, causavam desgaste físico e psicológico. O Ministério da Previdência Social, ao denominar a condição como "tenossinovite do digitador", aceitou a mobilização de trabalhadores do setor de processamento de dados para o reconhecimento desse tipo de adoecimento (COUTO, MAENO; WUNSCH FILHO, 2001).


Em 1986, o diretor do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) emitiu a Circular 501.001.55-10, orientando seus supervisores a reconhecerem a tenossinovite como lesão ocupacional em atividades repetitivas (BRASIL, 1987). Após um ano, o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) publicou a Portaria 4062/87 (BRASIL, 1987), a qual, além de considerar a tenossinovite do digitador como resultado de esforço repetido, peculiar não apenas à atividade do digitador mas também a outras categorias, como datilógrafos, pianistas ou outros profissionais que exercitassem os movimentos repetitivos do punho, admitia também que a síndrome seria resultante de condições especiais ou adversas em que o trabalho fosse realizado, podendo, desta forma, ser incluída no dispositivo do parágrafo 3°, do artigo 2°, da Lei 6367/76 (BRASIL, 1976), configurando-a como Doença do Trabalho.


Mas somente no final da década de 1990 as lesões por esforço repetitivo (LER) foram classificadas como doença relacionada ao trabalho (BRASIL, 1990). Em 5 de agosto de 1998, a Diretoria de Previdência Social do INSS emitiu o Despacho (OS) 606, aprovando nova Norma Técnica utilizando o termo DORT, mantendo o termo LER como referência histórico-bibliográfica (BRASIL, 1998). Essa mudança resultou de uma discussão entre vários setores da sociedade (profissionais de saúde, sindicatos e acadêmicos) sobre o processo de adoecimento, utilizando psicologia social, epidemiologia e ergonomia (VERTHEIN; MINAYO GOMEZ, 2000a; VERTHEIN; MINAYO-GOMEZ, 2000b).


O que antes era considerado uma doença específica da profissão na década de 1990, com o advento da tecnologia da informação, agora afeta trabalhadores de diversas áreas, incluindo a bancária, enfermagem (BRASIL, 2012), construção civil, produção, costura, serviços gerais e auxiliares. A patologia de LER/DORT constitui um grupo de doenças crônicas não transmissíveis que afetam o sistema musculoesquelético, caracterizando-se pela ocorrência de múltiplos sintomas, concomitantes ou não, que aparecem repentinamente na parte superior do corpo, como dor, parestesia, perda de força e fadiga (BRASIL, 2002).


Não existe uma causa única para ocorrências de LER/DORT. Fatores psicológicos, biológicos e sociológicos contribuem para o desenvolvimento desses transtornos. Inicialmente, as LER/DORT foram identificadas principalmente como decorrentes das condições de trabalho. Com o aumento explosivo da incidência em diversas categorias profissionais, surgiram novas explicações. Na Austrália, essa transformação levou a questionamentos sobre a sua relação com o trabalho, levando a explicações psicológicas e biológicas para o transtorno, ou a sua 'psiquiatrização' (VERTHEIN & MINAYO-GOMES, 2001).


Os autores reconhecem que é difícil prever quais os fatores, sejam eles psicológicos, sociológicos ou biológicos, que têm um papel na formação destas disparidades. Além disso, determinam como esses fatores interagem e suas respectivas responsabilidades. Porém, ainda existem abordagens parciais que não examinam a integração dos fatores apresentados, resultando em distorções significativas no diagnóstico, tratamento e prevenção, causando danos às pessoas com essas deficiências (ARAÚJO et al., 1998; SETTIMI et al., 2000). Nesta discussão, seguindo as orientações de Lima (1998; 2000), abordamos três perspectivas ao conceito de LER/DORT: a biológica, a psicológica e a sociológica.

A visão biológica centra-se nas características físicas e biomecânicas dos indivíduos e do seu trabalho, determinando a natureza da LER/DORT sem considerar aspectos subjetivos e sociais. Esta é a visão mais comumente aceita entre os profissionais de saúde, reconhecendo lesões musculares, tendinosas ou nervosas causadas por movimentos repetitivos, força excessiva, movimentos rápidos ou uma combinação desses fatores. A questão é que muitas vezes não existem sintomas específicos que definam a doença, levando a interpretações que negam a distinção e sugerem simulação (MARTIN & BAMMER, 1997).

 

2.2 OS FATORES DE RISCO MAIS COMUNS DE LER E DORT

 

As causas da LER/DORT são multifatoriais. O uso excessivo do sistema musculoesquelético sem tempo de recuperação adequado (BRASIL, 2012; BRASIL, 2019) acarreta riscos biomecânicos, como equipamentos, acessórios, ferramentas e mobilidade inadequados, posturas forçadas, esforço e força excessivos na execução de tarefas e sobrecarga.


Outros fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de LER/DORT incluem fatores ambientais, como trabalho em espaços confinados ou exposição a ruídos que causam irritação e desconforto, afetando as fibras musculares e causando contrações involuntárias (ASSUNÇÃO; ABREU, 2017).


A fisiopatologia do LER/DORT envolve estruturas como ligamentos, cápsulas sinoviais, tendões, músculos, fáscias e nervos que estão próximos às articulações. Os tendões sofrem tensão e estresse de compressão devido à função dos músculos, ossos e ligamentos. Deformidades teciduais excessivas, obstruções ou diminuição do fluxo sanguíneo podem levar à diminuição do suporte nutricional ao tecido, resultando em alterações fisiológicas (SANTOS, 2003).


Os fatores de risco mais citados nos estudos são as diferenças de gênero, uma vez que as mulheres têm maior probabilidade de desenvolver doenças ocupacionais, baixa escolaridade e baixa renda mensal. Apesar de realizarem tarefas que exigem menos força física, as mulheres têm maior probabilidade de desenvolver doenças ocupacionais devido à desvalorização social (LEOLATTO, BREHMER, MIRANDA, 2013).


Outro fator que contribui para o elevado número de mulheres atingidas pela LER/DORT é a jornada dupla de trabalho. Em sociedades majoritariamente machistas, as mulheres ainda são responsáveis por tarefas domésticas desgastantes, repetitivas e estressantes, e não proporcionam condições ergonômicas adequadas, apesar de compartilharem com os homens o papel de prover o sustento familiar. Os profissionais prestam serviços básicos de saúde às mulheres com diversos horários de trabalho diariamente (VARELA, 2004).

 

2.2.1 Quadro clínico

 

Essas dores são caracterizadas por uma variedade de sintomas (concomitantes ou não), como dor, parestesia, sensação de peso e perda muscular. Esses sintomas aparecem principalmente na região do pescoço e escapular, mas também podem ser observados nas membranas dos músculos inferiores (MMII) e no cólon, levando ao comprometimento de diversas estruturas, como músculos, tendões, cartilagens e articulações (BRASIL, 2012; ASSUNÇÃO, ABREU, 2017).

 

2.3 COMO O FISIOTERAPEUTA ATUA NA PATALOGIA DE DORT E LER TRATAMENTO E PREVENÇÃO

 

Quanto ao tratamento, Mendes (2008) enfatiza a importância da fisioterapia na reabilitação e tratamento dos pacientes com LER/DORT, afirmando que o tratamento não deve focar apenas nos aspectos clínicos, mas também incluir o preparo para o retorno ao trabalho e orientação sobre a melhor forma de fazê-lo.


Segundo Mendes (2008) o tratamento e a prevenção desses transtornos requerem uma abordagem multidisciplinar que aborde simultaneamente aspectos físicos, emocionais, sociais, legais e relacionados ao trabalho. O terapeuta deve colaborar com outros profissionais da área. O fisioterapeuta avalia a extensão da lesão e diagnostica as causas subjacentes da LER/DORT, identificando quais movimentos ou posturas estão contribuindo para a doença e ajudando a determinar o melhor plano de tratamento. O fisioterapeuta tem como objetivo proporcionar um acompanhamento contínuo.


Especificamente, o fisioterapeuta avalia a extensão da lesão e diagnostica as causas subjacentes da LER/DORT, identificando conjuntamente quais movimentos ou posturas estão contribuindo para a condição e ajudando a determinar o melhor plano de tratamento. Uma vez que busca oferecer um acompanhamento contínuo ao paciente para monitorar o progresso, ajustar o plano de tratamento conforme necessário e garantir uma recuperação bem-sucedida, levando em consideração todos os fatores e as subjetividades de cada indivíduo, como afirmado por Mendes e Lancman (2010), o profissional fisioterapeuta é de fundamental importância para uma avaliação contínua do quadro clínico e para ajustes e mudanças de técnicas ao decorrer do tratamento do trabalhador acometido.


Segundo Augusto (2008), Mendes e Lancman (2010), o papel que o fisioterapeuta desempenha é extremamente importante e requer cautela, pois, ao cuidar de um paciente com LER/DORT, o fisioterapeuta deve equilibrar os sentimentos subjetivos do paciente sobre a condição com os objetivos do tratamento. Considerando que as posições dos fisioterapeutas sobre a doença e o paciente podem influenciar nas técnicas de encaminhamento da fisioterapêutica, é imprescindível compreender e examinar se possível uma associação dessas retratações com a prática clínica.


Diante disso, Mendes (2008) também relata que o fisioterapeuta pode empregar uma ampla gama de atividades, ações e técnicas para desenvolver um programa de exercícios terapêuticos baseado na identificação dos motivos das limitações funcionais, bem como de quaisquer deficiências que o paciente possa apresentar. Conforme mencionado anteriormente, cada paciente possui características subjetivas únicas e o tratamento deve ser adaptado para atender às necessidades de cada indivíduo, pois os aspectos mencionados até o momento são muito significativos no plano de tratamento dos pacientes com LER/DORT.


Os estudos de revisão literária desta pesquisa trataram as estratégias de prevenção de maneira incipiente. O que aconteceu principalmente é a definição da responsabilidade do setor saúde na atenção às enfermidades ocupacionais. Particularmente na área de atenção básica à saúde, as ações assistenciais externas para a saúde do trabalhador ainda não estão completamente integradas às rotinas dos serviços de saúde. Assim como a facilitação de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção básica deve retomar às medidas de promoção da saúde e prevenção de agravos, incluindo a saúde dos trabalhadores (LIMA, 2005).


A gravidade e a extensão das lesões LER/DORT fazem delas uma alta prioridade na vigilância da saúde do trabalhador, com o objetivo de proporcionar e implementar ações de conhecimento e reabilitação no local de trabalho. Como dito anteriormente, um fisioterapeuta pode ajudar a identificar casos comuns nas comunidades e treinar outros profissionais sobre doenças ocupacionais. É fundamental incluir organizações de classe e movimentos sociais interessados na saúde do trabalhador na luta por uma assistência de qualidade e, principalmente, na prevenção de doenças ocupacionais (LIMA, 2015).


O principal fator na prevenção de doenças ocupacionais é proporcionar um ambiente seguro aos trabalhadores, incluindo ergonomia, pausas para trabalho e descanso, redução do ritmo de trabalho, diversificação de tarefas e redução da carga horária, entre outros aspectos. Sem desconsiderar o processo de educação em saúde a ser desenvolvido, é importante criar oportunidades para a troca de saberes, tanto populares quanto técnicos, entre trabalhadores e profissionais, evitando a verticalização da assistência e a dificuldade de adesão, e promovendo a autonomia individual nas suas condições de vida (NEVES, 2009).


Conforme anteriormente comentado, a preocupação emergente é visível na saúde dos trabalhadores, demonstrada pelo desenvolvimento de especializações para diferentes profissionais da área da saúde nesta área específica do conhecimento, com o objetivo de promover a prevenção do surgimento de doenças ocupacionais, entre elas LER/DORT. É importante destacar a responsabilidade que todos os profissionais assumem na resposta às demandas do mundo do trabalho. A equipe de trabalho em saúde precisa adicionar contato para a saúde dos colaboradores em suas agendas (LEOLATTO, BREHMER, MIRANDA, 2013).

 

2.3.1 Tratamento Ler e Dort

 

Hoje é reconhecido que a abordagem multidisciplinar é a mais recomendada para o tratamento de LER/DORT; no entanto, a abordagem fisioterapêutica é a primeira e, na maioria das vezes, a única intervenção para o tratamento da LER/DORT. Isso geralmente acontece por meio do uso de laserterapia, hidroterapia, acupuntura, cinematerapia e outros métodos utilizados com o objetivo de controlar os sintomas e tratar os pacientes de maneira confortável (MENDES; NASCIMENTO, 2017; LANCMAN, 2010).


A cinesioterapia é um tratamento baseado no movimento, sendo utilizados diversos tipos de atividade motora para tratar enfermidades. Baseia-se nos conceitos de anatomia, fisiologia e biomecânica para oferecer ao paciente um tratamento de prevenção, cura e reabilitação mais eficiente e eficaz. Seu principal objetivo é manter ou desenvolver a livre circulação para os fins pretendidos. Seus efeitos baseiam-se no desenvolvimento, evolução, restauração e manutenção da força, resistência à fadiga, mobilidade e flexibilidade, relaxamento e coordenação motora (KISNER; COLBY, 2016). É um recurso que pode ser utilizado tanto individual quanto coletivamente. Para evitar distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho e para recuperar a amplitude de movimento, os alongamentos são essenciais. Eles também podem prevenir ou restaurar já com o início dos sintomas dolorosos (de MEDEIROS, 2012; BOSI, 2018; NASCIMENTO et al., 2017).

 

3. CONCLUSÃO

 

Em conclusão, esta pesquisa possibilitou analisar e perceber que a atuação da fisioterapia no tratamento de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) é extremamente importante para alcançar a melhora da qualidade de vida dos trabalhadores. Isso se deve ao papel do fisioterapeuta, que abrange desde a prevenção dessas lesões até o tratamento e a reabilitação do indivíduo para o retorno ao trabalho, destacando-se que a fisioterapia no ambiente de trabalho é indispensável.


Esta revisão bibliográfica identificou avanços na saúde no local de trabalho. Entre estes, podemos citar as especializações e pós-graduações na área, bem como as contribuições que muitas profissões podem oferecer por meio de um trabalho interdisciplinar, mesmo sem formação específica. Contudo, ainda há muito a ser discutido neste campo. O modelo LER/DORT criou um problema crescente de saúde pública ao se concentrar nos sintomas dos pacientes e ao depender de profissionais biomédicos, resultando em um acesso limitado a cuidados de saúde abrangentes.


Com isso, ao se utilizar uma abordagem multidisciplinar, o fisioterapeuta é o profissional que avalia, toma medidas preventivas e trata a LER/DORT, ressaltando que cada caso deve ser avaliado e tratado individualmente. O tratamento do paciente varia muito, necessitando de acompanhamento contínuo por um profissional de fisioterapia.


4. REFERÊNCIAS


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